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Após soltura, pastora Juliana Salles pode ter retornado para Minas

Após soltura, pastora Juliana Salles pode ter retornado para Minas

Mãe de Kauã e Joaquim recebeu alvará de soltura e saiu da prisão na madrugada desta quinta-feira, mas não veio para a casa da família, em Linhares

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 16:49

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Casa onde morreram os irmãos Kauã e Joaquim com faixas pedindo Justiça na manhã desta quinta. (Loreta Fagionato)

A pastora Juliana Pereira Salles Alves saiu do Centro Prisional de Cariacica, na Grande Vitória, na madrugada desta quinta-feira (08), após conseguir na Justiça uma liminar de liberdade provisória. No entanto, ainda não é conhecido o paradeiro dela desde que saiu da prisão. A líder religiosa é mãe dos meninos Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, e Joaquim Salles Alves, de 3 anos, que morreram em um incêndio no dia 21 de abril deste ano. Ela ficou presa por 143 dias, acusada de ser coautora do crime.

A reportagem do Gazeta Online esteve na casa do pai e dos avós de Juliana, localizada no bairro Interlagos, em Linhares. Um familiar nos recebeu e não informou onde ela está. Questionado se a pastora estava na residência, ele afirmou que não. Moradores do bairro não notaram nenhuma movimentação diferente no local.

Na casa onde o incêndio aconteceu, no Centro, não havia movimentação. Faixas que pedem Justiça e chamam de monstros os suspeitos pelas mortes dos irmãos estão afixadas no portão. A residência continua fechada e, segundo informações, a chave está em poder da Justiça.

Juliana pode ter seguido para Teófilo Otoni, em Minas Gerais, onde a Igreja Batista Vida e Paz tem um templo, ou para outra cidade mineira em que há templos da igreja. Ela foi acolhida por um pastor de Teófilo Otoni e foi morar na casa da família dele quando decidiu sair de Linhares. Na época, familiares contaram que a mãe de Kauã e Joaquim não conseguia sair de casa no município capixaba e foi convidada para se hospedar na casa do líder religioso. Quando foi presa, em junho deste ano, Juliana estava na casa desse pastor.

DEFESA

A reportagem tentou contato com os advogados de defesa da pastora, mas eles não atenderam nossas ligações e nem responderam nossas mensagens.

JUSTIÇA

O juiz André Bijus Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, foi procurado no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, mas não deu entrevista. O caso segue em segredo de Justiça.

PROTESTO

Revoltados com a soltura de Juliana, a família paterna de Kauã fez um protesto no Centro de Vitória na manhã desta quinta-feira. A Guarda Municipal informou que, por volta das 7h40, cerca de 15 manifestantes atearam fogo em pneus e interditaram a Avenida Getúlio Vargas.

Às 8h30 eles liberaram a vida e ocuparam a Avenida Jerônimo Monteiro, liberando o trânsito cerca de 9h10. O empresário Rainy Butkovsky, pai de Kauã, disse que estava indignado com a liberdade provisória conquistada pela ex-mulher.

O CASO

Investigações da Polícia Civil apontaram Georgeval Alves Gonçalves, o pastor George, como o acusado pelo duplo assassinato dos irmãos. O ex-líder da Igreja Batista Vida e Paz (IBVP) em Linhares é pai de Joaquim e padrasto de Kauã. No dia do crime, a mãe dos meninos e esposa de George havia viajado com o filho caçula para Teófilo Otoni (MG), onde participou de um congresso de dança profética realizado pela igreja, que tem templos em três estados e a sede na cidade mineira de Governador Valadares.

Baseados em diversas perícias e depoimentos de testemunhas, os delegados da força-tarefa que investigou o crime concluíram que George abusou sexualmente de Kauã e Joaquim. Depois, eles defendem que o pastor espancou os meninos até que ficassem desacordados, os colocou no quarto onde os dois dormiam e colocou fogo no local, com o auxílio de algum combustível. Isso já era madrugada de 21 de abril. Os irmãos morreram na hora.

Uma semana depois, em 28 de abril, George foi preso de forma temporária. Em junho, sua prisão preventiva foi decretada. Desde o início, o pastor está no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II, na Grande Vitória. Já Juliana foi presa em 19 de junho, na cidade mineira de Teófilo Otoni. Ela ficou detida no Presídio Feminino do município até 14 de julho, quando foi transferida para a Centro Prisional Feminino de Cariacica, de onde saiu na madrugada desta quinta-feira (08).

No dia 29 de maio, a Polícia Civil indiciou George por duplo homicídio triplamente qualificado, duplo estupro de vulnerável, duplo crime de tortura e fraude processual (por ter alterado a cena do crime). Em 18 de junho, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) denunciou não apenas o pastor pelo crime, mas também a mãe dos meninos. A promotora Rachel Tannenbaum, que ficava à frente da 2a Promotoria Criminal de Linhares na época, acusou Juliana de “conduta omissiva”. Ela acusa a mãe dos meninos de ser coautora do crime, pois teria conhecimento do risco que as crianças corriam por estarem sozinhas com George, o que caracterizaria omissão por parte da pastora

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