Publicado em 28 de julho de 2019 às 11:34
Um bebê de apenas dois meses está sendo feito refém pelo próprio pai, o ajudante de pedreiro Adilcimar Ribeiro dos Santos, de 42 anos, no bairro Resistência, em Vitória, desde a madrugada deste domingo (28). A residência onde os dois estão fica no Beco América do Sul. O local está isolado pela polícia, chamando a atenção de vários moradores, que acompanham de longe a negociação. >
A mãe do bebê, a dona de casa Lucimara Pereira Falcão, de 44 anos, contou que ela e Adilcimar estão juntos há cerca de um ano. Ela afirma que a briga entre os dois teve início na noite deste sábado (27), quando ela retornou da casa da irmã e do cunhado dela. O ajudante de pedreiro teria ficado nervoso após encontrar com a mulher no caminho que ela fazia da casa da irmã para a casa do cunhado e tê-lo cumprimentado rapidamente. Segundo Lucimara, ele achou que ela o ignorou.>
"No caminho encontrei o Adilcimar voltando do serviço. Ele perguntou se a porta estava aberta e eu respondi que sim. Mas não parei. Ele entendeu que eu não dei atenção a ele. Que saí falando... Aí ele foi beber no bar, voltou para casa umas 21 horas e nós discutimos porque ele se sentiu ignorado por mim mais cedo. Aí ele saiu pra beber de novo. Quando voltou, por volta de 00h, ele me chamou pra abrir o portão. Ele achou ruim que o portão estava fechado. Eu falei que tinha deixado aberto, que ele que fechou o portão ao sair. Ele continuou dizendo que eu que tinha fechado. Eu disse que no dia seguinte a gente conversava, porque ele estava bêbado. Aí ele começou a alterar a voz e gritar", lembra.>
Segundo Lucimara, durante a briga ela disse que não queria mais continuar com o relacionamento. Revoltado, o ajudante de pedreiro pegou uma faca e disse que se ela o abandonasse, ele mataria a filha do casal, de apenas dois meses, e depois se mataria.>
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"Falei que os vizinhos não precisavam escutar aquilo. Que eu não aguentava mais discussão. Falei que daquele jeito não dava mais. Aí ele ficou nervoso e disse: 'Se você me largar, nem eu e nem você fica com a neném'. Ele ainda disse: 'Eu vou acabar com ela aqui. Nem você e nem eu vai ficar com ela'. Eu disse que ele não era doido. Aí ele falou: 'Você quer ver?'. Aí pegou a faca, pegou a menina - que já estava na cama, e começou a ameaçar esfaqueá-la. Ele fazia os gestos como se estivesse furando o bebê. Eu e minha filha de 9 anos, que não é filha dele, entramos em desespero", conta.>
Com medo da reação do marido, a dona de casa pediu que a filha dela, de apenas nove anos, saísse do local. De acordo com Lucimara, o homem fez muitas ameaças ao bebê e depois saiu com a criança no colo pelo bairro.>
"Eu fui pra cima dele e o segurei pela camisa. Ele tirou a minha mão e mandou eu ir embora com a menina de nove anos. Ela estava em desespero, implorou para o padrasto não fazer nada com a irmã mais nova. Então eu mandei que ela saísse e fosse pra casa da irmã mais velha, de 20 anos, que mora aqui perto. Eu não queria que ela visse aquela cena. Ele me empurrou para fora e eu disse que não ia sair sem o bebê. Aí ele disse que iríamos sair juntos e desceu. Foi quando ele saiu de casa com a menina e a faca pela rua. Eu fiquei do lado de fora e logo depois ele retornou, por volta de 1 hora. Aí ele já entrou na casa e se trancou por dentro, sem que eu tivesse tempo de entrar também", lembra.>
DESPEDIDA>
Lucimara contou que enquanto segurava uma faca, Adilcimar pediu que as duas filhas da dona de casa, uma de nove anos e a outra de 20, beijassem a bebê para se despedirem da criança. A irmã mais velha foi até o local depois que a irmã mais nova foi até a casa dela chamá-la para ajudar com a situação.>
A jovem de 20 anos se recusou a obedecer a ordem do padrasto, mas ele insistiu e aproximou o rostinho da bebê na grade. Nesse momento, a irmã mais velha se aproximou, tentou pegar a faca do ajudante de pedreiro, mas ele puxou a arma e ela acabou ferida no dedo.>
Lucimara relata ainda que depois dessa situação, o ajudante de pedreiro subiu para o terraço da residência, ainda com a bebê no colo, e ameaçou jogar a filha. Adilcimar chegou a pendurar a menina pelo pé. Comovidos, moradores da rua se mobilizaram e colocaram colchões e mantas na calçada da casa.>
Uma equipe da Polícia Militar, da Companhia Independente de Missões Especiais (Cimesp) e uma ambulância do Samu estão no local acompanhando a ocorrência. A Polícia Militar segue em negociação com o criminoso. Ele exige que a mulher entre na casa, mas ela segue dentro da residência de uma vizinha aguardando o processo de negociação.>
"Ele chegou a ligar para o meu celular, já que o da minha mãe está dentro da casa. Mas por orientação da polícia nós não atendemos as ligações", contou Paloma. >
BANHO E ALIMENTAÇÃO>
Durante a manhã e o início da tarde, os negociadores convenceram o ajudante de pedreiro aceitar a mamadeira da criança, para que ela fosse alimentada. Foi a própria mãe do bebê que retirou o leite do peito e colocou no recipiente para amamentar a filha.>
Moradores que moram próximo da casa onde o bebê é feito refém contam que o ajudante de pedreiro lavou roupas enquanto fazia a filha refém e deu banho na criança.>
"Daqui a gente consegue ver a movimentação. Vimos quando ele lavou as roupinhas, sempre com o neném no colo. Ele estendeu as roupas normalmente. Depois, pegou a banheira da criança e levou para dentro da casa. Quando retornou, tanto ele quanto a menina estavam com outras roupas. Acreditamos que foi nesse momento que ele deu banho nela. Também acho que ele dormiu por cerca de 1 hora. Porque nesse tempo ele trancou a casa e sumiu", afirma uma moradora, que prefere não se identificar.>
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