Publicado em 11 de junho de 2019 às 23:34
O rebite, nome popular dado a anfetaminas, pode ficar até 36h no corpo após ser ingerido. Por isso, mesmo se feito mais de um dia depois, exames toxicológicos podem identificar a presença do entorpecente no sangue. A substância, proibida no Brasil, é traficada principalmente do Paraguai e vendida como solução para o sono e desânimo. Comumente usada por motoristas profissionais, o entorpecente foi encontrado nesta terça-feira (11), no veículo do caminhoneiro que se envolveu no acidente que matou três pessoas de uma mesma família, na Serra.
De acordo com a neurologista Soo Yang Lee, a longo prazo, a substância também pode provocar de arritmias a irritação aguda e hipertensão. Os caminhoneiros acabam usando um comprimido atrás do outro e, em alguns casos, mais de um por vez. A substância atua no sistema nervoso central e influencia a produção de quem a ingere. O caminhoneiro se sente muito mais disposto e usa aquilo para driblar o sono, explica.
Para a especialista, no entanto, é um tiro no pé depender do ilícito, já que as consequências podem ser fatais. Só que tem o fator do cansaço que acaba atrapalhando. Um caminhoneiro que toma o rebite não fica sem sono. Acaba só inibindo os efeitos, mas o cansaço está lá. E uma hora vai atrapalhar, porque vai se somar a uma série de fatores e pode acontecer o que vimos hoje, como o acidente, conclui.
EXAME TOXICOLÓGICO
O exame toxicológico, que de acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CTB) atual ainda é obrigatório em processos de emissão e renovação de carteira, pode identificar a presença das anfetaminas no corpo mesmo após 36h. Isso porque a vida da substância no organismo é de mais de um dia.
Soo Yang esclarece que muitos motoristas usam o remédio clandestino com frequência e, às vezes, em doses altas. Isso facilita ainda mais a identificação da substância no sangue, já que circulará ainda por mais tempo no organismo. Provoca irritabilidade, insônia e desregula tudo. Efeito que pode ser comparado ao da cafeína e ritalina, medicamento liberado hoje no Brasil, conclui.
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