Repórter / jafonso@redegazeta.com.br
Publicado em 9 de maio de 2025 às 09:18
Um professor que dava aulas de informática na Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana, foi preso suspeito de ajudar os detentos a enviar mensagens para os familiares deles. Para realizar esse serviço de "pombo-correio", Leonardo Ribeiro Lira, de 46 anos, recebia um pagamento em dinheiro, de cerca de R$ 500 por carta. O esquema foi desmantelado pela Polícia Penal na última quinta-feira (8).
Conforme boletim de ocorrência, tudo começou quando os setores de Inteligência da Polícia Penal e da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) descobriram que o professor levava recados para fora do presídio. Leonardo, que é servidor público da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) — conforme consta no Portal da Transparência — e contratado temporariamente desde janeiro deste ano, dava aula de informática no presídio.
E era nas aulas que tudo acontecia: o professor confessou aos policiais penais que os detentos digitavam as cartas, ele pegava os arquivos em um pen drive e depois entregava as mensagens para os familiares dos presos. "Identificamos inicialmente em torno de umas seis cartas. É um documento no word, no cabeçalho tem a foto dos presos e embaixo o texto", explicou o diretor de operações da Polícia Penal, Weleson Vieira.
No carro do professor havia três pen drives, um dichavador (item para triturar fumo), uma máquina de lavagem a seco com maconha no interior, duas buchas de haxixe e R$ 1.200. Segundo o próprio suspeito, esse dinheiro era fruto do pagamento dos familiares a ele para a entrega das cartas e também para fornecer cargas de caneta e isqueiros aos presos.
Os policiais penais analisaram os pen drives e encontraram cartas digitadas por pelo menos três detentos. Segundo eles, nelas havia conteúdo criminoso e fotos dos presos, descrevendo com riquezas de detalhes os pedidos de droga, além da ordem para pagamento de valores ao professor para manter o esquema.
"Apesar de o conduzido alegar que é apenas usuário, o teor das cartas e das anotações contidas no caderno, bem como o dinheiro encontrado com ele, comprovam envolvimento para o tráfico de drogas no âmbito prisional", destacaram os policiais no boletim de ocorrência.
O boletim ainda reforça que o suspeito é servidor público contratado pela Sedu e, por isso, tinha acesso autorizado às dependências do presídio. Segundo a Polícia Civil, Leonardo foi autuado em flagrante por corrupção passiva e posse de entorpecentes para consumo próprio. Após os procedimentos de praxe, ele foi encaminhado ao sistema prisional.
Em nota, no final da manhã desta sexta-feira (9), a Sedu disse que "o contrato do professor com a Sedu foi cessado. As investigações seguem à cargo da polícia".
Segundo o diretor de operações da Polícia Penal, o professor não dava aulas só na Penitenciária de Segurança Máxima 1: "Ele dava aulas de Educação Física e Informática também no Feminino de Cariacica, na Penitenciária Agrícola em Viana e no Centro de Detenção Provisória II, há três meses".
Apesar disso, não há indícios de que ele mantinha o esquema em outras unidades. "Vale destacar que os professores são fundamentais para o processo de ressocialização. Não temos nenhum tipo de suspeita de outros professores, a classe está intacta."
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