Publicado em 14 de maio de 2019 às 19:52
Uma professora de paleontologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) fez uma denúncia há cinco anos sobre a venda ilegal de um fóssil de um pterossauro um réptil "parente" do dinossauro, feita por uma loja francesa em um site de compras e vendas. De acordo com Taissa Rodrigues, os fósseis brasileiros são protegidos pela Constituição Federeal, que os considera como bens da União. Nesta terça-feira (14), Taissa recebeu a notícia de que o artigo será devolvido ao Brasil.
De acordo com a pesquisadora, esse tipo de material não pode ser exportado e nem vendido no país a não ser que exista autorização para tal. "Temos uma legislação que protege os nossos recursos naturais nesse sentido. Fósseis são considerados patrimônio cultural e natural. A legislação diz que os fósseis são nosso patrimônio em vários pontos de vista, e fazem parte da nossa cultura também", detalhou.
Taissa relata que o Brasil é um país rico em fósseis e que, um lugar especificamente, no sul do Ceará, é cheio deles. "Lá na Bacia do Araripe temos fósseis bem preservados e há décadas eles são muito traficados. Com isso, eles foram parar em vários museus e também em coleções particulares, com colecionadores de fósseis no mundo", completou. A professora informa que, para muitos países, o fóssil não é considerado patrimônio e que nos Estados Unidos e em vários países da Europa é comum ser colecionador desse tipo de artigo.
"É permitido vender fósseis em vários locais do mundo e, por isso, é comum encontrar essas lojas na internet. Os fósseis chegam a ser muito caros. Nós, paleontólogos brasileiros, temos a preocupação em denunciar casos de tráfico dos nossos fósseis. Eles não foram adquiridos no Brasil de forma legal, foram exportados ilegalmente e isso não pode", disse.
DENÚNCIA E REPATRIAÇÃO
Taissa conta que, na época, ela e outros colegas chegaram a denunciar a página que anunciava o leilão do pterossauro e outros até divulgaram em redes sociais. "O site chegou a fechar o anúncio. Na época, o leilão orçava o fóssil em R$ 1 milhão isso já era muito caro. Fizemos denúncia em vários campos. Muita coisa que a gente faz é para conscientizar a população brasileira", explicou.
Mas para conseguir a repatriação desse objeto, ou seja, a devolução, é um pouco mais difícil.
Ao realizar a denúncia pelo próprio site do MPF, Taissa explicou que colocou todas as provas, prints e fotos anexadas no pedido de investigação. Na época, ela só denunciou a venda do pterossauro (de quase quatro metros de envergadura) mas ao iniciar as investigações, de fato, o MPF descobriu dezenas de fósseis em uma única loja: 45 fósseis de tartarugas marinhas, aracnídeos, peixes, répteis, insetos e plantas de milhões de anos que.
"Sou especialista em pterossauro. É um réptil parente do dinossauro. Como sou especialista, olhei a foto e já sabia que ele era brasileiro. Sempre existe a possibilidade de falsificação, mas olhei a foto e confirmei. Ele só existiu aqui. Fiz essa denúncia porque eu sabia reconhecer", concluiu. Quando chegarem ao Brasil, as peças recuperadas passarão a fazer parte do acervo do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri.
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