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Moradores do Ourimar protestam e fecham rua na Serra

Moradores do Ourimar protestam e fecham rua na Serra

Retirada de barracas de comércios que funcionavam em condomínio gerou revolta. Houve confronto com a PM

Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 03:23

Após a retirada das barracas, cerca de 100 pessoas formaram barricadas e colocaram fogo em pedaços de madeira na rua que dá acesso ao condomínio Crédito: Divulgação / PMES

Moradores do Condomínio Ourimar, na Serra, fizeram barricadas durante um protesto e fecharam a rua Domineu Rody Santana, que dá acesso ao bairro Vila Nova de Colares e ao próprio conjunto residencial, na tarde desta terça-feira (9). O motivo foi a retirada de 10 barracas de comércios que funcionavam dentro do condomínio. Houve confronto com a Polícia Militar.

A ação foi realizada pela Prefeitura da Serra, com apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal, no dia seguinte à publicação da reportagem exclusiva do portal Gazeta Online, mostrando como o tráfico mantém os cerca de 2 mil moradores do condomínio reféns do medo.

Somente em 2017, foram registrados na polícia 48 casos de expulsões de moradores por bandidos. Em cinco meses, sete pessoas foram mortas por causa da ação de traficantes no condomínio. Todos os crimes foram investigados e os autores, presos.

Junto à polícia, uma comissão reunindo judiciário, Ministério Público e prefeitura foi criada para agir na busca da legalidade dentro de Ourimar. A retirada das barracas aconteceu às 9h30 de ontem.

“Tiraram meu sustento. Não fomos informados dessa retirada e nem nos deram um prazo. As barracas são o comércio dentro de Ourimar, caso contrário, o morador tem que ir ao bairro vizinho para comprar alguma coisa”, disse o ambulante e morador Aquiles Rodrigues, 38 anos, que mantém uma barraca de mantimentos desde quando se mudou para o condomínio, em julho de 2016.

Segundo o secretário de Defesa Social da Serra, coronel Jailson Miranda, a retirada das barracas foi uma das medidas previstas pela comissão. “A retirada das barracas que não eram licenciadas pela prefeitura ou pela Caixa Econômica Federal faz parte das ações de organização do condomínio.”

PROTESTO

Após a retirada das barracas, cerca de 100 pessoas formaram barricadas e colocaram fogo em pedaços de madeira na rua que dá acesso ao condomínio e ao bairro Vila Nova de Colares. “Sou trabalhadora, sustento meus filhos e meu pai cadeirante com o que vendo nas barracas. Não somos criminosos”, afirmou a moradora Hozana Barbosa, 28 anos, dona de uma das barracas.

PMs estiveram no local. Houve um princípio de tumulto, e os militares utilizaram balas de borracha contra os manifestantes.

Apesar de os moradores afirmarem que mantêm as barracas desde a criação de Ourimar, em 2016, a prefeitura informou que por, tratar-se de um condomínio residencial, não é autorizada nenhuma atividade comercial no local.

“Também estamos realizando ações sociais no condomínio, como oficinas de artesanato e desenvolvimento profissional”, exemplificou o secretário. As ações devem ir até ao dia 28 de fevereiro. Também foram instaladas duas câmeras de videomonitoramento no local.

Sobre os apartamentos que foram invadidos e a expulsão de moradores, o secretário diz que a responsabilidade é da Caixa Econômica Federal, uma vez que Ourimar é um projeto financiado via programa “Minha Casa, Minha Vida”.

“Não há previsão de retirada dos moradores irregulares, mas uma hora eles terão de sair. Essa retirada dos ocupantes ilegais acontecerá respaldada pelo Judiciário”, alega.

 

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