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Publicado em 31 de outubro de 2023 às 15:05
Mesmo depois de morto, o comerciante chinês Weiming Li, assassinado durante assalto na Serra, continuou sendo vítima de criminosos: um hacker, associado a uma gerente de banco, tirou cerca de R$ 600 mil da conta bancária do estrangeiro. A polícia descobriu o esquema e ainda identificou outras duas pessoas, responsáveis pela lavagem do dinheiro. >
Weiming Li foi morto durante um assalto em Parque Residencial Laranjeiras no dia 10 de julho deste ano. Os bandidos, que eram de uma quadrilha da Bahia especializada em sequestro-relâmpago, cercaram a vítima, que reagiu e acabou baleada. Cinco foram identificados, e três já estão atrás das grades.>
Acontece que, 20 dias após o crime, a polícia percebeu movimentações bancárias na conta do comerciante. Inicialmente, eles pensaram que pudesse ser alguém envolvido no latrocínio, mas chegaram a um hacker de 28 anos, morador de Linhares, no Norte do Espírito Santo. Após morrer, segundo a polícia, o chinês foi vítima de um segundo grupo criminoso. >
"Esse hacker tinha acesso a deep web e pesquisava certidões de óbitos de pessoas, com o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e [o local] onde essa pessoa tinha conta bancária. Com isso ele se associou a uma gerente de um banco e conseguiram retirar da conta do chinês aproximadamente R$ 600 mil", explicou o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic). >
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A gerente, de 39 anos — dos quais oito deles trabalhou no banco —, providenciou para o hacker um cartão bancário e instalou um aplicativo no celular dele. De acordo com as investigações, ele fazia transferências bancárias e chegou sacar parte do dinheiro.>
Gabriel Monteiro
Chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic)As investigações ainda apontaram o envolvimento de dois comerciantes, ambos de 24 anos, que ficaram responsáveis por "lavar" o dinheiro. O hacker foi preso — a polícia não divulgou os nomes dos suspeitos.>
Os três que ainda não foram presos já foram indiciados e vão responder por lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado. A gerente, além desses crimes, vai responder por violação de sigilo funcional.>
O comerciante chinês Weiming Li, morto durante um assalto em julho deste ano, na Serra, foi vítima de uma quadrilha da Bahia especializada em sequestro-relâmpago. O plano inicial dos bandidos, conforme as investigações, era colocar a vítima dentro do veículo e obrigá-la a fazer transferências via Pix. O inquérito do caso foi concluído: cinco envolvidos foram identificados — três foram presos e dois seguem foragidos.>
A polícia começou a desenrolar o caso através do veículo usado pelos criminosos: no dia do crime, eles estavam em um Gol branco e estacionaram atrás do carro da vítima. Lá, eles esperaram por cerca de 20 minutos até que Weiming Li chegou. Os suspeitos abordaram o chinês, mas o comerciante reagiu e foi baleado. Na ocasião, os bandidos só levaram o celular dele.>
As investigações apontaram que o carro tinha vindo da Bahia para o Espírito Santo e depois do crime havia voltado para Itabuna, município baiano. Foi aí que identificaram o primeiro suspeito, o motorista. Era Davi Santos Riba; ele foi preso no dia 16 de agosto e chegou a dizer que só tinha sido contratado por R$ 1.500 para uma "corrida" até o estado capixaba; mas a história não convenceu a polícia.>
A partir dessa prisão, a polícia conseguiu informações sobre os outros envolvidos e chegou até mais três: Yonan Bonfim Santana, o Binho ou Bino, mentor intelectual do latrocínio, e dois irmãos gêmeos identificados como Carlos Jockta de Oliveira (suspeito de ser executor do crime) e Daniel Jockta de Oliveira (suspeito de ser executor e atirador).>
No dia 28 de agosto, Carlos foi capturado em Feu Rosa, na Serra. Dos presos, ele foi o único que não confessou a participação. >
O local onde Carlos foi detido é um ponto chave nessa história. Ele, o irmão Daniel e Bino moraram por um tempo em um sobrado em Feu Rosa. Foi lá que eles conheceram José Carlos de Santana Souza, o Zezinho. José trabalhava na pastelaria do primo de Weiming Li, e conhecia a rotina do comerciante, sabia que às vezes ele saía do estabelecimento com dinheiro. Foi ele, segundo a polícia, quem passou as informações privilegiadas pra a quadrilha baiana.>
Delegado Gianno Trindade
Chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e titular da Delegacia de Segurança Patrimonial (DSP)Agora, dois deles seguem foragidos: Daniel Jockta de Oliveira e Yonan Bonfim Santana, o Binho ou Bino. A polícia pede ajuda com informações através do Disque-Denúncia, pelo telefone 181. >
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