Repórter / [email protected]
Publicado em 29 de junho de 2023 às 18:49
A procuradora-geral de Justiça, Luciana Andrade, confirmou que a criação de 778 cargos efetivos no Ministério Público do Espírito Santo (MPES), aprovada pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo e sancionada pelo governador Renato Casagrande, tem como principal objetivo atender às exigências dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à proporcionalidade entre cargos efetivos e comissionados no órgão capixaba. >
Com esses novos cargos criados, o MPES passa a ter 71,3% do total de vagas destinadas a servidores efetivos. >
Desde fevereiro deste ano, o plenário do Supremo formou maioria para considerar inconstitucional a legislação que criou, em 2019, 307 cargos comissionados no MPES, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5934. Até o momento, sete ministros do STF entenderam que o total de cargos em comissão, que são de livre nomeação e exoneração, é desproporcional ao de efetivos, os quais precisam ser aprovados em concurso público. Um oitavo ministro votou para que o Ministério Público observe a proporção de 70% dos cargos efetivos e 30% de comissionados.>
Embora a votação no STF ainda esteja em andamento e haja divergência sobre o prazo para a adaptação às exigências, que vai de um a dois anos, a chefe do MPES ressaltou que, independentemente da conclusão da Suprema Corte, "o Ministério Público já quis resolver a questão" e apelou para a máxima utilizada em questões processuais: "Decisão judicial não se discute, se cumpre.">
>
Luciana Andrade
Procuradora-geral do Ministério Público do Espírito Santo (MPES)Luciana Andrade destacou que toda a discussão realizada no Colégio de Procuradores do MPES, antes do envio dos projetos à Assembleia Legislativa, teve como base o indicativo dos votos dos ministros do Supremo que já se manifestaram. Ela especificou o ponto destacado pelo ministro Nunes Marques, que votou para que seja respeitada a proporção de 30% do total de cargos comissionados e 70% de efetivos. O entendimento dele foi apresentado em sessão virtual encerrada no dia 2 de junho. Mas um pedido de vista do ministro Luiz Fux suspendeu novamente o julgamento da ADI no STF.>
A respeito da agilidade na votação e sanção dos projetos do MPES, a procuradora-geral de Justiça atribuiu ao fato de que o assunto "foi muito dialogado dentro do Colégio de Procuradores e quando chegou à Assembleia ele foi bastante claro, por si só". Luciana Andrade também mencionou as boas relações institucionais com a Assembleia e com o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), assim como a reunião com as lideranças parlamentares no Legislativo estadual, o que permitiu que ela explicasse detalhadamente as propostas.>
Indagada em relação ao quantitativo de cargos criados, a chefe do MPES confirmou que o número é para atender as exigências do Supremo. Mas garantiu que houve estudo detalhado sobre as necessidades do órgão no futuro e o impacto financeiro das medidas. >
"A maior parte são cargos que não existiam antes. Fizemos uma profunda reestruturação. Não foram criados cargos aleatoriamente, só para fazer número. Estamos pensando no Ministério Público do futuro. O STF falou que tem que melhorar o equilíbrio (entre efetivos e comissionados), mas não temos todos os comissionados providos", argumenta a procuradora-geral.>
Com a publicação da Lei 11.849/2023 na quarta-feira (28), a proporção entre efetivos e comissionados no Ministério Público sofreu uma mudança significativa. Antes da nova lei, eram 517 efetivos e 511 cargos em comissão, o que representava 50,3% contra 49,7%, respectivamente. Após a aprovação da norma, o número de servidores que precisam de concurso para ingressar no MPES passou para 1.295 (71,3% do total), enquanto o total de cargos de livre nomeação foi para 519 (28,7%). >
Confira abaixo todos os números sobre os cargos existentes, ocupados e vagos no Ministério Público Estadual:>
Com os 778 novos cargos efetivos e outros 76 já existentes vagos, o Ministério Público se prepara para organizar concurso público para ingresso dos novos servidores. Mesmo que haja mais de 850 vagas previstas na estrutura do órgão, é quase certo que nem todas serão ofertadas de imediato. A administração da instituição precisará fazer um estudo sobre a quantidade de vagas a ser oferecida, segundo a procuradora-geral de Justiça.>
"A próxima etapa é promovermos os estudos para a realização do concurso, porque os efetivos só podem entrar dessa forma. A partir da publicação do edital do concurso, já se vai ter uma previsão de quanto se espera contratar, tudo com muita responsabilidade. Temos 81 unidades organizacionais em todo o Estado. Vamos precisar ter pessoal porque a demanda só cresce", adianta Luciana.>
Ainda segundo a chefe do MPES, a expectativa é de que o concurso seja realizado até o final da sua gestão, que se encerra em maio de 2024. Antes da abertura do processo seletivo, o Ministério Público vai implementar outras mudanças aprovadas, como itens previstos na Lei 11.849/2023 que tratam do plano de carreira dos servidores, e alguns dispositivos da Lei Orgânica que foram alterados pela Lei Complementar 1.047/2023, incluindo ampliação da licença-paternidade, alteração de gratificações pagas aos promotores e mudança no fundo especial do órgão.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta