Um dia comum no plantão de emergência já é naturalmente turbulento para médica cirurgiã Diandria Margotto Bertollo, de 44 anos. Mas na última terça-feira (14) a emoção superou todas as expectativas. Ela foi uma das responsáveis por fazer o parto de urgência da jovem Pâmela Soares, de 23 anos, morta após ser vítima de bala perdida dentro de casa, em Gurigica, Vitória. O bebê chegou a ser retirado com vida, mas morreu na tarde desta quarta-feira (15), enquanto o corpo da mãe era enterrado. Para a profissional, é frustrante ver duas vidas ceifadas pela violência.
De acordo com Diandria que atua como médica cirurgiã há cerca de 20 anos no atendimento de emergência mesmo acostumada a presenciar todo tipo de urgência, foi um dos mais emocionantes casos em que já atuou.
A MORTE
Pâmela não resistiu ao ferimento de bala e, para Diandria, ficou o sentimento de frustração, mesmo que tenha feito tudo que podia para salvar a vida da moça.
A partir daí, surgiu o segundo desafio: checar se o bebê que a jovem esperava, a quem chamaria de Laura, tinha batimento cardíaco fetal.
Mas a médica explica que uma criança prematura requer muitos cuidados. No caso de Laura, que perdeu a mãe enquanto ainda estava na barriga, a situação era ainda mais grave. A menina teve duas paradas cardíacas.
EMOÇÃO
A médica conta que naquele dia saiu do hospital com um misto de sentimentos: tristeza pela morte de Pâmela e felicidade em ver Laura ainda viva. Ela conta que mesmo após anos de estudos e preparação para enfrentar esse tipo de situação, é impossível não se emocionar. Ao entrar no carro para ir para casa, ela desabou e chorou sozinha.
TRISTEZA
Ao saber nesta quarta-feira que a pequena Laura não resistiu, Diandria lamentou profundamente.
Quando a gente faz medicina quer salvar vidas e dar bem estar. Infelizmente nem sempre a gente consegue. Fica uma frustração. A gente gostaria de ouvir que a criança sobreviveu, que ela seria a luz dessa família que já perdeu um ente querido. Ficamos tristes, lamentamos muito, mas eu digo de todo o meu coração que nós tentamos o que podíamos, lamentou.
Choca ver um bebê ainda na barriga sendo vítima de violência. Não estamos habituados a esse tipo de situação. É uma perda de valores, famílias inteiras morando em áreas de risco, onde falta de tudo, inclusive segurança. A própria Pâmela já havia mostrado desejo de ir para um lugar mais seguro. Isso me deixa ainda mais arrasada", finalizou a médica.
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