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Confundida com olheira do tráfico, mulher foi morta e carbonizada em Aracruz

Confundida com olheira do tráfico, mulher foi morta e carbonizada em Aracruz

Aos policiais, o adolescente apreendido contou que Fabrícia o procurou na noite do dia 31 de março em uma região de ponto de compra e venda de drogas de Barra do Riacho

Publicado em 26 de abril de 2024 às 15:23

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Local onde o corpo de Fabrícia foi encontrado é considerado de difícil acesso
Local onde o corpo de Fabrícia foi encontrado é considerado de difícil acesso. (Divulgação | Sesp)
Mariana Lopes
Repórter / [email protected]

Fabrícia Pires Ramos, que estava desaparecida desde o dia 31 de março após sair com o carro da tia em Coqueiral de Aracruz, no Norte capixaba, foi morta e teve o corpo carbonizado ao ser confundida como olheira do tráfico de drogas. A informação foi divulgada pelo titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz, delegado André Jaretta, e pelo comandante da 3ª Companhia do 5° Batalhão da Polícia Militar, tenente Farias, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (26). Um segundo envolvido no crime também foi preso.  

Em depoimento à polícia, o adolescente de 17 anos, apreendido na tarde de quinta-feira (25) e confessou o crime, informou que desconfiou do tamanho e tipo de entorpecente que Fabrícia havia o pedido. Segundo ele, a vítima teria o procurado na noite do dia 31 de março, no Domingo de Páscoa, com o carro da tia, em uma região de ponto de compra e venda de drogas de Barra do Riacho, em Aracruz, afirmando que desejava comprar entorpecentes. 

De acordo com o delegado André Jaretta, a forma como Fabrícia pediu a droga ao adolescente, em um tamanho específico, que não era comercializada naquele local, gerou desconfiança no menor. 

Aspas de citação

A partir daí, ele [o adolescente] passou a suspeitar que Fabrícia poderia ser olheira de alguma facção rival. Isso o fez presumir que aquilo era motivo suficiente para assassiná-la

André Jaretta
Titular da DHPP de Aracruz
Aspas de citação

Após dizer à Fabrícia que a droga que ela queria não era vendida no local, o adolescente relatou aos policiais que levou a vítima até Vila do Riacho, com a justificativa de que aquele tipo de entorpecente poderia ser encontrado lá. No entanto, o menor a conduziu a um local deserto, em uma estrada de chão que liga Vila do Riacho até Regência (Linhares), onde atirou na cabeça de Fabrícia e a matou. 

Após matá-la, o adolescente tomou posse do carro da vítima. No dia seguinte, ele retornou ao local onde deixou o corpo, o colocou no banco traseiro do automóvel, e o levou para outra região que, de acordo com a polícia, é considerada de difícil acesso. Lá, o menor jogou gasolina no corpo de Fabrícia e ateou fogo. 

Carro foi utilizado pelo suspeito

No dia 1º de abril, um dia após o desaparecimento de Fabrícia, a Polícia Militar recebeu a informação, informalmente, de que a mulher havia saído de Coqueiral de Aracruz com o carro da tia e não havia retornado. A partir desse momento, mesmo antes da família registrar o boletim do desaparecimento junto à Polícia Civil, a PM passou a fazer buscas pela região. 

No dia 2 de abril, durante um patrulhamento da PM em Barra do Riacho, os policiais avistaram um veículo com as mesmas características circulando pela região, com dois homens em seu interior. Segundo o delegado André Jaretta, um dos indivíduos que estavam dentro do carro já era conhecido pelas forças policiais locais pelo envolvimento em tráfico de drogas. 

Por se tratar de um ato suspeito, os militares então começaram o acompanhamento utilizando sinais luminosos e sonoros, mas a ordem de parada não foi obedecida. Durante a fuga, o veículo perdeu o controle e capotou. Os dois ocupantes conseguiram fugir rapidamente por uma região de mata. 

"No entanto, em uma distância razoável, os policiais conseguiram reconhecer um desses ocupantes, que viria a ser o adolescente apreendido. A partir dali, a gente começou a apurar o que estava acontecendo e começamos a trabalhar com a possibilidade de homicídio da vítima", acrescentou o delegado. 

Apreensão após denúncia

O adolescente de 17 anos que havia sido visto dentro do veículo utilizado por Fabrícia foi localizado e apreendido pela Polícia Militar na quinta-feira (25), após uma denúncia anônima. No local, os policiais fizeram um cerco na residência onde ele estava. O menor tentou fugir pelos fundos da casa, mas foi capturado. 

Após ser capturado, o indivíduo confessou o crime e levou os policiais até o local onde se encontrava o corpo de Fabrícia. Lá, ele relatou aos agentes sobre o ocorrido no dia 31 de março. 

Segundo André Jaretta, um exame com luminol confirmou manchas de sangue humano no banco traseiro do carro. O adolescente foi conduzido à delegacia, onde foi ouvido e confessou o crime. Aos policiais, ele relatou que agiu sozinho, no entanto, de acordo com o delegado, as investigações prosseguem para identificar um possível coautor. 

Desaparecida há quase 1 mês

Fabrícia Pires Ramos está desaparecida desde o último domingo (31); ela saiu de carro da casa da tia, em Coqueiral de Aracruz
Fabrícia Pires Ramos estava desaparecida desde o dia 31 de março; ela saiu de carro da casa da tia, em Coqueiral de Aracruz. (Acervo pessoal)

Fabrícia Pires Ramos, de 44 anos, estava desaparecida desde o dia 31 de março, no Domingo de Páscoa, quando saiu de carro da casa da tia, em Coqueiral de Aracruz. De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela família junto à Polícia Civil, Fabrícia saiu com o veículo sem a autorização da tia, que só deu falta do automóvel quando chegou na residência.

O carro utilizado por Fabrícia foi localizado na noite do dia 2 de abril, durante um patrulhamento da PM em Barra do Riacho, também em Aracruz. O veículo havia sido visto com dois indivíduos. 

Em nota enviada à reportagem na época, a PM informou que os dois indivíduos em questão eram um adolescente de 17 anos e outro, que não foi identificado.

"Por se tratar de um veículo que estava em posse de uma mulher desaparecida desde o dia 31 de março, os militares começaram o acompanhamento utilizando sinais luminosos e sonoros, mas a ordem de parada não foi obedecida", informou a corporação.

Ainda de acordo com a PM, os dois suspeitos fugiram em alta velocidade até o momento em que o automóvel capotou em um ponto da rodovia ES 010. Eles fugiram por uma área de mata e não foram localizados.

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