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Anistia de Casagrande não atinge PMs que foram expulsos após greve

Anistia de Casagrande não atinge PMs que foram expulsos após greve

Segundo o governador, a proposta vai contemplar todos aqueles que tiveram, no movimento grevista, a única ressalva na carreira policial

Publicado em 5 de janeiro de 2019 às 03:32

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Casagrande passa a tropa da Polícia Militar em revista. (Carlos Alberto Silva)

O governador Renato Casagrande (PSB) afirmou, nesta sexta-feira (4), que encaminhará à Assembleia Legislativa, ainda em janeiro, um projeto para anistiar os policiais militares que respondem a processos administrativos abertos por conta de participação na greve de fevereiro de 2017.

O anúncio foi feito em entrevista concedida após a cerimônia de posse do novo comandante-geral da PM, coronel Moacir Leonardo Vieira Barreto Mendonça, realizada no Quartel do Comando Geral. Casagrande disse que o texto está sendo elaborado, mas que a anistia se dará por meio de um programa.

Ainda segundo o governador, a proposta vai contemplar todos aqueles que tiveram, no movimento grevista, a única ressalva na carreira policial.

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O policial que teve envolvimento somente naquela manifestação, com nenhum outro problema na sua vida profissional, terá a oportunidade de ser resgatado

Renato Casagrande (PSB), governador
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O novo chefe do Poder Executivo já declarou que o projeto não abrangeria aqueles que já foram expulsos da corporação.

A ideia de proporcionar uma anistia administrativa aos grevistas foi lançada por Casagrande logo após as eleições. Ele tem dito que tanto o governo anterior quanto os manifestantes cometeram erros. Por isso, defende que o projeto é necessário para "fechar as feridas de 2017".

SIMBOLISMOS

Em razão da memória da greve, a cerimônia desta sexta-feira foi repleta de simbolismos. Na primeira fila de autoridades no palanque, o deputado estadual eleito Capitão Assumção (PSL). Acusado de participar do movimento grevista, ele chegou a ser preso e teve a expulsão determinada pelo Conselho de Correição do Estado.

Casagrande, Ramalho, Jacqueline e o capitão Assumção: cerimônia marcada por simbolismos. (Carlos Alberto Silva)

Assumção ficou separado do agora ex-comandante-geral da PM, coronel Alexandre Ramalho, que combateu a greve, por apenas por uma pessoa, a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB).

"No fatídico episódio de 2017, fomos humilhados, afrontados, ridicularizados e até mesmo ameaçados porque não concordávamos com o abandono da sociedade capixaba. Não baixamos a guarda. Encaramos todos os desafios de peito aberto e cabeça erguida", discursou.

Coronel Ramalho deixou o comando-geral da PM. (Carlos Alberto Silva)

Ramalho fez elogios ao novo comandante, a quem tratou como "amigo", "probo", "camarada" e "inteligente". Também pediu "respeito efetivo" da tropa ao sucessor.

Na cerimônia, Casagrande falou aos policiais militares pela primeira vez desde que tomou posse. Não deixou de criticar o governo anterior ao reclamar que deixou a PM, em 2014, com 10 mil policiais e a recebeu com 8,2 mil.

"Há uma dificuldade a mais com relação ao efetivo para que tenhamos pronta resposta ao enfrentamento da criminalidade. E há uma necessidade de fecharmos a ferida de 2017. Houve erros? Sim. Foram cometidos por todos os lados", disse.

Casagrande e Ramalho trocaram poucas palavras na cerimônia, mas o governador puxou uma salva de palmas para o coronel, pelo trabalho prestado.

VALORIZAÇÃO

Três palavras marcaram a cerimônia de troca de comando: "valorização", "diálogo" e "respeito". Foram diversas vezes mencionadas por Casagrande, pelo novo comandante e pelo futuro secretário de Segurança Pública, Roberto Sá.

Coronel Moacir Barreto, novo comandante-geral da PM. (Carlos Alberto Silva )

Na primeira entrevista após empossado, o coronel Moacir Barreto afirmou que o salário do policial "não está em um patamar bom" e que os PMs precisam ser valorizados.

Ele pretende valorizá-los construindo um diagnóstico "baseado na demanda da tropa e da sociedade". Para isso, pretende "estabelecer um canal de diálogo com toda a tropa". Barreto tratou a polícia não como uma instituição de "soldados e coronéis, mas de policiais militares".

"Vamos trabalhar olhando para aqueles que mais entendem de segurança pública, o policial e a sociedade. São eles que sofrem o dia a dia da violência e são o nosso foco de atenção, nosso foco de ouvir, respeitar e valorizar", disse.

Para Barreto, a greve deixou lições, mas não foi boa para ninguém. Sobre a anistia, disse apenas que, se aprovada, vai cumprir a lei e respeitar os critérios.

Também foi a primeira vez que Roberto Sá falou às tropas capixabas. Em discurso, destacou que começou a carreira na PM do Rio, na década de 1980. Na corporação fluminense, também foi instrutor do Bope. "Nos cursos de operações especiais (...) entreguei o meu corpo e a minha alma. Do soldado mais novo ao coronel mais antigo, contem com a minha vida para construirmos dias melhores", disse aos militares.

Sá, que aguarda liberação da Polícia Federal para ser formalmente nomeado, ainda prometeu aos PMs esforço para "construir um futuro digno" para eles. "Quem protege precisa ser protegido, vamos viver dias melhores", frisou Sá.

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Também em discurso Casagrande disse que quer que a polícia "intimide homicidas". Em entrevista, explicou que isso significa "alcançá-los com a lei".

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