> >
Desabamento em Itapoã: cadela Beck, de Colatina, é chamada para resgate

Desabamento em Itapoã: cadela Beck, de Colatina, é chamada para resgate

Dos cães que conseguem localizar corpos sem vida, a Beck, de Colatina, é a que tem mais experiência no Estado

Publicado em 24 de maio de 2019 às 19:21

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Viagem estava prevista para aproximadamente 15h50; Beck foi dentro de uma caixa de transporte específica. (Divulgação | Corpo de Bombeiros)

A cachorra Beck, da raça Pastor Alemão, viajou de helicóptero na tarde desta sexta-feira (24) para ajudar na identificação de possíveis vítimas do desabamento do prédio que ruiu, nesta madrugada, no bairro Itapõa, em Vila Velha. A cachorra pertence ao Corpo de Bombeiros de Colatina, no Noroeste do Estado, e tem um treinamento específico para sentir odores de pessoas mortas.

“Há três cães no Estado que possuem essa capacidade. De todos, a Beck é a mais experiente. Por isso, eles solicitaram a nossa ida para ajudar nessa ocorrência”, explicou o Cabo Breno, responsável pela cachorra, minutos antes de subir no helicóptero, no Estádio Municipal de Colatina. A viagem, até o Campo do Tupi, em Vila Velha, levou aproximadamente 20 minutos.

 

BUSCAS PELA MANHÃ

Durante a manhã, outros dois cachorros, Zara e Rund, trabalharam entre os escombros do prédio. Porém, ambos possuem apenas treinamento para identificar pessoas vivas. “Os odores permanecem os mesmos por 4h ou 6h. Por isso, agora, mobilizamos a equipe de cães de Colatina e pedimos o apoio do NOTAer”, esclareceu a Tenente Andressa, que trabalha no incidente em Itapõa.

No final de janeiro deste ano, a Beck trabalhou durante 14 dias nas buscas das vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. Durante a missão – a maior dela e do tutor Cabo Breno – ela trabalhava das 5h às 21h. No retorno ao Espírito Santo, a cachorra passou por exames para garantir que a saúde permanecia em dia.

CURIOSIDADES SOBRE A BECK

CAPIXABA

Apesar de ser a primeira cachorra do Corpo de Bombeiros de Colatina, Beck nasceu em 2013 na cidade de Serra, na região da Grande Vitória. Ela é filha de outros dois cães importantes no Estado: o capixaba Chep, da Receita Federal, e a paulista Vida, dos Bombeiros de Vitória. A mãe, aliás, também trabalhou no resgate às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho.

Cachorra Beck, que atuou no resgate às vítimas de Brumadinho. (Larissa Avilez)

MUITO TRABALHO

Desde pequena, Beck já se mostrava à frente dos demais irmãos: forte, esperta e corajosa. Para chegar onde chegou, no entanto, ela precisou ralar muito. Logo após desmamar, com apenas 45 dias, ela já começou a ser treinada. Depois, com um ano e meio de idade, ela foi certificada e começou a participar de operações.

SOM DE POMBA

Para chamar a atenção de Beck, os bombeiros emitem um comando sonoro que parece o som de uma pomba. Feito com a própria boca, ele poderia ser transcrito como “prrru”. A equipe de reportagem testou e comprovou: as orelhinhas da cachorra ficaram em pé na hora.

PRIMEIRA MISSÃO

Ela bem que seguiu o rastro de odor humano, mas não conseguiu localizar um homem que havia desaparecido em uma mata da cidade de Governador Lindenberg, no Noroeste do Estado. A culpa, no entanto, não foi dela: o procurado já havia saído do meio das árvores e conseguido chegar a uma estrada local.

FOCO

Atualmente, são cerca de três treinos semanais, de uma hora cada, realizados preferencialmente pela manhã. De tempos em tempos, ela também participa de treinos coletivos com outros cachorros em Vitória. Nesses encontros, há exercícios que contam até com o uso de cadáveres.

MAMÃE

Quem vê Beck em forma nem imagina que ela é mãe de oito cachorrinhos. Os filhotes estão espalhados pelo Brasil. Sabe-se que dois moram na Bahia, um no Amazonas e outro em Goiás. Casa para passar as férias é um problema com o qual ela não precisa se preocupar.

SUCESSO

A primeira missão cumprida com louvor a gente nunca esquece. A de Beck aconteceu em 2015, na cidade de Pancas, no Noroeste do Estado. Um rapaz havia pulado de uma pedra e o corpo estava desaparecido. Bem, desaparecido até Beck usar o seu potente e treinado olfato para encontrá-lo. Infelizmente, a vítima, neste caso, era fatal.

PATINHA QUEBRADA

Como cachorra bem treinada que é, Beck se comportou na consulta veterinária, mas o local está longe de ser um dos favoritos dela, já que traz recordações não lá muito agradáveis. Isso porque em 2016, ela quebrou uma das falanges (parte do dedo) da patinha dianteira direita – a lesão mais séria que ela já teve. Hoje está tudo bem!

SÓ BOAS AÇÕES

Não bastasse trabalhar há mais de quatro anos em inúmeras operações ajudando a encontrar vítimas de crimes e desaparecidos, Beck também é doadora de sangue. Há aproximadamente dois anos, ela fez a primeira doação e ajudou, pelo menos, um amigo de quatro patas.

PAZ E AMOR

Este vídeo pode te interessar

Apesar de pertencer ao Corpo de Bombeiros, Beck mora na casa do Cabo Breno. Nas horas vagas, o agente garante que ela é superdócil, tranquila e brincalhona. Se o dia é muito corrido nos bombeiros e Beck está de folga, a filha e a esposa cuidam com todo carinho dela. O lar deve ser o destino da cadela, quando se aposentar.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais