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'A filha só pede pelo pai', diz mãe de segurança sequestrado no Rio

"A filha só pede pelo pai", diz mãe de segurança sequestrado no Rio

Bastante abalada e reunida em uma casa em Baixo Guandu, família ainda aguarda por respostas

Publicado em 31 de julho de 2019 às 21:20

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O pai de Éder, Eliezer Bonaza Teixeira, e a mãe Maria de Moura. (Larissa Avilez)

Da filha de 5 anos à mãe de 64. Toda a família de Éder Henrique de Moura Teixeira – um dos seguranças capixabas sequestrados no Rio de Janeiro – está angustiada à espera de respostas. “Eu estou sem chão, sofrendo demais. A pequenininha dele está comigo e só pergunta pelo pai”, desabafou, entre lágrimas, a mãe dele, Maria de Moura.

Professora e matriarca, sob o teto da casa dela em Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, toda a família está reunida, se apoiando enquanto aguarda por notícias sobre o paradeiro de Éder – o caçula de três irmãos, com 32 anos. O último contato entre ele e a mãe teria acontecido na última quarta-feira (24).

“Nos falamos por telefone e ele disse que não estava se sentindo bem por lá. Eu, então, disse para ele voltar”, confessou Maria. “Meu apelo é que encontrem o meu filho e que, se for necessário, o exército suba a Comunidade do Lixo para achar meu filho. Ele está lá, precisam encontrar. Eu preciso do meu filho”, continuou ela, entre lágrimas.

Irmão mais velho de Éder, Leandro Moura está no Rio de Janeiro acompanhando as investigações. Já o irmão do meio, Júnior Moura, saiu de Vitória, onde mora, para dar apoio à mãe. “É muito difícil lidar com isso. Estamos esperando por notícias, mas ninguém sabe ao certo o que está acontecendo. A polícia não tem informações”, disse emocionado.

Família de Eder Henrique de Moura Teixeira aguarda por respostas na casa da mãe do segurança capixaba, em Baixo Guandu. (Larissa Avilez)

Ao relembrar o tempo em que jogavam bola e que o irmão era um “menino de ouro”, Júnior começou a chorar e emocionou outros três familiares que estavam na sala da residência. “Como uma coisa dessas acontece com ele? Os governantes do Rio de Janeiro e do Espírito Santo precisam se unir para encontrá-lo. Ele está vivo”, completou.

Pai dos três irmãos, Eliezer Bonaza Teixeira resumiu o sentimento de toda a família. “Estamos todos com a mesma angústia. Queremos uma resposta, uma solução para esta dor insuportável. Estamos agoniados. A vida está ficando muito difícil, mas ainda temos fé em Deus que ele vai aparecer com vida”.

ATRÁS DE UMA VIDA MELHOR

Eder Henrique de Moura Teixeira, de 32 anos, é um dos seguranças sequestrados no RJ. (Acervo Pessoal)

De acordo com a família, Éder trabalhava há oito anos como entregador de gás em Baixo Guandu e estava no Rio de Janeiro há menos de dois meses. “Ele estava ganhando pouco e tinha acordado com esse amigo (o outro segurança capixaba, que conseguiu fugir) que seriam sócios nessa empresa de segurança em Cabo Frio”, contou o irmão Júnior.

Profissional de pintura e lanternagem de carros, o pai Eliezer convidou o filho para trabalharem juntos na oficina da qual é dono em Baixo Guandu, mas o convite foi inicialmente negado. “Ele disse que tentaria a vida por lá e que, se não desse certo, voltaria”, revelou. “Ele estava bastante animado”, completou.

SOFRIMENTO 

Para a mãe Maria, o pesadelo já dura mais de três dias. “Os criminosos sequestraram eles entre 1h e 2h de domingo. Porque até então ele (Éder) tinha atendido o telefone. Depois disso, não conseguimos mais nenhum contato. Pouco depois, uma enfermeira ligou para nós dizendo que o amigo dele tinha sofrido um acidente. Muito abalado, ele (o segurança que conseguiu fugir) não conseguia explicar direito o que tinha acontecido. Não dizia coisa com coisa. Nesse momento já começamos a ficar muito preocupados”, continuou Maria.

No próprio domingo (28), a esposa de Éder foi para o Rio de Janeiro e o restante da família, para Baixo Guandu.

INVESTIGAÇÃO 

Após realizar buscas pelos dois desaparecidos desde o último domingo (28), o titular da 126ª Delegacia de Polícia de Cabo Frio, o delegado Sérgio Simões Caldas afirmou que "lamentavelmente, a probabilidade de que eles foram mortos é grande".

Ainda segundo ele, o relevo geográfico da região dificulta o acesso da polícia e as buscas pelos seguranças. "Lá é área de invasão e tudo foi feito em região de dunas. Se os corpos foram sepultados, a expectativa de encontro é muito difícil", finalizou.

SEQUESTRO E TORTURA

Os três seguranças saíram do Espírito Santo, com destino a Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e foram sequestrados e torturados por uma facção criminosa, durante o último sábado (27). A Polícia Civil acredita que os profissionais foram confundidos com milicianos.

De acordo com a Polícia Militar do Rio de Janeiro, eles foram sequestrados e levados para uma área da Comunidade do Lixo, onde foram torturados. Uma das vítimas conseguiu fugir, enquanto Eder Henrique de Moura Teixeira e e um outro colega continuaram sob ação dos criminosos.

O homem foi encontrado por policiais, no último domingo (28), na Avenida Adolfo Beranger, em Cabo Frio, com vários ferimentos. Ele foi socorrido e levado ao Hospital Central de Emergência (HCE) para receber os primeiros socorros.

De acordo com o delegado Sérgio Simões Caldas, a comunidade do Lixo é comandada por uma facção criminosa e possui um grande índice de violência. 

O QUE DIZ A SESP

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A Secretaria de Estado da Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp) lamenta profundamente o caso e se solidariza com a dor da família das vítimas. A Sesp está à disposição das autoridades do Rio de Janeiro para auxiliar no que for necessário, mas ressalta que o crime já está sob investigação da polícia daquele Estado, apuração essa que será respeitada.

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