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Três agentes são presos acusados de torturar quatro adolescentes infratores

Três agentes são presos acusados de torturar quatro adolescentes infratores

Câmeras de unidade de internação provisória registraram os jovens sendo espancados

Publicado em 8 de abril de 2016 às 10:20

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Atualização: os nomes dos agentes foram abreviados da reportagem até que ocorra a conclusão do inquérito na Justiça. Atualização realizada às 13h56 de 29/08/2018.

Dois agentes socieducativos foram presos nesta quinta-feira (08) acusados de torturar adolescentes infratores dentro de uma unidade de internação provisória onde trabalhavam, em Cariacica-Sede. Um terceiro está sendo considerado foragido.

Segundo o delegado Gabriel Monteiro, titular da Delegacia de Crimes Carcerários e Socioeducativos, as agressões a quatro internos aconteceram na noite do dia 18 de março.

Após um tumulto no alojamento 07, os internos do alojamento 01 começaram um princípio de motim. “Quatro adolescentes passaram a jogar pedras contra a porta do alojamento”, contou Gabriel Monteiro.

Cinco agentes socioeducativos foram ao local tentar fazer a pacificação do conflito no alojamento. Durante o início de motim, um dos agentes teve o rosto atingido por uma pedra.

Após muita negociação, os adolescentes saíram para o corredor em formação padrão (mãos na cabeça). “Neste local, os adolescentes foram agredidos com socos, pontapés e golpes de cassetetes. O corredor possui câmeras de monitoramento que registraram as agressões”, afirmou o delegado.

Exame no DML

Um dos internos, de 16 anos, teve duas lesões na cabeça e precisou de atendimento médico. “Ele foi levado para uma unidade de saúde de Cariacica, que é um procedimento errado, e não para o Departamento Médico Legal (DML), que seria a ação correta”, pontuou Monteiro. Somente no dia seguinte, por volta das 17 horas, um dos adolescentes agredidos – com lesões na cabeça – foi levado para o DML, onde o médico constatou as lesões.

Com as imagens nas mãos, a Polícia Civil solicitou à Justiça a prisão de J.C.C., 35, G.AA, 31, e J.G.A, 30.

Sindicato condena prisões

Diante das denúncias de que três agentes penitenciários teriam torturado adolescentes, na Unidade de Internação Provisória (Unip), o Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo do Espírito Santo (Sinases) defende que, até este momento, as prisões dos dois agentes podem ser consideradas “desnecessárias”.

“O conteúdo das denúncias ainda é muito incipiente. O setor jurídico do Sindicato ainda nem teve acesso à totalidade do inquérito realizado. Não se pode realizar um julgamento prévio da conduta dos servidores. É preciso aguardar o andamento das apurações”, destacou o advogado Rafael Burini.

Segundo o delegado Gabriel Monteiro, os agentes confirmaram as agressões. “Eles confirmaram as agressões e disseram que foi um momento de raiva. É lamentável uma situação como esta, uma vez que existe meios e padrões próprios da instituição para conter comportamentos inadequados”, observou.

Na tarde de ontem, os agentes presos foram levados para o Centro de Triagem de Viana.

Agressões são casos isolados, afirma Iases

A denúncia do espancamento dentro da Unidade de Internação Provisória (Unip) de Cariacica foi feita pela própria direção da unidade. “O videomonitoramento foi instalado em setembro do ano passado e, assim que houve a informação dentro da unidade do princípio de motim, o local passou a ser monitorado pelos operadores. As imagens mostram essa violência”, afirmou Leandro Piquet, diretor de Ações Estratégicas do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), responsável pela Unip. Os agentes são servidores de designação temporária.

“Eles serão exonerados do cargo e responderão judicialmente ao processo acerca dos crimes que estão sendo apurados”, descreveu Piquet.

Outros dois agentes que também integravam o grupo que abordou os adolescentes infratores devem ser ouvidos. “Não há registros de que teriam batido nos adolescentes, porém, também não impediram as agressões”, afirmou o delegado Gabriel Monteiro.

Um dos agentes, se apresentou à delegacia ao saber que estava com mandado de prisão em aberto. Outro foi preso no local de trabalho, no início da manhã, na Unip de Cariacica.

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Leandro Piquet ressaltou que atitudes como estas são fatos isolados e não dizem respeito à conduta dos demais agentes socioeducativos que trabalham com os menores infratores.

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