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Jornalista Carlos Tourinho morre na Praia da Costa

Jornalista Carlos Tourinho morre na Praia da Costa

Carlos Tourinho recebeu socorro na areia da Praia da Costa por mais de meia hora mas não resistiu e faleceu no local

Publicado em 31 de março de 2019 às 15:18

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Em 2009, Carlos Tourinho lançou livro sobre inovação no telejornalismo. (Bernardo Coutinho)

O jornalista e doutor em ciências da comunicação, Carlos Alberto Moreira Tourinho, de 57 anos, morreu no início da tarde deste domingo (31), na Praia da Costa, em Vila Velha. Tourinho estava com o filho, o servidor público Felipe Tourinho, 30, quando começou a passar mal. Ele chegou a ser socorrido na areia por salva-vidas, pelo Samu, mas não resistiu e acabou falecendo no local.

"Hoje de manhã ele me acordou e falou: 'vamos pra praia'. O mar estava com bastante onda, mas nada que afogasse. Estávamos na água e eu ouvi ele me chamando: 'Felipe, Felipe!. Olha aqui!'. Não imaginei que ele estivesse se afogando. Pensei até que era brincadeira. Fui até ele e vi que ele caiu com o rosto dentro da água. Fiquei desesperado, mas comecei a tirar ele da água e gritei por ajuda" relembrou o filho.

Banhistas que presenciaram a cena e ouviram o apelo de Felipe entraram no mar e ajudaram o jovem. Os salva-vidas realizaram os procedimentos de primeiros-socorros. "Os salva-vidas fizeram massagem cardíaca e respiração boca a boca. Quando o Samu chegou, meu pai foi entubado e continuaram com a massagem cardíaca. Não tinha nem condição de removê-lo para o hospital porque estava com o pulso muito fraco", disse.

Jornalista Carlos Tourinho morre na Praia da Costa

Felipe, que é servidor público do Estado do Rio Grande do Sul, mora em Porto Alegre. Ele veio ao Espírito Santo para convidar o pai para seu casamento. Os dois não se viam desde o último Natal. "Entreguei o convite ontem, ele ficou muito feliz. Estava com passagem marcada e tudo. Meu pai era uma pessoa muito querida, todo mundo gostava dele. Ele fazia de tudo por nós, pelos filhos".

De acordo com o jovem, o pai não apresentava histórico de problemas cardíacos. "Conversei sobre isso com ele ontem. Ele me disse que todo ano fazia os exames do coração, demais exames e nunca teve nada. Acho que foi um mal súbito, mas só a perícia para confirmar. Meu pai mudou para cá tem um ano, queria morar de frente para praia. Vinha pra cá todo dia caminhar e nadar. Era o que ele mais gostava de fazer. Parece até que isso não aconteceu", lamentou o filho.

O supervisor dos salva-vidas de Vila Velha, Diego Imperial, disse que Tourinho estava sempre na praia. "O Carlos Tourinho era um excelente nadador e a gente sempre o via aqui na praia. Ele estava no mar com o filho dele, bem próximo da areia, em um lugar que dava pé. De repente, ele deu um grito: 'Felipe'. O filho dele olhou e viu que ele estava com a cabeça abaixada", conta o supervisor.

Testemunha da fatalidade, a jornalista Naira Scárdua conta mais detalhes. "Na areia, os salva-vidas fizeram massagem. Logo o Samu chegou e continuaram por quase uma hora tentando reanimá-lo, deram injeção e nada. Ele acabou falecendo, infelizmente", conta a jornalista Naira Scárdua.

Afogamento na Praia da Costa, em Vila Velha. (Internauta)

Em nota, a Polícia Civil disse que a ocorrência foi registrada como afogamento, mas que será preciso fazer exames para confirmar a causa da morte. " A ocorrência foi registrada como suposto afogamento. De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima foi socorrida do mar por um salva-vidas, que realizou massagem cardíaca na mesma. Porém, a vítima não resistiu. A perícia da Polícia Civil foi acionada e o corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML), para identificação e realização de exames para comprovar a causa da morte. 

O corpo do jornalista será velado no cemitério Parque da Paz, na Ponta da Fruta, em Vila Velha, nesta segunda-feira (1), as 10h. O enterro está marcado para o meio dia.

AMIGOS LAMENTAM A MORTE

Carlos Alberto Moreira Tourinho trabalhou durante 28 anos na Rede Gazeta. Ele, que começou como repórter, chegou a ser apresentador e chefe de reportagem na TV Gazeta. O jornalista também foi comentarista da Rádio CBN Vitória sobre inovação. Atualmente, Tourinho era doutor em Ciências da Comunicação e dava aulas na Universidade Vila Velha (UVV). Ele também é ex-diretor de Jornalismo multimídia da Rede Record News no ES/Rede Sim, responsável pela implantação do telejornalismo na emissora.

O diretor-geral da Rede Gazeta, Carlos Fernando Lindenberg Neto, o Café, lamentou a morte de Tourinho, enaltecendo seu legado e passagem pela empresa: "Carlos Tourinho nos deixa, mas seu rico legado, tanto para a TV Gazeta quanto para o jornalismo televisivo, fica registrado em suas obras e estudos acadêmicos. Como colega, era pessoa afável, correta e competente. Uma perda lamentável que entristece a todos nós que convivemos com ele em sua longa trajetória na Rede Gazeta".

Quem também se manifestou foi o diretor de jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer. Ele lamentou a morte do companheiro de profissão e amigo de longa data. "Estou muito triste. Conheço o Tourinho há muitos anos, uns 45 para ser mais exato. O Tourinho largou uma carreira no Banco do Brasil por amor ao jornalismo. Deixou uma carreira segura para pegar todo o desafio do jornalismo e sempre honrou o que fez. Foi um jornalista maravilhoso, que seguia como um professor formando novas gerações de jornalistas. Ele era uma pessoa honesta e competente, além de um grande amigo."

O editor-chefe da Redação Multimídia, André Hees, relembrou como Tourinho foi importante durante sua iniciação na carreira jornalística. "Minha primeira experiência na Gazeta foi como repórter substituto da TV, início dos anos 90. Tourinho era chefe de reportagem. Ele me dava as primeiras orientações no jornalismo profissional. Para cada frase, uma imagem correspondente. Fale como se estivesse falando para a dona Maria, para uma tia, para um vizinho: explique as informações com clareza. Eram os primeiros ensinamentos. Fomos colegas ao longo desses quase 30 anos. Agora, ele era professor da UVV e, de vez em quando, nos enviava artigos, pedia palestras para os alunos, trocávamos ideias sobre o futuro do jornalismo. Na quinta passada, ele me perguntou sobre novas narrativas e novos formatos de reportagem, o que estávamos fazendo na redação da Gazeta. Queria compartilhar com os alunos. Fiquei de dar retorno nesta segunda. Agora, ele se foi. Muito triste. Foi um jornalista ético, responsável, comprometido com verdade, com a função social da profissão. Ocupou cargos importantes na TV Gazeta, era um grande companheiro. Fará muita falta para os amigos e para o jornalismo do Espírito Santo."

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 Nas redes sociais, o governador Renato Casagrande se manifestou e lamentou a morte do jornalista. "É com pesar que recebo a notícia da morte do jornalista Carlos Tourinho, ocorrida na tarde deste domingo (31), em Vila Velha. Ele nos deixa um legado de inovação no jornalismo, sobretudo na mídia televisiva. Tourinho ficará marcado como um dos grandes nomes da nossa imprensa. É uma perda imensa para seus familiares, amigos, colegas de jornalismo, alunos e também para nós, seus telespectadores, que acompanhamos sua trajetória. Neste momento de profunda consternação, envio minhas condolências, meu carinho e todo meu apoio."

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