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Morre Zagallo, o maior vencedor das Copas do Mundo, aos 92 anos

Morre Zagallo, o maior vencedor das Copas do Mundo, aos 92 anos

Ele conquistou quatro vezes a competição mundial entre seleções, disputada desde 1930: duas como jogador (Suécia-1958 e Chile-1962), uma como treinador (México-1970) e uma como auxiliar técnico (EUA-1994)

Publicado em 6 de janeiro de 2024 às 08:16

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Mario Jorge Lobo Zagallo era um supersticioso: sua relação com o número 13, intensa, celebrizou-o. Julgava-se um homem de sorte, a qual considerava uma aliada e que, tinha certeza, agiu para que ele iniciasse, em 1958, a caminhada que o tornaria o maior campeão das Copas do Mundo de futebol.

O ícone do esporte mundial morreu na madrugada deste sábado (6), aos 92 anos. A informação foi confirmada em uma nota publicada nas redes sociais do ex-jogador

"É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo. Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa", diz o texto.

Ainda não há informações sobre a causa da morte.

Zagallo
Zagallo conquistou competição mundial como jogador e como técnico. (Lucas Figueiredo/CBF)

Zagallo conquistou quatro vezes a principal competição mundial entre seleções, disputada desde 1930: duas como jogador (Suécia-1958 e Chile-1962), uma como treinador (México-1970) e uma como auxiliar técnico (EUA-1994).

Além dele, somente o alemão Franz Beckenbauer (Alemanha-1974 e Itália-1990) e o francês Didier Deschamps (França-1998 e Rússia-2018) ganharam a Copa como jogador e técnico.

O jogador Zagallo vestiu 37 vezes a camisa da seleção brasileira (com 30 vitórias, quatro empates e três derrotas) e marcou quatro gols. Como técnico do Brasil, foram 154 partidas (110 vitórias, 33 empates, 11 derrotas e a famosa frase "Vocês vão ter que me engolir!"). Os dados são da Fifa.

Nos clubes, em 35 anos de carreira, dirigiu, entre outros, Botafogo, Vasco, Fluminense e Portuguesa. Encerrou a trajetória de treinador em 2001, no Flamengo.

Zagallo nasceu em Maceió (AL), só que logo a família mudou-se para o Rio, onde foi criado. Seu primeiro clube foi o América, do qual era sócio. Defendeu a cor vermelha da agremiação nas equipes de base de futebol e de tênis de mesa, modalidade em que tinha habilidade acima da média.

Passou a atuar pelo Flamengo no início dos anos 1950, e lá seu futebol aflorou, sob o comando do técnico paraguaio Fleitas Solich. Pelo time rubro-negro, sagrou-se tricampeão estadual (1953-1955). À época, dividia-se entre o esporte e os estudos. Formou-se técnico em contabilidade.

Em 1958, foi pré-convocado para a Copa da Suécia - não havia defendido a seleção antes desse ano. Tinha a dura concorrência de Pepe, dono de potente chute, e de Canhoteiro, exímio driblador.

Para Zagallo, seu inovador estilo tático, que o distinguia dos pontas-esquerdas tradicionais, foi um trunfo que contribuiu para que ficasse com uma vaga.

Diferentemente dos colegas de posição, ele recuava para auxiliar na marcação quando o time não tinha a posse da bola. Considerava-se um jogador-maratonista, pois corria e se movimentava do apito inicial ao final.

Forma peculiar de jogar que, contudo, não lhe tirava o papel de azarão. Sendo assim, contou com o circunstancial para figurar entre os 22 da seleção.

Relata que problemas bucais, "de gengiva, de dente", impediram tanto Pepe quanto Canhoteiro de enfrentar o Paraguai, no Maracanã, em maio, a um mês da Copa. "Ganhei essa grande oportunidade. Fui escalado, fiz dois gols, ganhamos de 5 a 1. Foi a minha sorte."

Convenceu Vicente Feola, e o treinador cortou Canhoteiro, que vivia fase irregular e, além disso, era considerado baladeiro.

Zagallo falou em sorte para ir à sua primeira Copa. Pois, para estar entre os 11 da seleção, foi novamente agraciado por ela.

Pepe, em grande forma, foi vítima de uma jogada violenta em amistoso na Itália, pouco antes do embarque para a Suécia, que o deixaria fora de ação para a primeira fase do Mundial.

Nos gramados suecos, vestindo a camisa 7, Zagallo jogou do primeiro ao último minuto dos seis jogos da inédita conquista. Fez um gol nesse Mundial, o quarto do Brasil na final contra os anfitriões (5 a 2).

Campeão do mundo ao lado de Pelé, Garrincha, Didi, Gilmar e companhia, Zagallo, cujo vínculo contratual com o Flamengo se encerrara, teve em mãos uma oferta milionária do Palmeiras. Recusou porque sua mulher, Alcina, funcionária pública, não podia ser transferida para São Paulo. Transferiu-se então para o Botafogo, cuja proposta salarial era superior à da equipe da Gávea.

Valorizado, prosseguiu prestigiado na seleção e foi novamente titular no Mundial seguinte. Pepe, mais uma vez, assistiu do banco de reservas a uma Copa.

No Chile, Zagallo fez o primeiro gol da seleção de Aymoré Moreira na partida de estreia do Brasil, 2 a 0 no México. Como na Suécia, atuou todo o tempo em todas as seis partidas, dessa vez com a camisa 21, faturando o bi na final contra a Tchecoslováquia (3 a 1).

Zagallo jogou até 1965, quando pendurou as chuteiras. Decidiu continuar próximo das quatro linhas e assumiu o cargo de técnico do Botafogo, obtendo sucesso quase imediato, com as conquistas dos Estaduais de 1967 e 1968 e da Taça Brasil de 1968.

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