> >
Como funcionava esquema de venda de carne de cavalo na Grande Vitória

Como funcionava esquema de venda de carne de cavalo na Grande Vitória

Animais estavam sendo até furtados de fazendas na zona rural do município do Norte do Estado; dupla foi presa na última terça-feira (21)

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Lucas Gaviorno

Estagiário / [email protected]

Publicado em 23 de outubro de 2025 às 18:42

Carnes transportadas fora das regras da Vigilância Sanitária de Aracruz para a Grande Vitória
Carnes transportadas fora das regras da Vigilância Sanitária de Aracruz para a Grande Vitória Crédito: Divulgação | Polícia Civil

Os 390 quilos de carne de cavalo apreendidos em Fundão são parte de um esquema criminoso. Conforme investigação da Polícia Civil, o produto não era fruto de uma atitude isolada, mas sim recorrente. Tudo começava em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, e chegava em churrasquinhos, restaurantes e açougues de diferentes cidades da Grande Vitória. 

O titular da Delegacia de Polícia de Fundão, delegado Leandro Sperandio, explicou que moradores de Aracruz furtavam ou compravam os animais e vendiam para a dupla, de 24 e 67 anos, presa na terça-feira (21) em posse da carne de cavalo. Em seguida, os dois levavam os bichos até Cupido, zona rural da cidade.

“Em Cupido encontramos, em uma plantação de eucalipto, um cavalo que havia acabado de ser morto e outros 15 animais abatidos, em sua maioria equinos, de forma irregular. Os dois foram presos em flagrante após investigação e monitoramento feito havia alguns dias. Eles confessaram em parte. A dupla tem um conhecimento muito grande em açougue, pela rapidez que eles fizeram o corte dos animais”, disse o delegado.

O abate dos animais acontecia de forma cruel utilizando diferentes objetos para tirar a vida deles. “Matavam dando tiros de arma de fogo, machadadas e facadas no coração. Utilizavam um machado, que era acertado na cabeça. A desova também acontecia na zona rural de Aracruz. O couro do animal era cortado, a carne, os ossos ficavam no local”, detalhou Sperandio.

Com a retirada da carne, os dois então seguiam para outras cidades transportando em veículos protegidos apenas com uma lona. Conforme o titular da DP de Fundão, o carregamento era feito de forma inadequada e contra as normas da Vigilância Sanitária.

Polícia encontra ossada de animais que teriam sido mortos para carne ser vendida de forma irregular
Polícia encontra ossada de animais que teriam sido mortos para a carne ser vendida de forma irregular Crédito: Divulgação | Polícia Civil

Os caminhos percorridos pela dupla levavam a clientes em Jacaraípe e Nova Almeida, na Serra, e alguns bairros de Vila Velha. Além do público em geral, estabelecimentos como restaurantes, açougues e pontos de churrasquinho compravam o produto.

Cavalos furtados de fazendas

Segundo Sperandio, os animais eram furtados de fazendas da região Norte, inclusive, os donos dos terrenos começaram a perceber o sumiço recorrente dos bichos. Apesar de estarem presos os homens de 24 e 67 anos, a polícia acredita que mais pessoas estejam envolvidas.

Essa forma de abate clandestino configura o crime de maus-tratos. Quando a carne é transportada inadequadamente, está configurado o crime contra o consumidor e o crime contra a saúde pública, previsto no Código Penal

Delegado Leandro Sperandio

Titular da Delegacia de Polícia de Fundão

O delegado pediu ajuda da população para denunciar outros integrantes e também casos semelhantes pelo Disque-Denúncia, no telefone 181. “Este crime pode afetar a vida de todos, pois toda a população pode consumir a carne irregular, podendo causar danos irreversíveis”, frisou.

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais