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Que fim levou o caso da médica vítima do primeiro feminicídio em Cachoeiro?

Que fim levou o caso da médica vítima do primeiro feminicídio em Cachoeiro?

A pediatra Clícia Regina Alcântara, de 48 anos, foi agredida e asfixiada pelo marido, o empresário Inácio Gabriel Peruche, no dia 1º de maio de 2015

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 12:35

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Clícia Regina Alcântara foi morta pelo marido, o empresário Inácio Gabriel Peruche, de 45 anos. (Montagem | Gazeta Online)

"A pena da pessoa que matou a minha mãe foi pouca". Este é o desabafo da estudante de Administração Amanda Alcântara, de 21 anos, filha da médica pediatra Clícia Regina Alcântara, de 48 anos, assassinada pelo marido, o empresário Inácio Gabriel Peruche, no dia 1º de maio de 2015, em Cachoeiro de Itapemirim. Nesta sexta-feira (14), quando o assassinato da médica Milena Gottardi completa um ano, o Gazeta Online relembra o 1º caso de feminicídio em Cachoeiro após a aprovação da lei que tipifica o crime. O assassinato chocou os moradores do Sul do Estado.

Clícia foi morta durante uma briga dentro do apartamento do casal no bairro Amarelo. Na ocasião, a delegada Edilma de Oliveira, responsável pelo inquérito, contou que o empresário confessou o crime. “Ele afirma que discutiam, mas houve uma briga mais grave no dia. Ela teria dito coisas que ele não gostou. Eles entraram em luta corporal e ele bateu na cabeça dela com uma balança de ferro. Depois que ela estava no chão ensanguentada, ele a estrangulou”.

Na época, Amanda, filha do primeiro casamento de Clícia, tinha 18 anos. A médica também deixou outro filho, atualmente com 25 anos. A estudante afirma que, para ela, a justiça não foi feita. "Ele pegou apenas 15 anos de prisão e sabemos que ele não ficará isso tudo lá dentro. É triste saber que essa é a realidade da justiça brasileira. O pior é olhar na TV e na internet que os casos de feminicídio só aumentam no Brasil, e as pessoas que cometem tal crime não pagam da forma que deveriam”, desabafou Amanda.

Para a estudante, as leis deveriam ser mais severas. “A justiça deveria ser mais severa em relação aos casos de feminicídio. Na verdade, em qualquer ato criminoso que seja feito contra as mulheres. Nós, os familiares da vítima, que sofremos ainda mais, pois perdemos alguém que amamos, de forma brutal, como o caso da minha mãe, que apanhou e foi asfixiada até a morte, e o culpado não tem o que realmente merece”.

ACUSADO FOI CONDENADO EM 2016

Logo após o crime, Inácio Gabriel fugiu e chegou a ligar para um amigo contando que havia agredido Clícia. Ele se escondeu em um motel no município de Piúma, no Litoral Sul, mas se apresentou na Delegacia de Defesa da Mulher três dias depois. Ele foi preso, pois já estava com um mandado de prisão em aberto.

O julgamento ocorreu no dia 15 de junho de 2016, um ano e um mês após o crime, no Fórum Desembargador Horta de Araújo, em Cachoeiro de Itapemirim. Inácio Gabriel foi condenado a 15 anos de prisão pelo crime. O acusado, que é natural de Jaguaré, estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) do município, mas os advogados pediram a transferência para o Norte do Estado, onde continua preso, na Penitenciária Regional de São Mateus.

PRIMEIRO FEMINICÍDIO EM CACHOEIRO

O caso foi o primeiro feminicídio registrado no município após a aprovação da lei, que foi sancionada em março do mesmo ano. A médica foi brutalmente assassinada na madrugada de sexta-feira, 1º de maio de 2015, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. Clícia Regina Alcântara foi agredida fisicamente, principalmente na região da cabeça.

Os militares tiveram de arrombar a porta para entrar no apartamento. No local, havia estilhaços de vidro pelo chão. O marido fugiu logo após revelar o que havia feito. O acusado pegou o carro e dirigiu sem destino e se hospedou em um motel de Piúma, sozinho. De lá, ele contratou um advogado e decidiu se apresentar.

A Justiça já havia concedido mandado de prisão temporária, de 30 dias, contra o marido. A morte da médica, segundo a perícia realizada, foi por asfixia. O laudo também apontou que havia marcas de agressão na cabeça, nos braços e mãos. Após depoimento, o mandado de prisão foi cumprido e ele foi detido. Inácio Gabriel Peruchi, que era réu primário, foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim.

VÍTIMA NUNCA DENUNCIOU O MARIDO À POLÍCIA

O casal estava junto havia oito anos. Na ocasião, segundo o pai da vítima, Calmon Gomes, Inácio Gabriel Peruchi, "era bravo, não violento". De acordo com a delegada Edilma de Oliveira, a vítima nunca havia se queixado do marido na polícia.

FORMAÇÃO

Clícia se formou em 1992, na Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), em Vitória. Em seguida, ela fez residência em pediatria no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória. Na época do crime, a médica atuava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Infantil São Francisco de Assis de Cachoeiro de Itapemirim

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