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Fies: Pedagogia e Direito concentram mais devedores

Fies: Pedagogia e Direito concentram mais devedores

Nas duas áreas, o índice de inadimplência do Fies é alto. Contudo, no Estado, em 85 cursos de graduação há pessoas que com dívida

Publicado em 31 de agosto de 2019 às 21:07

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Muitas escolas estão reduzindo a contratação de pedagogos e, sem trabalho, os profissionais não conseguem pagar o Fies. (Getty Images/Divulgação)

A inadimplência com Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) no Espírito Santo atinge 5.396 pessoas de 85 cursos de graduação. O curso de Pedagogia é o que mais possui endividados: são 900 pessoas que devem R$ 14,3 milhões ao governo. Em seguida, está o curso de Direito com 720 pessoas e uma dívida de R$ 20,8 milhões.

O professor de empreendedorismo da UVV, Rafael Galvêas, afirma que os cursos de Pedagogia e Direito estão entre os mais inadimplentes por estarem entre os que possuem mais matrículas. Entretanto, também estão se formando muitas pessoas que encontram dificuldade de se inserir no mercado de trabalho.

“O mercado está difícil para todas as profissões e ter um diploma universitário hoje não é o bastante. O estudante durante a graduação precisa arrumar bons estágios para ir adquirindo experiência e conseguir ter relação com outras pessoas da área”, orienta.

Especialistas ligados às áreas de Direito e Pedagogia analisam que há problemas pontuais nestes cursos. A presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Rita Cortez, explica que o Ministério da Educação, ao longo dos anos, liberou a abertura de inúmeras faculdades de Direito e, atualmente, chegam a mais de 500. Isso fez aumentar a quantidade de profissionais disponíveis para trabalhar.

MENOS OFERTA

No entanto, a crise econômica reduziu o número de vagas no mercado. Somado a isso, existem áreas que têm reduzido a oferta, como a trabalhista após a aprovação da reforma em 2017, que deixou muitas pessoas receosas de entrar na Justiça.

“As pessoas entram na faculdade achando que vão se formar e irão encontrar trabalho com facilidade, mas a crise econômica afetou muito a contratação de novos profissionais. Quando não se tem essa resposta rápida, muitos não têm condição de arcar com despesas”, observa Rita.

Em muitos casos, ela explica que as pessoas formadas nem podem procurar emprego porque não conseguiram passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Mas ela considera fundamental a avaliação, pois consegue aferir a qualidade do curso e seleciona quem está apto a atuar na área.

O presidente do Conselho Federal de Educadores e Pedagogas no Espírito Santo, Leopoldino Vieira Neto, explica que há inúmeras vagas sendo ofertadas na área de Pedagogia pelo Fies. Muitos, entretanto, não conseguem vaga após formados devido à crise e também à má formação.

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Há muitos profissionais se formando em Pedagogia, tanto em curso presencial quanto à distância. Mas há pessoas que não estão preparadas para o mercado pela qualidade do ensino

Leopoldino Vieira Neto
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O coordenador do curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ítalo Curcio, completa que a crise econômica causa um efeito cascata, que atinge a todos. No caso do profissional de Pedagogia são afetados do estagiário aos que já concluíram a faculdade.

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“É toda uma cadeia atingida por essa crise. Um bancário desempregado tira o filho da escola privada e, dessa forma, o colégio não precisa de tantos professores e estagiários, entre eles os de Pedagogia. Na área da educação básica está tendo uma redução de alunos muito grande nas particulares. Assim, os alunos de Pedagogia que costumam estagiar não estão encontrando vagas, por exemplo”, conclui.

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