Publicado em 29 de julho de 2019 às 23:44
- Atualizado há 6 anos
O presidente Jair Bolsonaro decidiu não esvaziar a Comissão de Ética Pública da Presidência da República, o que impediria que ela recomendasse a exoneração de servidores da cúpula da administração federal por eventuais desvios de conduta.>
Após repercussão negativa da medida, que foi revelada pela Folha de S.Paulo, Bolsonaro se reunirá nesta terça-feira (30) com os integrantes do colegiado federal e para afirmar que não haverá mudanças nem nas funções nem nas punições aplicadas pelo órgão presidencial.>
A alteração fazia parte de um estudo em curso na CGU (Controladoria-Geral da União), que preparava uma reestruturação do sistema de prevenção à corrupção no governo.>
"A ideia do presidente é cumprimentar os integrantes da comissão e garantir que não haverá mudança ou interferência do governo", disse à Folha o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira.>
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O plano que vinha sendo discutido era desidratar a comissão presidencial, que perderia a função de coordenar e supervisionar os demais órgãos de análise de denúncias por violações éticas e conflitos de interesse praticados por servidores federais.>
Com a mudança, o papel passaria para a CGU, que se tornaria uma superpasta, exercendo influência sobre centenas de comissões de ética espalhadas por ministérios, secretarias, autarquias e até universidades.>
O atual presidente da Comissão de Ética, Paulo Henrique Lucon, considerou que o órgão federal precisa ser imparcial e, para isso, desvinculado de qualquer ministério.>
"Essa proposta tem de ser feita com muito cuidado, porque isso importaria no esvaziamento de uma comissão que existe há 20 anos. Isso representaria um tremendo retrocesso", afirmou, na época.>
Para o ex-presidente do órgão federal Mauro Menezes, sob a retórica da moralização, o atual governo tem subvertido o princípio da impessoalidade, violando fronteiras entre público e privado.>
"A comissão sempre representou a voz da sociedade, preconizando um juízo ético sob garantias constitucionais e agora não pode se calar", disse.>
Segundo ele, são preocupantes na atual gestão blindagens de autoridades do governo e interferências de familiares do presidente que, mesmo sem cargos, têm poder de mando.>
"Convém lembrar que a violação ética é a antessala da corrupção", disse.>
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