Publicado em 8 de fevereiro de 2018 às 22:58
A tradicional fumaça branca que sai de uma chaminé, vista no final da Praia de Camburi, em Vitória, vai deixar de existir. Quem garante é a direção da ArcelorMittal, que inaugurou na tarde desta quinta-feira (08) um novo equipamento para conter as emissões de poeira da área de sinterização da empresa.>
O gas cleaning bag filter - popularmente conhecido como filtro de mangas - é um sistema de filtros, por onde passará a fumaça (pluma) antes de chegar à chaminé. Caberá a ele fazer a contenção do material particulado - ferro e carbono - que era lançado na atmosfera. A nova tecnologia foi exigida a partir de condicionantes ambientais estabelecidas pelo órgão ambiental estadual, o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), e resultou em um investimento de R$ 101 milhões.>
De acordo com Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de operações da siderúrgica, a chaminé da sinterização é a responsável por cerca de 20% das emissões de particulados da empresa. Até o mês de dezembro do ano passado, dela eram lançados na atmosfera 51 quilos/hora de material particulado, o pó preto, misturado com gases, como o dióxido de enxofre.>
O objetivo, com o novo equipamento, é de que sejam lançados por ela cerca de 6,5 quilos/hora de poeira. Por enquanto, na fase de testes do equipamento, as emissões estão oscilando em torno de 9,6 quilos/hora de poeira. Com o equipamento vamos reduzir em 90% as emissões dessa chaminé, o que equivale a uma redução de 18% no impacto ambiental das emissões da empresa. Uma vantagem imediata que trará resultados positivos para a sociedade, assinalou Ribeiro.>
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Além disso, o vice-presidente de operações destaca como uma das melhorias a fim da fumaça brança no final da praia. Além da redução do impacto ambiental, aquela visibilidade - pluma branca - não será mais vista, assegurou.>
EMISSÕES>
No total, o processo industrial da ArcelorMittal resulta na emissão de 195 quilos/hora de poeira. Até dezembro, antes da instalação do filtro de mangas, este total chegava a 240 quilos/hora de poeira. O presidente da empresa, Benjamin Batista Filho, destacou que todo processo industrial gera emissões de poeira, mas garantiu que a siderúrgica vem seguindo o que determina a legislação ambiental.>
Outros investimentos, de mais R$ 20 milhões, vão ser feitos até maio, segundo Ribeiro, para controle ambiental em outras áreas da empresa. Dentre elas está a instalação de dois novos filtros de mangas na Coqueria, onde existem outras duas chaminés, adoção de calhas onde há queda de material para as correias mais modernas, e enclausuramento de três torres de transferência da Coqueria. Vão ainda implantar 12 novos monitores de material particulado e quatro novos monitores de gases.>
Durante a inauguração, que contou com a participação de várias autoridades, o governador Paulo Hartung destacou que a diminuição das emissões de poeira vindas do complexo de Tubarão vai ajudar a melhorar a qualidade de vida da população. Mas que será preciso ainda mais investimentos. Foi um grande investimento, reconheço, mas outros milhões terão que ser aplicados em outros dispositivos para reduzir estas emissões e para dar tranquilidade, em termos de qualidade vida, à população, ponderou.>
Não há informações dos órgãos ambientais sobre qual será o impacto da redução desta poeira nas casas.>
ONG COBRA MAIS AÇÕES CONTRA O PÓ>
O presidente da ONG Juntos SOS Ambiental, Eraylton Moreschi, avalia que a tecnologia adotada pela ArcelorMittal é uma das mais eficientes no controle do material particulado. Porém, a redução de 18% na emissão de poeira da empresa pouco irá impactar o dia a dia dos moradores da Grande Vitória.>
Ele lembra que a siderúrgica emite 195 quilos/hora de poeira: São bem mais de quatro toneladas de pó preto por dia jogado na atmosfera. Sem contar a emissão da Vale, que no último Inventário de fontes do Instituto Estadual de Meio Ambiente, de 2011, oscilava em 633,33 quilos/hora, mais de 15 toneladas de pó por dia.>
Outra preocupação, destacou Moreschi, é com a emissão de gases, dentre eles o dióxido de enxofre. São emitidos 2.812,7 quilos/hora de dióxido de enxofre. Deste total, apenas 673,6 quilos/hora são tratados com o sistema Claus. Um gás que causa sérios problemas de saúde, destaca.>
Por intermédio de nota, a Vale informou que a tecnologia adotada pela siderúrgica foi desenvolvida para o processo de sinterização, que não faz parte das operações da empresa. No caso das usinas de pelotização da Vale, o principal sistema de controle são os precipitadores eletrostáticos, para os quais estão sendo desenvolvidas atualizações nos sistemas elétrico e de automação, "visando a aumentar ainda mais sua eficiência", destacou a mineradora.>
Acrescentou ainda que outras intervenções estão sendo adotadas, como as aplicadas nos sistemas de aspersão dos viradores de vagões e de aplicação de polímeros, nos píeres e nas instalações e equipamentos das usinas. "Fazem parte de um conjunto de ações previstas até 2020 que reforçam o compromisso da Vale em investir continuamente para aprimorar seus controles ambientais e reduzir cada vez mais suas emissões", assinalou.>
De acordo com dados do último Inventário de Fontes do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), de 2011, as emissões de poeira da Vale oscilam em torno de 633,33 quilos/hora.>
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