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Ajudante de pedreiro faz filho de dois meses refém em Vitória

Ajudante de pedreiro faz filho de dois meses refém em Vitória

A mãe do bebê, uma dona de casa de 44 anos, contou que o marido começou a briga após ela ter saído para visitar a irmã e o cunhado

Publicado em 28 de julho de 2019 às 11:34

Criança é feita refém no bairro Resistência, em Vitória Crédito: Ricardo Medeiros

Um bebê de apenas dois meses está sendo feito refém pelo próprio pai, o ajudante de pedreiro Adilcimar Ribeiro dos Santos, de 42 anos, no bairro Resistência, em Vitória, desde a madrugada deste domingo (28). A residência onde os dois estão fica no Beco América do Sul. O local está isolado pela polícia, chamando a atenção de vários moradores, que acompanham de longe a negociação. 

A mãe do bebê, a dona de casa Lucimara Pereira Falcão, de 44 anos, contou que ela e Adilcimar estão juntos há cerca de um ano. Ela afirma que a briga entre os dois teve início na noite deste sábado (27), quando ela retornou da casa da irmã e do cunhado dela. O ajudante de pedreiro teria ficado nervoso após encontrar com a mulher no caminho que ela fazia da casa da irmã para a casa do cunhado e tê-lo cumprimentado rapidamente. Segundo Lucimara, ele achou que ela o ignorou.

"No caminho encontrei o Adilcimar voltando do serviço. Ele perguntou se a porta estava aberta e eu respondi que sim. Mas não parei. Ele entendeu que eu não dei atenção a ele. Que saí falando... Aí ele foi beber no bar, voltou para casa umas 21 horas e nós discutimos porque ele se sentiu ignorado por mim mais cedo. Aí ele saiu pra beber de novo. Quando voltou, por volta de 00h, ele me chamou pra abrir o portão. Ele achou ruim que o portão estava fechado. Eu falei que tinha deixado aberto, que ele que fechou o portão ao sair. Ele continuou dizendo que eu que tinha fechado. Eu disse que no dia seguinte a gente conversava, porque ele estava bêbado. Aí ele começou a alterar a voz e gritar", lembra.

Segundo Lucimara, durante a briga ela disse que não queria mais continuar com o relacionamento. Revoltado, o ajudante de pedreiro pegou uma faca e disse que se ela o abandonasse, ele mataria a filha do casal, de apenas dois meses, e depois se mataria.

"Falei que os vizinhos não precisavam escutar aquilo. Que eu não aguentava mais discussão. Falei que daquele jeito não dava mais. Aí ele ficou nervoso e disse: 'Se você me largar, nem eu e nem você fica com a neném'. Ele ainda disse: 'Eu vou acabar com ela aqui. Nem você e nem eu vai ficar com ela'. Eu disse que ele não era doido. Aí ele falou: 'Você quer ver?'. Aí pegou a faca, pegou a menina - que já estava na cama, e começou a ameaçar esfaqueá-la. Ele fazia os gestos como se estivesse furando o bebê. Eu e minha filha de 9 anos, que não é filha dele, entramos em desespero", conta.

A dona de casa Lucimara Pereira Falcão é mãe do bebê de dois meses feito refém no bairro Resistência, em Vitória Crédito: Ricardo Medeiros

Com medo da reação do marido, a dona de casa pediu que a filha dela, de apenas nove anos, saísse do local. De acordo com Lucimara, o homem fez muitas ameaças ao bebê e depois saiu com a criança no colo pelo bairro.

"Eu fui pra cima dele e o segurei pela camisa. Ele tirou a minha mão e mandou eu ir embora com a menina de nove anos. Ela estava em desespero, implorou para o padrasto não fazer nada com a irmã mais nova. Então eu mandei que ela saísse e fosse pra casa da irmã mais velha, de 20 anos, que mora aqui perto. Eu não queria que ela visse aquela cena. Ele me empurrou para fora e eu disse que não ia sair sem o bebê. Aí ele disse que iríamos sair juntos e desceu. Foi quando ele saiu de casa com a menina e a faca pela rua. Eu fiquei do lado de fora e logo depois ele retornou, por volta de 1 hora. Aí ele já entrou na casa e se trancou por dentro, sem que eu tivesse tempo de entrar também", lembra.

DESPEDIDA

Lucimara contou que enquanto segurava uma faca, Adilcimar pediu que as duas filhas da dona de casa, uma de nove anos e a outra de 20, beijassem a bebê para se despedirem da criança. A irmã mais velha foi até o local depois que a irmã mais nova foi até a casa dela chamá-la para ajudar com a situação.

A jovem de 20 anos se recusou a obedecer a ordem do padrasto, mas ele insistiu e aproximou o rostinho da bebê na grade. Nesse momento, a irmã mais velha se aproximou, tentou pegar a faca do ajudante de pedreiro, mas ele puxou a arma e ela acabou ferida no dedo.

Irmã de 20 anos tem dedo cortado após tentar tirar faca de ajudante de pedreiro para salvar bebê no bairro Resistência Crédito: Ricardo Medeiros

Lucimara relata ainda que depois dessa situação, o ajudante de pedreiro subiu para o terraço da residência, ainda com a bebê no colo, e ameaçou jogar a filha. Adilcimar chegou a pendurar a menina pelo pé. Comovidos, moradores da rua se mobilizaram e colocaram colchões e mantas na calçada da casa.

Uma equipe da Polícia Militar, da Companhia Independente de Missões Especiais (Cimesp) e uma ambulância do Samu estão no local acompanhando a ocorrência. A Polícia Militar segue em negociação com o criminoso. Ele exige que a mulher entre na casa, mas ela segue dentro da residência de uma vizinha aguardando o processo de negociação.

"Ele chegou a ligar para o meu celular, já que o da minha mãe está dentro da casa. Mas por orientação da polícia nós não atendemos as ligações", contou Paloma. 

BANHO E ALIMENTAÇÃO

Durante a manhã e o início da tarde, os negociadores convenceram o ajudante de pedreiro aceitar a mamadeira da criança, para que ela fosse alimentada. Foi a própria mãe do bebê que retirou o leite do peito e colocou no recipiente para amamentar a filha.

Moradores que moram próximo da casa onde o bebê é feito refém contam que o ajudante de pedreiro lavou roupas enquanto fazia a filha refém e deu banho na criança.

"Daqui a gente consegue ver a movimentação. Vimos quando ele lavou as roupinhas, sempre com o neném no colo. Ele estendeu as roupas normalmente. Depois, pegou a banheira da criança e levou para dentro da casa. Quando retornou, tanto ele quanto a menina estavam com outras roupas. Acreditamos que foi nesse momento que ele deu banho nela. Também acho que ele dormiu por cerca de 1 hora. Porque nesse tempo ele trancou a casa e sumiu", afirma uma moradora, que prefere não se identificar.

 

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