Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 00:28
Para frear os assassinatos causados, em sua maioria, pelo tráfico de drogas, a Polícia Civil mirou nos líderes das gangues que levam terror a moradores de bairros da Serra. Foi esta estratégia que permitiu reverter a realidade de violência da cidade, que há 22 anos liderava o ranking dos municípios mais violentos do Estado.>
A cidade ocupa agora a quarta posição entre as que apresentam as maiores taxas de assassinato no Estado. Sua taxa é de 36,2 homicídios a cada cem mil habitantes. A liderança do ranking passou para São Mateus, com taxa de 43,5, seguido por Cariacica (40,9), e Linhares (39,9). Na Grande Vitória a liderança também passou para Cariacica.>
Para se ter uma ideia do impacto destes números, Serra, sozinha, foi responsável por 42% de redução no número total de homicídios registrados no Estado. No ano de 2017 ocorreram 1.408 homicídios. Em 2018, foram 1.109 assassinatos. A diferença é de 299 em relação ao ano anterior, sendo que só a Serra diminuiu 128.>
PRISÕES>
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Como a maioria destas mortes são ordenadas por lideranças do tráfico, daí a estratégia da Polícia Civil de focar a atuação também na retirada deles das ruas, como explica Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na Serra.>
A maioria absoluta dos homicídios está ligada ao tráfico. Investigações detalhadas e bem elaboradas levam aos executores e também ao chefe do bando. Quando prendemos essas pessoas ao final das apurações, ocorre uma desordem do tráfico no local, consequentemente reduzindo os conflitos e mortes, explicou Sandi Mori.>
Na mira da PC estão os líderes, pessoas consideradas de extrema periculosidade. São pessoas que coordenam o tráfico, tem conhecimento de toda a associação criminosa que existe dentro de um bairro e, por vezes, dão ordem e impõem regras nos bairros, observa o delegado.>
No ano passado, só a DHPP da Serra chegou a colocar atrás das grades 181 homicidas durante as 140 operações policiais.>
No dia a dia o delegado afirmou que é possível perceber que as detenções trazem outros reflexos nos bairros. Elas minimizam a sensação de impunidade, o que colabora para inibir novos crimes, diz Sandi Mori.>
BAIRROS>
Outro reflexo desta atuação: os bairros que tinham os maiores registros de mortes em 2017 são hoje os principais responsáveis por reduzir o número absoluto de homicídios da cidade, que saiu de um total de 312 assassinatos para 184.>
Um exemplo vem do bairro mais violento do Estado, Central Carapina, que em 2017 registrou 21 homicídios, e terminou o ano passado com cinco assassinatos, sendo que os autores desses últimos já foram presos e os inquéritos que investigam a autoria dos crimes já foram concluídos e encaminhados para a Justiça.>
De um ano para o outro, os esforços foram intensificados neste bairro. Todos os homicídios do ano anterior foram elucidados e 46 pessoas foram presas, sendo que três facções foram desarticuladas na área, com os chefes presos, pontuou o delegado à frente da DHPP Serra.>
Em 2018 foram concluídos pela DHPP da Serra um total de 261 inquéritos de homicídios consumados, contando casos do mesmo ano e de anos anteriores. Uma investigação detalhada demanda tempo, equipe preparada e apoio do Judiciário e do Ministério Público, explica o delegado.>
DENÚNCIAS AJUDAM APURAÇÃO DA POLÍCIA>
O trabalho da polícia conta com a confiança e a participação da população. São as denúncias de moradores e testemunhas que colaboram com a resposta rápida ao crime, explica Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na Serra.>
As informações chegam por meio do telefone do Disque-denúncia no número 181 ou pelo site (www.disquedenuncia181.es.gov.br) e também pela página da Delegacia de Homicídios na rede social Facebook.>
A colaboração da população é essencial. E a cada prisão elas aumentam. Há também a colaboração de familiares da vítima que, mesmo no momento de dor, ajudam como podem a realizarmos o trabalho, concluiu Sandi Mori.>
A Polícia Militar também tem buscado se aproximar da população. A Rede Comunidade Segura é um projeto que estimula as comunidades a serem colaborativas e que ajudem a vigiar a região, repassando informações para evitar homicídios ou outro tipo de crime. O objetivo é criar uma cultura de vigilância e troca de informações para que exista uma ação mais rápida da polícia, contou o Capitão Welington Sotele, comandante do 14ª Companhia Independente da Polícia Militar.>
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