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Botafogo não tem mais caixa único com o Lyon e prevê receita bilionária

Botafogo não tem mais caixa único com o Lyon e prevê receita bilionária

Dinheiro da venda de Thiago Almada ao Atlético de Madrid vai unicamente para o cofre do Botafogo

Publicado em 16 de julho de 2025 às 14:58

John Textor afirmou ter provas de que jogos do Brasileirão foram manipulados
John Textor, dirigente do Botafogo Crédito: Jorge Rodrigues/AGIF/Folhapress

Para onde vai o dinheiro da venda de Thiago Almada ao Atlético de Madrid? A resposta óbvia passou a ser verdadeira: para o cofre do Botafogo. Na dinâmica anterior, de um caixa único da Eagle Football (a rede multiclubes de John Textor, que também envolvia o dinheiro do Lyon), agora não vale mais. De todo modo, a projeção da diretoria é superar a marca do bilhão em receitas em 2025. Muito por causa da venda de jogadores.

As mudanças no clube francês tiveram um impacto direto na forma com a qual os recursos do Botafogo são administrados. John Textor saiu do cotidiano do Lyon, não toma mais decisões estratégicas por lá. Agora, o poder do boss e a grana que envolver o Botafogo vão ficar por aqui.

Na França, o Lyon precisou fazer o esforço de mostrar aos órgãos de controle que não ficaria com caixa negativo na temporada. Por isso, teve o rebaixamento revertido. O investimento dos proprietários e da nova presidente, Michele Kang, foi decisivo. Segundo o UOL apurou, 2025 já vai marcar a mudança na dinâmica do caixa do Botafogo. É por isso que vendas recentes, como a de Thiago Almada, não só serão contabilizadas como receitas alvinegras, mas também terão efeito caixa no balanço.

Por outro lado, o clube perde a tranquilidade de contar com um colchão da rede de clubes para cobrir despesas emergenciais. Já aconteceu de dinheiro "do Lyon" na Eagle bancar salários do elenco do Botafogo e também contratações alvinegras. A vinda do zagueiro Jair, no começo do ano, teve esse suporte. O Botafogo vai caminhar com as próprias pernas, segundo quem está na gestão da SAF.

O discurso é que o alvinegro já conseguiu se consolidar em uma prateleira financeira que o permitirá fazer a roda girar sem passar tanto perrengue. A operação foi deficitária em 2022 e 2023. No primeiro ano, R$ 248 milhões. No segundo, R$ 101 milhões. Os números de 2024 ainda não estão públicos, já que o balanço do clube não foi divulgado.

Ainda sem esse documento na rua, o Botafogo aponta que teve R$ 719 milhões de receita bruta ano passado, quando ganhou Brasileirão e Libertadores. Ainda é preciso verificar o ritmo de despesas para ver o resultado contábil. Em 2025, por causa da venda de jogadores e da participação no Mundial de Clubes, a SAF estima que vai chegar perto das receitas de Palmeiras e Flamengo. Uma projeção de R$ 1,2 bilhão de arrecadação bruta no ano.

Negociações como as de Almada, Luiz Henrique, Jair, Igor Jesus e Gregore ajudam a reforçar o discurso. Aqui, é importante relembrar: caixa e receitas brutas são coisas diferentes. Por exemplo, se eu vendi um jogador, a receita é computada completamente no ano em questão. Mas o efeito caixa depende do fluxo de pagamentos acordado com o clube comprador.

Mas o clube tem dívidas na praça. O próprio Almada é razão de uma pendência com o Atlanta United. O Botafogo não pagou um centavo sequer ao time dos Estados Unidos. A dívida já virou processo na Fifa. A cobrança é de US$ 21 milhões (R$ 116 milhões). O clube prevê, pelo andamento do processo, que precisará pagar ainda este ano esse valor, por completo. Ao mesmo tempo que empurra a dívida para o futuro, sabe que precisa se programar para essa "paulada" no caixa.

Segundo o jornalista Fabrizio Romano, o valor da dívida com o Atlanta é quase o valor que o Atlético de Madri pagará pelos 50% dos direitos econômicos do meia argentino, que estava emprestado ao Lyon. A negociação está estimada em 21 milhões de euros (R$ 135 milhões), sem contar bônus.

O pagamento ao Botafogo será parcelado. Qual efeito no caixa? O clube brasileiro estima que receberá um terço do valor da venda ainda em 2025. O endividamento do Botafogo na praça faz alguns clubes tomarem precauções na hora de vender jogadores. O Vélez Sarsfield, por exemplo, exigiu uma parcela à vista para garantir que veria algum dinheiro de imediato na negociação envolvendo Montoro.

Para conseguir se autossustentar, o Botafogo aponta que reduziu a folha salarial ao longo deste ano. A reformulação fez muita gente do banco de reservas sair do clube. A folha que era de R$ 23 milhões por mês baixou para R$ 19 milhões, segundo gente do alto escalão do clube. A relação com o Lyon não está completamente desligada. Pelo vínculo da família de Textor, os clubes tiveram "empréstimos" feitos um com o outro ao longo do tempo.

 O Lyon tem dinheiro a repassar para o Botafogo e vice-versa. O nome técnico para isso é cash pooling, a gestão centralizada da tesouraria. Quem trabalha no lado brasileiro aponta que o saldo a receber pelo alvinegro atualmente é maior e isso ajuda a deixar a operação dos últimos anos praticamente zerada. Embora o clube tenha acumulado déficits operacionais desde que Textor chegou. De qualquer forma, é preciso esperar os documentos oficiais para ter um retrato mais próximo ao real do que é e pode ser o cenário financeiro do Botafogo.

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