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Painel retrata luta de moradores em rua que divide comunidades

Painel retrata luta de moradores em rua que divide comunidades

São dois painéis, que ficam em dois muros na Rua José Martins da Silva, via que divide os bairros Morro do Romão e Forte São João

Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 20:50

Painel foi feito em rua que divide os bairros Romão e Forte São João Crédito: Marcelo Prest

Os quatro meses de luta e dedicação dos moradores do Morro do Romão e de bairros próximos para construir a primeira rua de acesso à região estão retratados em dois painéis pintados por artistas capixabas. A pintura, chamada “Meu Bairro, Meu Quintal” teve coordenação do pintor Renato Pontello e contou com a ajuda de moradores da região, como o artista Ed Brown.

São dois painéis, que ficam em dois muros na Rua José Martins da Silva, via que divide os bairros Morro do Romão e Forte São João. A rua também passa próximo dos bairros Cruzamento e Fradinhos. A primeira pintura, com a frase “Meu Bairro”, retrata o trabalho dos moradores na época.

As imagens lembram o tempo em que centenas de moradores, nos finais de semana, gastaram o tempo que tinham livre por cerca de quatro meses para abrir a estrada na década de 1990. 

Além do trabalho feito por eles, nas pinturas dos dois painéis é registrado ainda as crianças da região, em alusão ao futuro das comunidades, com a frase “Meu Quintal”. Algumas delas ajudaram na pintura da frase.

“O painel é interessante porque é uma passagem para as crianças que não participaram da construção da estrada, que hoje usufruem dessa estrada. É o quintal, que as pessoas se sentem à vontade em qualquer lugar da comunidade”, diz o líder da comunidade do Romão, Marcelo Cabral, de 42 anos. Assista ao vídeo abaixo: 

HISTÓRIA

Há cerca de 30 anos era impossível subir de carro na região e, devido a isso, os moradores tinham dificuldade de viver ali. Tudo era carregado nas costas e nas mãos, inclusive os materiais usados para as construções das casas de alvenaria.

“Agora é difícil você ver um barraco de madeira. É tudo de alvenaria. Isso deixa a gente feliz, ver que tudo cresceu. Agora a segurança vem, com a polícia, as ambulâncias. É bem mais fácil”, afirma, emocionada, a comerciante Maria das Graças Oliveira, de 57 anos.

Maria viveu bem esta época no lado que pertence ao bairro Forte do São João e hoje guarda tudo registrado em fotos. Ela ajudava na cozinha, junto a dezenas de outras mulheres que alimentavam os moradores que ajudaram na obra. “Tudo acontecia no final de semana. As pessoas trabalhavam a semana toda e durante o final de semana iam para a obra”, destaca.

Outro morador antigo, o autônomo Gerson Rodrigues Alves, de 59 anos, também chamado de Teca, ajudou na construção do painel com a criação de uma calha com que a chuva não caísse na tinta. Mas o papel dele também foi muito importante na criação da primeira rua do Romão.

“Antes era mato, morro e pedra. Tiramos tudo no braço. Foi muito sofrido. Tem gente que nem está vivo mais. Hoje não tem gente que encara uma batalha dessas mais. Ainda sofremos um tempo com a estrada de chão, antes do calçamento”, relatou.

PESQUISA

Um dos coordenadores da pintura, Renato Pontello, lembra que foi feita uma pesquisa aprofundada na região do Romão para entender o que deveria ser retratado nas imagens. “Seria fácil chegar e pintar a coisa mais bonita do mundo, mas é importante que os moradores se reconheçam na imagem”, explicou.

E quem passa pela Rua José Martins da Silva vê muito mais que as lindas pinturas dos artistas. Vê também as belezas de Vitória bem do alto, já que a poucos metros dali fica o mirante, com uma vista panorâmica para a Capital.

A obra teve financiamento da prefeitura, por meio do projeto “A Arte é Nossa”. Pinturas parecidas já aconteceram em regiões como Fábrica de Ideias, em Jucutuquara, Ponte da Passagem, região de São Pedro e São Benedito. Recentemente a Comunidade da Floresta também ganhou uma obra parecida, com a mesma equipe que trabalho no Romão e no Forte São João. 

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