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Crime premeditado: como sócio tramou assassinato de empresário em Ibiraçu

Crime premeditado: como sócio tramou assassinato de empresário em Ibiraçu

Parceiro de negócio da vítima planejou a morte Elissandro Lopes Siqueira por conta de uma dívida de R$ 100 mil referentes a repasses não feitos de obras executadas pela empresa deles; homicídio ocorreu em janeiro

Publicado em 6 de março de 2024 às 19:01

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Elissandro Lopes Siqueira foi morto com três tiros na cabeça em Ibiraçu
Elissandro Lopes Siqueira foi morto com três tiros na cabeça em Ibiraçu. (Redes sociais)
Mikaella Mozer
Repórter / [email protected]

A morte do empresário Elissandro Lopes Siqueira, de 41 anos, em janeiro deste ano, em Ibiraçu, na região Norte do ES, é repleta de detalhes antes, durante e depois do assassinato. Segundo as investigações da Polícia Civil, o crime foi planejado dias antes pelo sócio dele, de 54 anos, e fez com que a vítima convivesse por dois dias na empresa com o homem que o mataria, apontaram as investigações da Polícia Civil. 

Todos os passos da trama criminosa indicam que, com o assassinato, Marcos, sócio e mandante da morte de Elissandro ficaria com o dinheiro de uma dívida da vítima com o parceiro na empresa. Além disso, a intenção do homem de 54 anos era de que o nome dele não fosse citado nas investigações pelo executor, um jovem de 18 anos, identificado apenas como Kleber. 

Dívida de R$ 100 MIL

Os dois fundaram há três anos uma empresa de pavimentação asfáltica e calçamento de ruas, porém, os valores de três dessas obras não foram repassadas ao mandante do crime pela vítima. O total da dívida seria de R$ 100 mil.  Devido ao prejuízo, Marcos arquitetou como aconteceria a morte do sócio, além de pensar em um álibi que o tirasse do centro das investigações. 

"Ele (Marcos) ficou ressentido, pois foi quem ajudou a empresa a crescer e ser o que é hoje. Como não recebia o dinheiro, ele implantou uma pessoa para matar Elissandro dentro da empresa", afirmou o titular da Delegacia de Polícia (DP) de Ibiraçu, delegado Rodrigo Peçanha.

Álibi: colocou o assassino na empresa

De forma premeditada, Marcos contratou, dois dias antes do crime, um jovem de 18 anos para trabalhar na empresa. O rapaz já conhecia Marcos desde há infância e aceitou a oferta de emprego. Logo ele começou a trabalhar em uma das obras, porém, com a mesma rapidez que começou na empresa, se desentendeu com Elissandro.

Tanto a contratação quanto a briga foram premeditadas pelo sócio para criar um álibi, conforme a PC. "Ele tinha pensado em contratar para fomentar a discussão e em seguida o pedir para matar Elissandro. Assim ficaria que um funcionário matou o patrão pela briga. E não algo planejado", revelou o delegado. 

E assim foi feito, pois após a briga, Marcos foi até o jovem questionando se ele iria deixar a situação do jeito que estava, aproveitando da situação para o chamar para fazer o 'serviço' de matar o empresário, conforme a PC. 

"Ele incentivou dizendo 'você vai deixar isso barato'. No início o de 18 anos não quis, mas o sócio foi atrás oferecendo R$ 5 mil reais, que nem pagou inteiramente", contou Peçanha.

Dia da execução

Em 19 de janeiro, o executor chegou no local da obra com arma em mãos, que foi entregue pelo mandante, atirando três vezes na cabeça de Elissandro. No momento do crime, estavam presentes outros trabalhadores que pediram para ele não atirar, porém, os disparos foram efetuados. Por presenciarem o crime, a suspeita inicial era de morte por discussão com o funcionário, como previa, Marquinhos, apelido do mandante.

Áudio para a mãe do executor

Durante a investigação, a mãe do executor ligou para Marcos questionando porque policiais a informaram que o filho dele havia matado o patrão. Em resposta, o parceiro de empreiteira de Elissandro enviou um áudio (ouça abaixo) com um pedido: 'esquenta não, vai dar tudo certo e não vai dar nada' e em breve pagaria o valor total prometido. 

Descoberta do crime e prisão

Com as investigações, a corporação policial descobriu todo o plano. No dia seguinte ao crime, o sócio mandante buscou o executor, além de o ajudar a fugir para Governador Valadares, em Minas Gerais, onde foi preso na noite desta terça-feira (5). Já Marcos fugiu, mas foi encontrado na casa da namorada no município de Aracruz, no Norte do Estado, com ajuda das câmeras de cerco inteligente. 

Ele era monitorado 24 horas por agentes na sala onde são transmitidas as imagens gravadas pelo cerco. Apesar de não resistir a prisão, ele não confessou o crime. Ambos vão responder por homicídio qualificado, pois mesmo não estando presente quando Elissandro foi assassinado, Marcos entregou a arma para o executor.

Entenda o caso

Elissandro Lopes Siqueira, de 41 anos, morreu após levar três tiros na cabeça em Ibiraçu, no Norte do Espírito Santo, na manhã do dia 19 de janeiro deste ano. Na ocasião, testemunhas contaram que o empresário teria sido baleado por um ex-funcionário, após a demissão. Ele chegou a ser socorrido e deu entrada no pronto-socorro do município, mas não respondeu às tentativas de reanimação da equipe médica da unidade de saúde e foi a óbito.

Por uma rede social, o titular da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Aracruz, delegado Leandro Sperandio, confirmou a morte de Elissandro e informou que ele era aracruzense, mas trabalhava em Ibiraçu, município vizinho.

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