Publicado em 11 de março de 2020 às 06:00
Em meio a um clima não muito amistoso para o governo na Assembleia Legislativa, inclusive com alguns movimentos mais radicais entre deputados da oposição, o Executivo demorou mais que o esperado para enviar dois importantes projetos prometidos para este início de ano. >
O primeiro, que trata da reforma da Previdência dos militares, foi lido nesta terça-feira (10) na Casa. O outro projeto é o que irá alterar a forma de distribuição de ICMS do Estado para os municípios, beneficiando as prefeituras que tiverem os melhores índices na educação. Este ainda não chegou ao Legislativo.>
O governador Renato Casagrande (PSB) já havia tratado sobre os dois projetos com os deputados desde o dia 4 de fevereiro, em um café da manhã realizado com os parlamentares no Palácio Anchieta, e anunciado que os textos seguiriam para a Casa após poucos dias. No caso da previdência dos militares, a meta era enviá-lo ainda em fevereiro, para incluir a nova contribuição previdenciária até março. >
No entanto, as negociações salariais que foram tratadas com os profissionais da segurança pública, até o final do mês passado, deixaram as discussões sobre o novo sistema de aposentadoria em segundo plano. >
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Na Assembleia, o ambiente ainda oscila. Nesta segunda-feira (10), o deputado Capitão Assumção (PSL) apresentou um pedido de impeachment contra o governador, sob o fundamento de que ele não compareceu à Assembleia no prazo legal para responder a questionamentos dos parlamentares. >
Na sessão do dia, contudo, os deputados mantiveram sete vetos do Executivo, que constavam na pauta. Ou seja, na hora da votação, Casagrande tem maioria, apesar do barulho da oposição.>
O governo já tinha chegado a realizar duas reuniões de sua equipe de secretários com as associações que representam os policiais militares, para discutir o novo texto. >
De acordo com o presidente da Associação dos Oficiais Militares do ES (Assomes), Marcos Aurélio Capita, as questões mais complexas a serem definidas eram principalmente quanto à criação do novo modelo de Previdência, que vai retirar os policiais militares do sistema em que estão todos os servidores estaduais. O Executivo precisava delimitar se esse sistema seria gerido pelo IPAJM ou não, e se o regime será de repartição, capitalização solidária ou outra forma. >
Marcos Aurélio Capita
Presidente da Associação dos Oficiais Militares do ES (Assomes)Entre as principais mudanças trazidas pelo texto da reforma está a exigência de 25 anos de atividade policial para se aposentar. Esse tempo sobe gradualmente (4 meses a cada ano) a partir de janeiro de 2021 até atingir 30 anos. O Estado não tinha regra nesse sentido. Com o adiamento, ela passa a valer a partir de 2022, já exigindo os 30 anos de atividade na função. O tempo de contribuição mínimo, de 35 anos, já era praticado no Estado. >
Quanto à alíquota de contribuição, pela nova lei, o desconto dos militares da ativa vai passar de 11% para 10,5% neste primeiro momento. Já os militares da reserva, atualmente, só contribuem sobre o valor que ultrapassa o teto do INSS, que é de R$ 5.839,45. Com a mudança, eles passarão a pagar sobre o total dos rendimentos. A mesma regra vai valer para os pensionistas.>
O Projeto de Lei Complementar enviado à Assembleia também trata das regras de transição, cria o Fundo de Proteção Social dos Militares (FPS), e prevê que a gestão dos benefícios será desempenhada pelo IPAJM. Para isso, será necessária uma adequação na estrutura do Instituto, que vai necessitar da criação de cargos, com impacto financeiro previsto de R$ 477,9 mil em 2020, R$ 596,4 mil em 2021 e R$ 620,3 mil em 2022. >
O líder do governo, deputado Freitas (PSB), já protocolou um requerimento de urgência para o projeto ser votado. Por se tratar de lei complementar, ele vai passar por votação nominal e precisa da aprovação de mais da metade dos deputados, ou seja, 16. A reportagem não conseguiu contato com o deputado. >
O projeto que vai alterar a distribuição de ICMS para os municípios foi anunciado por Casagrande no final de dezembro, ao podcast Papo de Colunista. O texto ainda não apareceu no Legislativo. >
O Estado distribui para os municípios 25% do ICMS que arrecada. A repartição hoje considera vários itens, como a área do município, número de propriedades rurais, produção agropecuária, gastos, gestão e consórcio de saúde.>
Segundo o governador, a ideia é colocar o critério da Educação como o mais importante entre eles, premiando aqueles municípios que melhorarem mais os seus índices. A medição seria feita pela Secretaria de Educação, alterando o critério a partir de 2021, na gestão dos novos prefeitos. >
O presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), Gilson Daniel, afirmou que o governo já apresentou a proposta para os prefeitos e o projeto está adiantado. "O diálogo está permanente, e concordamos com esta alteração do critério, para ir de acordo com o que o Estado prioriza. Possivelmente vai alterar a forma como a distribuição está hoje, e alguns vão perder. Mas é um incentivo para investirem na educação", destacou. >
O governo do Estado foi procurado para se manifestar, mas informou, por meio da assessoria, que tem a expetativa que o projeto da previdência dos militares já seja votado nesta quarta-feira (11). Quanto ao projeto que altera o ICMS dos municípios, informou que o texto ainda está em tramitação interna, e em breve será encaminhado para a Casa. >
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