A produção de pelotas e o escoamento de minério de ferro no Complexo de Tubarão, no Espírito Santo, não serão afetados pelo corte na produção anunciado pela Vale para algumas de suas plantas industriais. A informação é do diretor de Relações Institucionais Sudeste da Vale, Sérgio Leite, que também afirmou que os principais efeitos estarão concentrados nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Na última terça-feira, 29, a mineradora anunciou a desmontagem de dez barragens de rejeitos, além da paralisação temporária de algumas unidades da empresa e redução de produção de até 40 milhões toneladas de minério de ferro por ano.
Ainda é tudo muito recente, mas, em princípio, a movimentação para o Espírito Santo não vai sofrer alterações. O impacto vai ser mais concentrado em Minas Gerais, na produção, e no Rio de Janeiro, no escoamento, afirmou o diretor, por telefone, enquanto visitava áreas no interior de Brumadinho (MG).
Fontes do mercado também avaliam que o Estado não deve ser diretamente prejudicado com o corte na produção de minério e pelotas.
A redução da produção da Vale deverá ser menor que 10% da capacidade da empresa. Em termos de minério, isso não conta muito, porque aqui no Estado é só o escoamento. O que mais importa para o Espírito Santo é a questão da pelotização. Se não reduzir aqui, o impacto vai mesmo ser muito pequeno para o Estado, analisou uma fonte, que pediu para não ser identificado. Somente no ES, a Vale produz 30,8 milhões de toneladas de pelotas de minério.
O fato de o Estado não ser afetado traz confiança para empresários locais, já que a mineradora, sozinha, representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, além de empregar quase 11 mil pessoas, entre funcionários próprios e terceirizados.
Sérgio Leite também descartou a possibilidade de demissões na empresa. Não estamos pensando em demissões. Vamos ver como a empresa se comporta, mas isso é algo que não passa pela nossa cabeça. O nosso foco é ajudar as vítimas, reiterou.
A questão das demissões é uma das preocupações do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal), Max Célio de Carvalho. Ele informou que o sindicato ainda está tomando conhecimento dos impactos que a redução da produção pode causar.
A gente ainda não tem muita noção de qual logística pode ser mais afetada, se aqui no Estado, no Rio, no Maranhão... São muitas condicionantes técnicas e políticas da empresa que a gente não tem acesso, o que deixa a gente apreensivo, mas especular neste momento não é bom, comentou.
Além do Sindimetal, quem também acompanha de perto a situação da Vale é a ArcelorMittal, que compra as pelotas de minério para, depois, transformar em aço. A empresa poderia ser prejudicada se a produção na Vale no Estado fosse reduzida.
Por meio de nota, a ArcelorMittal informou que opera normalmente e de forma estável e acredita que a Vale conseguirá priorizar o mercado interno e seus clientes brasileiros.
PARALISAÇÕES
Além de eliminar barragens, a Vale anunciou que as unidades de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, e as operações de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopeba, serão paralisadas. A planta de pelotização de Fábrica e Vargem Grande também será afetada. Nenhuma dessas operações têm relações com o Espírito Santo, segundo fontes internas da Vale.
O impacto estimado com as paralisações sobre a produção é da ordem de 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, incluindo neste número o pellet feed necessário para a produção de 11 milhões de toneladas de pelotas.
Como a paralisação também vai afetar o escoamento da produção para o Rio, havia a expectativa de que a atividade no Porto de Tubarão fosse aumentada. A expectativa inicial foi negada por Sérgio Leite. Existe um plano de adequação do fluxo. Em princípio, não vai haver mais carga para o Porto de Tubarão, mas isso ainda vai ser detalhado em números, concluiu o diretor da Vale.
NÚMEROS
13% do pib do ES
As operações da Vale representam cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba.
R$ 60,9 milhões
É quanto a Vale pagou ao Estado e municípios do ES em tributos em 2018.
10.949 pessoas
É o total de empregados da Vale no Estado, entre próprios e terceirizados.
R$ 9 bilhões
Foi o lucro operacional da Vale nos três primeiros trimestres de 2018 no Espírito Santo.
366,5 milhões
É o total, em toneladas, de minério de ferro produzido no Brasil pela Vale no ano.
30,8 milhões
É o número de toneladas de pelotas de minério que são produzidas anualmente por 8 pelotizadoras do Sistema Sudeste que ficam no Espírito Santo.
354 empresas
Foi o número de empresas capixabas com quem a Vale fez negócios no terceiro trimestre de 2018.
R$ 1,5 bilhão
Foi o valor gasto pela mineradora em compras com empresas capixabas nos três primeiros trimestres de 2018.
11 milhões
É o total de toneladas de pelotas de minério que deixarão de ser produzidas em Minas Gerais.
40 milhões
É o montante de minério de ferro, em toneladas, que devem deixar de ser produzidos.
A VALE NO COMPLEXO DE TUBARÃO
Ferrovia
Por meio da ferrovia Vitória-Minas, a Vale recebe o minério que é extraído em Minas Gerais.
Pelotização
Em Tubarão, a empresa possui oito usinas de pelotização para a produção do material.
Escoamento
Pelo Porto de Tubarão a Vale escoa sua produção. São quatro terminais marítimos. Eles são usados para movimentar minério de ferro e pelotas; carvão, grãos e fertilizantes e líquidos a granel.
Administração
Em Tubarão, a Vale tem um prédio administrativo, oito refeitórios e agências bancárias.
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