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Em carta, moradora da Piedade relata medo e domínio do tráfico

Em carta, moradora da Piedade relata medo e domínio do tráfico

O bairro ainda vive o luto da execução dos irmãos Ruan Reis, 19 anos, e Damião Reis, 22, mortos com mais de 20 tiros cada um, na madrugada do último domingo

Publicado em 30 de março de 2018 às 19:07

O silêncio imposto por traficantes aos moradores do no morro da Piedade, em Vitória, foi rompido. Uma carta feita por uma mulher que mora há 30 anos na comunidade deixou a mostra como pessoas de bem vivem reféns do medo. No documento, ela pede socorro às autoridades.

”Ficamos muito tristes ao ver famílias sendo agredidas e ameaçadas por bandidos, que aterrorizam a comunidade, com armas apontadas em suas cabeças, colocando medo em pessoas trabalhadoras e do bem (sic)”, descreveu a moradora entre as linhas da folha de caderno.

Carta enviada por moradora do morro da Piedade, em Vitória Crédito: Reprodução
Carta enviada por moradora do morro da Piedade, em Vitória Crédito: Reprodução

O bairro ainda vive o luto da execução dos irmãos Ruan Reis, 19 anos, e Damião Reis, 22, mortos com mais de 20 tiros cada um, na madrugada do último domingo. Os jovens cresceram na comunidade e participavam de projetos sociais.

No dia do crime, quatro criminosos invadiram a casa onde eles moravam e perguntaram “cadê o patrão?”. Ruan disse que não sabia sobre o que falavam, por isso, foi levado pelo grupo. Assim que soube que o irmão havia sido levado, Damião foi atrás de Ruan e ambos foram assassinados.

Segundo a carta, essa é uma história que pode se repetir a qualquer instante enquanto o tráfico continuar a dominando o bairro.

“Com a guerra do tráfico, várias pessoas foram baleadas e mortas na comunidade e nas vizinhas, como Fonte Grande, Moscoso e Piedade. É lamentável saber que dois rapazes que não tinham envolvimento com o tráfico, eram trabalhadores e jovens, foram assassinados. Nos perguntamos todos os dias até quando vamos conviver com tanta violência?”, desabafou no manifesto escrito.

Em outro trecho, ela pontua de onde vem o medo maior: “Ou fazemos o que eles querem ou somos expulsos ou até mesmo mortos, pois não temos escolhas”, destacou.

Ao final dos relatos, a moradora pede um posicionamento da polícia. “Convivemos com o medo, violência e com a amorte todos os dias. Pedimos às autoridades que, por favor, venham olhar por nós, estamos reféns de bandidos”, conclui.

 

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