'O que é sexo oral?'. 'Qual a importância de fazer sexo?'. 'O que é masturbação?'. Essas foram três das perguntas feitas por uma professora substituta de Ciências da rede pública municipal de Vila Velha, no bairro Cobilândia, em um exercício de casa repassado aos alunos do 7º ano.
O teor da atividade levou a auxiliar de serviços gerais Vanessa Antônio da Silva a denunciar a professora na Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente e de Política sobre Drogas da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), na última sexta-feira (11).
Assim que tomou conhecimento do caso, Vanessa se revoltou com o que viu e pensou até em tirar a filha da escola. "Foi um absurdo. Minha filha tem só 12 anos, é uma excelente aluna, nunca me deu trabalho, e por conta desse caso o rendimento dela nessa disciplina caiu. Ela comentou com a irmã, que tem 15 anos, que a professora passou uma tarefa de casa estranha, com coisas que ela nunca tinha visto em Ciências. Minha filha mais velha me alertou e fui logo procurar a escola em busca de explicações. Imagine as coisas que ela não deve ter visto quando pesquisou? Minha ideia era tirar minha filha desse colégio, mas não fui à frente porque ela estuda lá desde pequena e é uma escola muito boa", disse a mãe.
Ainda segundo a auxiliar de serviços gerais, o exercício não se limitou à tarefa de casa. Os alunos teriam de explicar as respostas na frente dos colegas de turma.
De acordo com o delegado e deputado estadual Lorenzo Pazolini, atualmente sem partido, a professora aplicou uma atividade em sala de aula sobre a temática sexual e posteriormente passou o dever de casa às crianças.
"A professora começou a abordar o assunto, porém disse que as respostas não foram satisfatórias. Então ela passou um exercício de casa para os alunos. Essas crianças, com idade entre 10 e 12 anos, chegaram em casa, foram ao computador e pesquisaram os termos designados em buscadores. Aí vocês podem imaginar o que apareceu na busca. Surgiram vídeos e fotos de cunho totalmente sexual", detalhou o Pazolini.
Pazolini ainda reforçou que outros pais procuraram a comissão, porém apenas a mãe desta criança formalizou a denúncia. "Os pais tomaram conhecimento dos fatos e ficaram absolutamente revoltados e consternados com a situação. Alguns, porém, ficaram com receio de levar o caso em diante, mas acredito que virão nos próximos dias para formalizarem a denúncia", reforçou.
Assim que tomou conhecimento do caso, a Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente expediu um mandado de notificação para que professora e diretora compareçam na Assembleia e sejam ouvidas, até para darem a própria versão para o ocorrido. Elas devem dar a versão dos fatos na quinta-feira (24) na comissão da Ales.
O deputado estadual reforçou a importância deste tipo de conteúdo ser repassado por profissionais capacitados e com a metodologia adequada, o que segundo ele, não foi observado neste caso.
"O profissional que vai realizar esse ensinamento tem que estar habilitado. O que nós observamos aqui é um caso absolutamente grave e lamentável, pois não havia conteúdo pedagógico e educacional. O que havia aqui era um viés sexual e sexualização precoce. O que deve existir é uma prevenção e orientação no sentido de criar uma conscientização nas crianças para a vida adulta. Fiz questão de pesquisar se havia algum material de apoio ou atividade escolar nesse sentido, mas não havia nada que justificasse", salientou.
A Prefeitura de Vila Velha, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), informou ter ciência do fato. A professora, inclusive, já foi afastada das funções, segundo a nota enviada à reportagem.
Segundo a Semed, o conteúdo foi produzido à revelia da diretora, que, por tanto, não sofre nenhum tipo de sanção. A família em questão já teve pleno diálogo com a direção da escola e com a secretaria e tem todas as informações sobre os procedimentos adotados. Não há nas escolas da rede municipal de Vila Velha conteúdo voltado à educação sexual. O fato foi isolado e já está sob investigação dos setores competentes.
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