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Mantido no cargo, prefeito de Itapemirim pode enfrentar outra CPI

Mantido no cargo, prefeito de Itapemirim pode enfrentar outra CPI

Thiago Peçanha credita movimento dos vereadores da oposição ao deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM). O demista preferiu não se manifestar a respeito

Publicado em 27 de maio de 2019 às 18:02

 - Atualizado há 6 anos

Prefeitura de Itapemirim: decisão da Justiça manteve o prefeito interino no cargo Crédito: IMAGEM/TVGAZETA

Itapemirim amanheceu, nesta segunda-feira (27), com dois prefeitos afastados – Luciano Paiva (PSB), pela Justiça, e o interino Thiago Peçanha (PSDB), pela Câmara. Outro estava empossado como chefe do Executivo pelo Legislativo: o próprio presidente da Casa, Mariel Delfino Amaro (PCdoB).

Ainda pela manhã, a 1ª Vara Cível da cidade pôs fim, por ora, à confusão. O juiz Leonardo de Augusto Vieira Rangel, em decisão liminar (provisória), suspendeu o decreto legislativo sobre o afastamento de Peçanha e determinou a recondução imediata dele ao cargo. O prefeito, na verdade, nem havia deixado o posto, pois considerava, de antemão, como ilegal o posicionamento da Câmara da última sexta-feira.

Mas isso não quer dizer que a calmaria chegou à cidade litorânea rica em royalties do petróleo. Em nota, para o Gazeta Online, Thiago Peçanha afirma que quem está por trás da tentativa de destituí-lo é o deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM).

"Toda essa delinquência política foi orquestrada pelo deputado estadual Theodorico Ferraço, em favor de sua esposa pré-candidata a prefeita Norma Ayub. O deputado é o grande ator da instabilidade no município, produzindo fake news, denúncias falsas e interferência em processos usando as mãos de vereadores aliados”, diz o texto assinado por Peçanha, sem explicitar como se daria a ação do deputado.

Procurado pela reportagem, Theodorico preferiu não se manifestar.

CPI

O afastamento de Peçanha foi definido pela Câmara por um placar de 6 a 5 no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Consórcio Intermunicipal da Saúde. Para os vereadores, ele poderia interferir nas investigações se permanecesse no cargo.

O juiz, no entanto, evocou posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) para estabelecer que não há previsão legal para o ato da Câmara Municipal. Ao Legislativo não cabe "por deliberação de processo político-administrativo, a possibilidade de afastar, cautelarmente, o prefeito do exercício de suas funções".

Este já era, também, o entendimento de advogados consultados pela reportagem, exemplificando que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), por exemplo, não foi afastado do cargo nem mesmo ao enfrentar um processo de impeachment. O paralelo com a União não vale neste caso.

Thiago Peçanha é prefeito interino do município de Itapemirim Crédito: Facebook Thiago Peçanha

OUTRA CPI À VISTA

Mas se a Justiça impediu o afastamento de Peçanha, a CPI continua. E outra deve ser aberta. De acordo com o vereador Rogério Rocha (PCdoB), na sessão ordinária desta terça-feira (28), começa a tramitar o pedido de abertura da CPI da JRN, em referência à empresa responsável pelas obras do terminal pesqueiro de Itapemirim. O vereador diz que a obra começou com projeção de custar R$ 40 milhões e já está indo para quase R$ 100 milhões. "E na outra terça-feira (04) ela (a CPI da JRN) é instalada também", prevê Rocha.

Ele diz respeitar a decisão judicial desta segunda, mas a Câmara vai recorrer. "Neste município o Legislativo não é respeitado. Nós respeitamos a decisão do Judiciário. Mas somos, muitas vezes, impedidos de exercer nossa função de legislar e fiscalizar. A cidade está triste diante dessa decisão. A população espera ser libertada da corrupção", afirma.

Após a nota em que Thiago Peçanha diz que os vereadores são "usados" por Theodorico, ele não atendeu novamente a reportagem. O presidente da Câmara também não deu retorno.

Thiago Peçanha foi eleito vice-prefeito em 2016. O prefeito, Luciano Paiva, foi afastado pela Justiça. O tucano então assumiu o Executivo municipal em abril de 2017.

CONFIRA A NOTA DE THIAGO PEÇANHA:

"A Justiça anulou a fraude legislativa produzida por delinquência política. Inventaram um afastamento pela Câmara que não tem base legal, sem previsão na legislação. A jurisprudência é pacífica nesse sentido.

Essa fraude legislativa não foi um ataque ao prefeito: foi um ataque covarde ao município de Itapemirim e ao Estado de Direito.

Houve uma ruptura institucional, que produziu caos e instabilidade por mera delinquência política. A imagem do município foi atingida injustamente perante o Espírito Santo.

A Justiça mostrou qual é o lado certo da história, quem respeita as leis e quem não respeita.

A nossa decisão de não reconhecer essa fraude legislativa foi um ato de proteção do município. É nosso dever zelar e proteger a cidade, à luz da constituição e do Estado de Direito.

Não respondemos a nenhum processo, somos ficha limpa. A oposição tentou fazer o que não conseguiu através de uma série de denúncias falsas contra nossa gestão, todas arquivadas pelo MP, Polícia e Justiça.

Só que isso foi longe demais e merece nomes e responsabilizações.

Toda essa delinquência política foi orquestrada pelo deputado estadual Theodorico Ferraço, em favor de sua esposa pré candidata à prefeita Norma Ayub. O deputado é o grande ator da instabilidade no município, produzindo fake news, denúncias falsas e interferência em processos usando as mãos de vereadores aliados. O deputado foi inclusive citado de forma juvenil no ato ilegal da Câmara anulado pela justiça.

Nesse contexto, o município ajuizará as devidas ações de improbidade e criminais contra os responsáveis pelo caos e danos à imagem do município, inclusive gastos de dinheiro público pela Câmara nos atos anulados.

O deputado estadual Theodorico Ferraço e demais envolvidos serão processados pelo município com base nas provas já colhidas.

THIAGO PEÇANHA LOPES

Prefeito de Itapemirim-ES"

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