Publicado em 30 de novembro de 2025 às 12:00
Mesmo três décadas após o acidente que interrompeu precocemente a trajetória dos Mamonas Assassinas, a irreverência e a força musical do grupo continuam vivas - e em diálogo com novas gerações. O tempo não apagou o impacto de uma banda que, em pouco mais de um ano de sucesso, redefiniu os limites do humor na música popular brasileira e transformou o absurdo em um retrato espirituoso da cultura dos anos 1990. Está é uma das três reportagens do "Especial Mamonas, 30 Anos".>
Segundo dados do Spotify, 66% do público que ouve Mamonas Assassinas atualmente tem menos de 34 anos - ou seja, trata-se de uma audiência que era criança, ou sequer havia nascido, quando o grupo dominava as rádios e a televisão. É um dado revelador: os Mamonas não pertencem apenas à nostalgia dos noventistas mas ocupam um espaço ativo na escuta digital contemporânea. As três cidades que mais ouvem o grupo no streaming são Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.>
Um levantamento do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) feito com exclusividade para A Gazeta/HZ confirma essa vitalidade. As cinco músicas mais ouvidas do grupo nos últimos anos são “Pelados em Santos” (Dinho), “Vira-Vira”, “Chopis Centis”, “Robocop Gay” e “Lá Vem o Alemão”, todas compostas por Dinho e Júlio Rasec. Já entre as mais regravadas aparecem “Pelados em Santos”, “Robocop Gay”, “Chopis Centis”, “Vira-Vira” e “1406” - um repertório que combina sátira, crítica social e um humor que ainda provoca risos, mesmo em tempos de filtros e cancelamentos.>
O vocalista Dinho deixou 28 obras musicais e 57 gravações cadastradas no banco de dados do ECAD. O álbum homônimo dos Mamonas, lançado em 1995 pela EMI, reúne apenas 14 faixas - o que indica que uma parte significativa da produção autoral do grupo permanece inédita ou restrita a registros informais. Antes da fama, os integrantes atuavam sob o nome Utopia, fase em que lançaram um único disco e poucos registros em vídeo - raridades que já prenunciavam a virada criativa e o humor debochado que consagrariam os Mamonas.>
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Pela legislação de direitos autorais, as composições assinadas por Dinho e seus parceiros permanecem protegidas por 70 anos após a morte dos autores, garantindo aos herdeiros o direito sobre a exploração das obras. Essa longevidade jurídica reforça também a permanência simbólica do grupo, cuja influência ultrapassa o campo musical e ecoa em memes, programas de TV e releituras nas redes sociais.>
A seguir, confira a lista completa das músicas mais ouvidas e das mais regravadas dos Mamonas Assassinas, segundo o ECAD nos últimos 5 anos nos principais segmentos de execução pública (Rádio, Sonorização Ambiental, Casas de Festa e Diversão, Carnaval, Festa Junina, Show e Música ao Vivo).>
Trinta anos depois, enquanto números, gráficos e levantamentos reafirmam a força dos Mamonas Assassinas. É a memória afetiva e sua capacidade de atravessar o tempo, o que dá sentido a essa permanência. Entre risos que ainda ecoam e refrãos que não envelhecem, a banda segue encontrando novas rotas para existir, ora nas plataformas digitais, ora nas vozes de quem descobre o grupo pela primeira vez. Talvez aí resida o verdadeiro milagre dos Mamonas: transformar um legado interrompido em movimento contínuo, capaz de sobreviver ao silêncio, às décadas e às mudanças culturais. No fim, cada play é também um gesto de celebração, forma de garantir que aquele humor tão brasileiro, continue iluminando gerações que não se cansam de ouvir, rir... e recomeçar. >
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