Publicado em 12 de junho de 2018 às 22:14
A interdição de quase cinco horas da Terceira Ponte na tarde desta terça-feira (12) deu um nó no trânsito da Grande Vitória. No entanto, em casos de tentativas de suicídio no local, o sargento Anderson Keller Costa, que participou do resgate desta terça-feira, explica que é fundamental que os dois sentidos da via sejam fechados para que o trabalho de negociação não seja interferido. Além disso, o sargento esclarece que o tempo necessário será usado para salvar a vida de uma pessoa.
Ainda de acordo com Keller, um dos pressupostos do trabalho de resgate em casos de tentativas de suicídio é justamente ganhar tempo. Assim, a pessoa retorna à racionalidade. Ela começa a oxigenar o cérebro, a raciocinar que tem outras alternativas além da decisão definitiva que não tem volta.
Keller disse ainda que a PM segue o princípio constitucional que o direito à vida é o mais importante e observa que as pessoas precisam compreender que a interdição pode ser um transtorno para motoristas, mas que uma vida foi resgatada.
O trabalho de resgate desta terça-feira (12) foi realizado por três policiais: o negociador principal, sargento Keller; o segundo negociador, subtenente Kleber; e o terceiro negociador, soldado Tavares. Nós trabalhamos em equipe. Temos duas equipes de negociadores que estão sempre prontas para atender uma ocorrência 24 horas por dia, em qualquer dia da semana, explica o sargento Keller.
Ainda segundo o sargento Keller, feito o resgate, a pessoa é acolhida pelo Corpo de Bombeiros que a encaminha para um atendimento médico.
O LUGAR PRECISA SER RESERVADO
A psicóloga Tammy Andrade, que é conselheira do Conselho Regional de Psicologia, disse que existem pelo menos três categorias de pessoas que tentam o suicídio: os agressivos, os depressivos e os com patologias graves como a esquizofrenia. De acordo com ela, dependendo da situação, o desfecho pode ser trágico.
Tammy disse que entende as frustrações das pessoas que foram prejudicadas com o trânsito devido à interdição da Terceira Ponte. Porém, na avaliação da psicóloga, essas pessoas precisam se indignar por não haver outras passagens e formas de transporte nas cidades.
Não temos outra possibilidade de acesso, não temos outros sistemas funcionando como o aquaviário ou até o metrô de superfície para reduzir esse gargalo. É preciso construir políticas para que o transporte seja acessível e possível. Isso até me faz lembrar do texto 'A empatia pulou da ponte', comenta.
O texto ao qual a psicóloga se refere é um artigo escrito pelo jornalista Aglisson Lopes, editor executivo do Gazeta Online, e publicado em julho do ano passado, em uma ocorrência semelhante à desta terça-feira (12), com horas de interdição da Terceira Ponte. Aglisson estava preso no trânsito, próximo à pessoa que tentava se jogar, e presenciou inúmeras reações, como se um minitribunal estivesse formado em cima da ponte.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos. Há grupos para apoiar e auxiliar pessoas com qualquer desconforto emocional. Procure ajuda profissional ou voluntária: disque 188
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