> >
Monumentos do Centro de Vitória estão em situação de abandono

Monumentos do Centro de Vitória estão em situação de abandono

Com importância histórica e turística, estátuas e bustos não têm placas e manutenção

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 23:35

Busto do deus Hermes sumiu; o monumento ficava na Praça Cecília Monteiro, ao lado do Palácio Anchieta Crédito: Vitor Jubini

Eles perderam o brilho, alguns já não têm placas de identificação, estão quebrados, sem pintura e, aos poucos, ficam quase invisíveis para os que passam por eles todos os dias. Os monumentos do Centro de Vitória que deveriam preservar a história da cidade estão caindo no esquecimento do poder público.

Sem a devida atenção e manutenção, eles parecem perder relevância no cenário da região. Atento à situação, o aposentado e agitador cultural Raimundo Oliveira, de 71 anos, se esforça para divulgar para a seus amigos e familiares o rico passado do centro histórico. Conhece quase todos os monumentos, alguns se lembra de nunca os visto identificados e por isso se mobiliza nas pesquisas.

“Nossa história está sendo jogada no lixo. Estamos no centro histórico e se vê o abandono dos museus, monumentos e bustos”, afirmou.

Raimundo convidou a reportagem para um conhecer os monumentos em um tour pelo Centro da Capital.

PASSEIO

O passeio guiado começou na Praça Cecília Monteiro, inaugurada em 1925. Fica ao lado esquerdo do Palácio Anchieta. O jardim mal cuidado e o desgaste do concreto chamam atenção. Raimundo explica que ali havia um busto que desapareceu.

“Essa praça tem um estilo clássico. O busto que tinha ali foi furtado, era em bronze. O grama está maltratada. Um jovem ou um turista que passa aqui não sabe que é. O local perde sua identidade”, disse.

Na praça ao lado do Palácio Anchieta, há um soldado grande feito em bronze. O monumento foi inaugurado em 1951 em homenagem aos soldados mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Lá havia uma placa com o nome dos solados.

“Aqui tinha o nome dos soldados capixabas. É uma homenagem aos mortos da Segunda Guerra Mundial na Tomada de Monte Castelo, em 21 de fevereiro de 1945”, explicou Raimundo.

Mais a frente, o busto de Domingos José Martins, cuja base é feita com pedras. “Ele foi um personagem que lutou pela independência do Brasil, assim como Dom Pedro I, e foi homenageado com esse busto. As pedras precisam ser lavadas”, reclamou Raimundo sobre a sujeira da escultura.

UBALDO

Na Praça Ubaldo Ramalhete, mais monumentos sem identificação. São três no total, incluindo o busto do próprio Ubaldo, jurista e político capixaba.

Os outros dois que ficam na praça são o Monumento do Trabalhador e um segundo busto, que Raimundo disse não saber quem representava, mas apontou a falta de cuidado. “Esse parece um médico. Os óculos estão quebrados e não tem jardim em sua volta”, comentou.

“As pessoas quando passam para ver uma estátua querem saber que é o que significa, mas assim não tem como”, disse a moradora Amélia da Penha Nunes, de 71 anos, que passava em frente à escultura do trabalhador.

O Monumento do Trabalhador e o busto de Antenor Guimarães estão sem placa de identificação Crédito: Sullivan silva

FAMÍLIA

Na Praça Francisco Teixeira da Cruz, há dois bustos, um de frente para o outro. Não tem placa. “Conta a história que essa área já pertenceu a família Guimarães, e que um dos monumentos homenageia a um deles, mas não sabemos quem é”, destacou Raimundo.

Após contato de A GAZETA, a Prefeitura de Vitória afirmou que um dos bustos é de Getúlio Vargas, o outro é de Antenor Guimarães.

PREFEITURA DE VITÓRIA PROMETE PROJETO DE RESTAUTO 

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Vitória afirmou que o Monumento ao Trabalhador e os bustos de Ubaldo Ramalhete e do Dr. Zerbini, que ficam na Praça Ubaldo Ramalhete, integram o projeto de restauro de monumentos da Capital, que está em processo de preparação.

A previsão é de que o projeto tenha início em 2019, em parceria com o governo federal, por meio do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa).

“Em relação aos restauros dos monumentos depredados, cada obra exige um estudo específico, que pode ser desde ações simples, como lavagem e pintura, ou mais detalhadas”, destacou a prefeitura, em nota.

Sobre as placas da escultura O Expedicionário, na Praça João Clímaco, e dos bustos de Getúlio Vargas e Antenor Guimarães, na Praça Francisco Teixeira da Cruz, a recolocação será feita após pesquisa histórica para que a nova seja idêntica à original, que também será feita com recursos do Finisa.

O Monumento do Trabalhador e o busto de Antenor Guimarães estão sem placa de identificação Crédito: Vitor Jubini

LIMPEZA

Sobre a limpeza das bases, a Secretaria Central de Serviços já incluiu na programação.

Com relação ao busto de Hermes, Deus da Mitologia Grega, que ficava na Praça Cecília Monteiro e sumiu, a Capital informou apenas que, o monumento “não integra a lista da Capital”

feita a partir de um levantamento realizado em 2008.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais