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Motorista que causou tragédia em Viana começa a ser julgado

Motorista que causou tragédia em Viana começa a ser julgado

A audiência inicial foi agendada para o próxima dia 24, na Primeira Vara Criminal de Viana; Wesley Mantovanelli foi denunciado por homicídio culposo

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 23:30

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(Marcelo Prest)

O início do julgamento do motorista apontado como o causador da tragédia na BR 101, em Viana, terá início no próximo dia 24. Wesley Mantovanelli, 45 anos, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado por imprudência na condução do caminhão, o que causou o acidente em outubro do ano passado e a morte de quatro pessoas, sendo três delas por carbonização. 

Motorista que causou tragédia em Viana começa a ser julgado

A decisão é do juiz da 1ª Vara Criminal de Viana, Carlos Henrique Rios do Amaral Filho. Na primeira etapa do julgamento, denominada de audiência de instrução, vão ser ouvidas testemunhas de acusação e policiais rodoviários federais que atuaram no dia do acidente. Outras testemunhas, que residem em outras localidades, vão ser ouvidas por carta precatória. Após estes depoimentos o juiz irá ouvir o réu, o motorista Mantovanelli. Na sequência o Ministério Público apresentará seus argumentos finais, assim como a defesa. Após estas etapas o juiz dará então a sua sentença.

Mantovanelli foi preso no dia do acidente e chegou a pedir desculpas às famílias das vítimas. "Tudo que eu pedir de desculpas não vai consertar, mas peço desculpa do fundo do coração. Eu nunca quis, em momento algum, fazer o que aconteceu". A prisão foi convertida em prisão preventiva, mas ele acabou sendo liberado.

Wesley Mantovanelli está preso. (Carlos Alberto Silva | GZ)

DENÚNCIA

Na denúncia apresentada pela 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Viana é dito que "o denunciado, de forma livre e consciente, praticou homicídio culposo na direção de veículo automotor, tendo como vítimas Maria Da Penha Fermau, Jadson Aguiar De Siqueira, Luiz Marcelo Dantas Lisboa e Maria De Lourdes Coutinho Passos".

O acidente aconteceu no dia 11 de outubro do ano passado, no quilômetro 304 da BR 101, em Viana. Quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas no incêndio que se seguiu a colisão envolvendo seis carros, duas carretas e um caminhão. A tragédia aconteceu a pouco metros de um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que realizava uma blitz no local.

Segundo as investigações da polícia è época e a denúncia do MPE, Wesley Mantovanelli dirigia a carreta a 85 km/h, quando atingiu uma fila de oito veículos que estava à frente. A velocidade máxima permitida na via é de 60 km/h.

De acordo com a denúncia, Mantovanelli usava o celular no momento do acidente. "Precisamente no momento no qual se deu a colisão em questão, o indiciado estava a receber, via WhatsApp, um arquivo que continha uma fotografia da tela de outro celular", diz o texto da denúncia. E acrescenta: "O indiciado empregou os aludidos 23 segundos dentro dos quais percorreu 550 metros a 85 Km/h recebendo e/ou enviando mensagens e ou arquivos via WhatsApp".

A Promotoria pediu à Justiça que o motorista seja condenado quatro vezes pelo artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que é a prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Também é dito que ele deve ainda responder cinco vezes pelo artigo 303 do mesmo código, que é destinado aos casos de lesão corporal culposa na direção de veículo, pelas lesões que causou às cinco vítimas.

OUTRO LADO

Segundo o advogado Marcos Giovani Correa Felix, o motorista nega que estava utilizando o WhatsApp no momento do acidente. Relata ainda que o telefone de Mantovanelli foi apreendido mas que a defesa ainda não teve acesso à perícia. "Meu cliente não se lembra do que aconteceu. Têm recordações até um determinado momento, depois só sabe o que aconteceu após o acidente. Teria tido um tipo de apagão, um distúrbio", explica.

O advogado relata que o dia e as horas anteriores ao acidente foram tranquilas para o motorista. "Dormiu em casa, levou o caminhão para descarregar, o que demorou umas quatro horas e ele aproveitou para descansar. Após a descarga, levou o caminhão para manutenção técnica na Volvo, próximo a Viana-sede. E neste percurso foi que sofreu o acidente", relata.

Felix está confiante de que conseguirá reverter o entendimento da Promotoria, que denunciou o seu cliente. "Respeito o trabalho executado pelo promotor, mas discordo da denúncia e vamos produzir os elementos necessários para demonstrar que a tese da defesa deve se aproximar mais da realidade do que aconteceu naquele dia", pontua.

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Explica ainda que o fato foi o acidente. "Mas devemos apurar qual a culpa do Mantovanelli, até que ponto foi dele, e deve ser condenado, se for o caso, dentro da sua culpa, e com uma pena proporcional a culpa que teve", disse. Destacou ainda que só quem estava no local do acidente eram vitimas e o réu. "É preciso trazer esta verdade real, o que aconteceu, a dinâmica, o que levou ao acidente, os motivos, a participação de cada um para o juiz. Com estes elementos ele terá condições de julgar".

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