Publicado em 5 de setembro de 2019 às 13:25
- Atualizado há 6 anos
Pressionado pela repercussão negativa de ataque pessoal à ex-presidente do Chile Michele Bachelet e após recuar sobre revisão do teto de gastos, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se recusou, na manhã desta quinta-feira (5), a falar com a imprensa na saída do Palácio do Alvorada.>
Bolsonaro atende jornalistas quase diariamente, pela manhã, quando deixa a residência oficial. Em frente ao Alvorada, também faz selfies e recebe afagos de apoiadores.>
O presidente justificou a recusa ao afirmar que a imprensa não havia destacado ações do governo feitas no dia anterior (quarta-feira, 4). "Atenção. Ontem estive em Goiânia o evento, na verdade, foi em Anápolis recebendo o KC-390, orgulho da empresa aeronáutica brasileira. Nem uma linha foi publicada na capa dos jornais. À tarde criamos atenção para mães do zika vírus. Como vocês só querem notícia ruim, vão arranjar em outro lugar, não vai ser comigo." Após a fala, Bolsonaro foi aplaudido por apoiadores, aos brados de "mito, mito, mito...", e seguiu ao Palácio do Planalto.>
TETO DE GASTOS>
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Minutos antes de se recusar a falar com a imprensa, Bolsonaro havia recuado sobre revisão do teto de gastos. "Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlântico", escreveu o presidente nas redes sociais. "Devemos sim reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios", completou.>
O teto proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação. No dia anterior, no entanto, Bolsonaro havia dado aval à proposta de mudança na regra. Ele orientou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a elaborar estudos para que ajustes sejam propostos ao Congresso, segundo o porta-voz da Presidência, o general Otávio Rêgo Barros.>
O presidente foi pessoalmente ao Ministério da Economia conversar com o ministro Paulo Guedes sobre o assunto. O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a Junta de Execução Orçamentária (JEO) havia discutido mudanças no teto por pressão da Casa Civil e dos militares, mas Guedes rejeitou propor alterações.>
CHILE>
Além de recuo sobre o teto, o presidente foi criticado na quarta-feira pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera, tido como aliado. Piñera condenou as declarações feitas pelo presidente brasileiro sobre a ex-presidente chilena Michelle Bachelet e seu pai, Alberto Bachelet, vítima da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).>
"Não compartilho a alusão feita pelo presidente Bolsonaro a uma ex-presidente do Chile e, especialmente, num assunto tão doloroso quanto a morte de seu pai", disse Piñera em pronunciamento no Palácio de La Moneda.>
Bolsonaro afirmou na quarta Michele Bachelet, atual comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas estava "defendendo direitos humanos de vagabundos". Ele também atacou o pai da ex-presidente do Chile, morto durante a ditadura militar chilena em decorrência de torturas sofridas no cárcere.>
"Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Acho que não preciso falar mais nada para ela. Parece que quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para cadeira de direitos humanos da ONU. Passar bem, dona Michelle", disse o presidente.>
Alberto Bachelet foi um brigadeiro-general chileno da Força Aérea do Chile que se opôs ao golpe de 1973 do general Augusto Pinochet. Ele foi preso e submetido a tortura por vários meses até sua morte, em 1974.>
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