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Comandante da PM: 'Não precisamos nos esconder atrás das saias'

Comandante da PM: "Não precisamos nos esconder atrás das saias"

Coronel Nylton Rodrigues critica o uso de mulheres em movimento que bloqueou os batalhões e levou o caos ao Espírito Santo em fevereiro de 2017

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 13:02

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Para o comandante da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, a reivindicação da tropa por melhorias salariais é legítima. “O soldado merece ganhar mais, afinal enfrenta a violência nas ruas; tem que ter valorização profissional.” Mas ele critica a forma como o movimento foi feito ao ser questionado se a greve teria sido dos familiares (esposas) ou dos policiais. "Não precisamos nos esconder atrás das saias de ninguém", assinala.

Outro problema, aponta o coronel, é que os pedidos foram feitos da forma errada e na hora errada. Atitude que levou ao desrespeito do juramento feito por todos os policiais. “Fizemos um juramento de proteger a sociedade e temos que honrá-lo. Não podemos abandonar a sociedade à mercê de bandidos. Isso é uma covardia”, assinala. Nessa entrevista ele revela ainda outros bastidores do movimento ocorrido em fevereiro do ano passado.

Passado um ano da greve dos policiais militares, é possível identificar os fatores que criaram um ambiente propício à ruptura desse tecido militar?

São vários, mas podemos começar com a formação. A PM é uma instituição militar e, quando as pessoas do mundo civil ingressam numa instituição como essa, que possui valores e fundamentos, como hierarquia, regulamento e disciplina forte de obediência às regras, precisam vencer um rito de passagem, o que demanda uma formação de qualidade, até porque as gerações mudaram muito nos últimos anos. A minha geração - tenho 30 anos de polícia - e as anteriores já incorporavam, dentro de casa, valores que existem na corporação militar, como chamar pai, tios e professores de senhor. Já vínhamos, de certa forma, moldados dentro de uma estrutura hierárquica que era a família, tudo com muito respeito. Mas isso mudou. Hoje é necessário que as instituições militares prestem mais atenção à formação, para que seja possível o rito de passagem. E, antes do movimento, não tínhamos evoluído na formação.

Dê um exemplo.

No passado fizemos concursos grandes, para mil vagas, o que foi um equívoco. A capacidade ideal da nossa academia é de 400 alunos. Em decorrência desse excesso, mandamos para o interior do Estado alguns alunos, para que se formassem em batalhões, como foi o caso do 3º Batalhão de Alegre e o 2º Batalhão de Nova Venécia. Aluno não se forma em batalhão, mas sim na academia. Verificamos ainda que o tempo de formação, de cinco meses, era pequeno, e sem um período de estágio probatório. As instituições militares precisam proporcionar mais tempo para aqueles que nela ingressam, a fim de que possam se adaptar e incorporar os valores militares.

Como o tempo de formação comprometeu o treinamento e a absorção desses valores? Pode dar um exemplo?

Não há dúvidas de que isso aconteceu e comprometeu, por exemplo, o respeito aos superiores hierárquicos. Ficaram ainda comprometidos o rigoroso cumprimento das ordens e o entendimento da missão constitucional da instituição, além do respeito ao juramento que faz. Quando um soldado se forma, faz um juramento que tem que ser honrado, faz parte dos nossos valores. Mas é preciso tempo de treinamento e formação adequada para que a pessoa possa absorver estes novos conceitos: o estrito cumprimento das obrigações, disciplina, juramento de que nós não podemos cessar os nossos serviços, que é proteger a sociedade.

Houve falha ao traçar o perfil de quem ingressava? Há argumentos de que a entrada de muitos candidatos com formação superior, concurseiros, pode não ter sido adequada à PM.

Traçar bem um perfil de quem ingressa na instituição é hoje uma preocupação nossa. É claro que existem os concurseiros, que estão em busca de estabilidade profissional, o que não é ruim. As pessoas têm que lutar para ter uma carreira, emprego, estabilidade. Mas entendemos que a nossa profissão precisa de vocação para ser exercida. E cabe à instituição, após o processo de seleção, que é dividido em prova intelectual, de saúde, física e psicológica, ter competência e o tempo adequado para identificar quem tem ou não perfil para permanecer na Polícia Militar.

E como isso é feito?

Com a nossa experiência, levando ainda em consideração a avaliação do chefe de cada turma, na academia. Ele conhece todos os alunos, suas famílias, suas histórias, e ensina o civil a se transformar em um militar. Um trabalho que foi perdido nos cursos anteriores, com o excesso de alunos. Então, cabe à PM saber identificar que tem ou não vocação para ser militar. E a hora para isso acontecer é durante o treinamento, quando não só é possível, como também deve se desligar o candidato que não tenha perfil. Esse é um processo importante, e a instituição tem que colocar como prioridade.

O ingresso na Polícia Militar de soldados com formação superior e com um perfil mais questionador resultou em problemas?

É fato que hoje ingressam na PM, como soldados, pessoas com uma formação melhor do que no passado. Mas isso é bom, porque a população precisa de mais qualidade no serviço prestado. Agora, passa a ser ruim quando a pessoa com formação mais avançada começa a concluir que aquela função que exerce é pouco para a sua qualificação, e então passa a não corresponder à atividade básica que precisa executar. Isso não é bom, e temos muitos casos assim. É um problema vivenciado por todas as polícias no Brasil, e foi para sanar também esse problema que aumentamos o tempo de formação na academia para dez meses, com mais um ano de estágio probatório. Assim temos tempo para identificar os possíveis problemas. Quanto ao perfil questionador, ele não é ruim. Evoluímos com o questionamento e as discussões, mas desde que feitos de forma respeitosa.

O fim da segunda via de entrada na PM, em concurso direto para sargento, não resultou em problemas?

O concurso para sargento agora é interno. Cabos disputam uma vaga para o Curso para Habilitação de Sargento, de nove meses, uma progressão de carreira interna. A possibilidade do civil que entrar direto para o cargo de sargento não existe mais. O que é bom para valorizar o público interno, mas desde que tenha mérito e perfil. Não pode ascender só pela antiguidade, como era antes. A lei de promoções incluiu uma pitada de mérito, o que ajuda a definir o perfil, afinal, é uma graduação de liderança. A instituição quer e a sociedade precisa de um profissional de qualidade para exercer uma função de chefia.

Nos últimos anos o comando da PM sempre foi alvo de muita disputa interna, com denúncias contra quem liderava. Isso enfraqueceu a corporação?

Em qualquer empresa do mundo, quando uma diretoria não é leal, não se entende, a tendência e a de que quebre. E a Polícia Militar é uma grande empresa, com 10 mil funcionários, uma diretoria formada por 20 coronéis e seu presidente, o comandante-geral. Esse alto comando precisa estar unido, ter projetos institucionais, ser leal, para que a PM evolua. A PM precisa de projetos institucionais, não de projetos pessoais que fazem mal para a instituição. De forma clara, podemos enxergar que uma das causas por trás de de tudo o que vivemos em fevereiro de 2017 estão os projetos políticos pessoais. É só para olhar para os lados.

A que o senhor se refere?

Todos aqueles que tiveram um discurso desrespeitoso, de abandonar a sociedade, de fazer greve, de insubordinação com os superiores, todos são hoje pré-candidatos a deputado. Então, o alto comando que não estava unido, que não foi leal, e os projetos políticos pessoais fizeram muito mal à PM. Ninguém pode ter um projeto pessoal e levar a instituição a reboque, influenciar negativamente outras pessoas. Muita gente boa responde hoje a inquéritos e processos por ter sido influenciada por pessoas com projetos pessoais. Isso é muito ruim para a instituição. Então, uma das grandes causas de tudo o que vivenciamos foram os projetos políticos pessoais.

O que mais criou problemas?

As nossas antigas leis de promoção.

Elas criavam uma zona de conforto?

Com certeza. Antes, quem entrava no Curso de Formação de Oficiais (CFO), como aluno, no primeiro ano, tinha certeza que chegaria a coronel, porque as nossas promoções ocorriam pelo critério da antiguidade. Isso pode ser bom para as pessoas, mas não para a instituição, porque gera descompromisso, uma zona de conforto, não precisa demonstrar que é bom profissional, porque a sua promoção está garantida. Nós evoluímos com a lei nova de promoções, que inclui o critério mérito. O oficial tem que ter nota para ser promovido. Hoje existe uma comissão que avalia cada oficial, que recebe uma nota para que seja somada ao critério de antiguidade. É claro que, mesmo com a lei antiga, temos muitos oficiais que possuem a disciplina consciente, a desenvoltura de um trabalho forte, mas acabava que esse excelente profissional se igualava com aquele que não era um bom profissional, ou até mesmo se igualava a um péssimo profissional. Chegavam para a promoção um coronel um excelente e um péssimo e, às vezes, o péssimo era promovido primeiro, o que não era justo. Então a lei de promoções nova veio fazer justiça para deixar chegar lá em cima os quem merecem.

O mesmo acontecia com o restante da tropa?

Sim. E aprovamos uma lei para os praças. Agora, para um subtenente ser promovido a tenente – e aí temos uma transposição de carreiras, já que ele deixa de ser praça e ingressa na carreira de oficial –, ele precisa agora fazer um concurso interno para ter acesso ao Curso de Habilitação de Oficiais (CHOA), de nove meses. E, se terminar com aproveitamento, é promovido a segundo-tenente. Não tínhamos isso, pois era automático, pela antiguidade. Éramos a única polícia do Brasil que não tinha o CHOA. A instituição entende que zona de conforto não faz bem para ela. Temos que aliar nossos interesses pessoais, de promoção, aos interesses institucionais, porque a PM quer um bom profissional para oferecer um bom serviço à comunidade.

E a questão salarial era problema?

Sim, claro. A reivindicação é legitima. Eu reivindico melhores salários. Eu mereço ganhar mais. O soldado merece ganhar mais, afinal enfrenta a violência nas ruas; tem que ter valorização profissional. Mas o que aprendi em casa desde novo, com meu pai, é que tudo tem a hora certa e a forma certa de se fazer. Eu não poderia exigir do meu pai o que ele não tinha condições de me dar, e por isso ficar revoltado e brigado com ele. Nós exigimos de uma maneira equivocada a valorização salarial, e na hora errada. Estávamos em meio à maior crise econômica que o Brasil já vivenciou. Os outros Estados com salários atrasados não conseguiam pagar nem conseguem até hoje. Nós estávamos rigorosamente em dia. Então, a hora não era a certa, e a forma, menos ainda. E há ainda outro ponto importante.

Qual?

Fizemos um juramento de proteger a sociedade e temos que honrá-lo. A sociedade não tem nada a ver com a nossa insatisfação salarial. Outro, não podemos abandonar a sociedade à mercê de bandidos. Isso é uma covardia. E mais, nós não podemos cometer um crime para exigir melhores salários. Temos um regulamento disciplinar e um Código Penal Militar. Não posso cometer um crime previsto no código para reivindicar salário, porque vou responder por aquele crime e estou me prejudicando.

E qual o caminho para reivindicar melhorias salariais?

Nossa forma de negociar salário é com o comandante-geral, conseguindo ter diálogo com o governador, com as associações militares, de maneira respeitosa. As associações não têm que tratar a instituição ou o comandante de maneira desrespeitosa. É preciso ter diálogo com o governador, tendo o comandante como interlocutor, mostrando a importância de se valorizar o nosso trabalho. Temos que reivindicar na hora e da forma certa. Foi o que aprendi com o meu pai. Não abandonando a sociedade. Hora errada, forma errada.

Houve falha dos setores de inteligência por não identificarem com antecedência os sinais do movimento grevista?

Sim. Houve falha na inteligência. De maneira muito clara falhou a inteligência da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança no sentido de identificar o plano que estava por acontecer. O que vimos foi uma mobilização no Estado inteiro, com apoio logístico de barracas e alimentação. Então, notadamente existia uma organização, com logística para as portas de todos os batalhões e companhias independentes. A inteligência falha no momento em que não se antecipa ao que aconteceu e por isso considero que houve falhas.

Passado um ano, o que se pode dizer: a greve foi dos familiares ou dos policiais?

O que posso lhe responder é que nós não precisamos nos esconder atrás das saias de ninguém para tomar nenhum tipo de atitude. 

Quando ocorreu a troca de comandante em meio à greve, havia a possibilidade de o Exército assumir o comando da PM?

Se um coronel da PM não assumisse o cargo, seria inevitável que alguém das Forças Armadas o ocupasse. Uma intervenção que seria muito ruim para a PM. Naquele momento ficou claro: ou um coronel da PM assumiria ou viria alguém do Exército.

Havia resistência dos coronéis em assumir o comando?

Os coronéis nunca deixariam de assumir o comando da PM. Mesmo naquele momento muito difícil, em meio a uma crise muito acentuada, jamais abririam mão de sua instituição. Foi o que fizemos.

Mas houve dificuldades internas, dúvidas, discussões?

O governador em exercício, César Colnago, foi quem me ligou, de madrugada, para informar sobre a necessidade de que eu assumisse o comando. Primeiro liguei para o coronel Laércio para saber se tinha deixado o cargo.

Ele saiu ou foi exonerado?

Não sei as circunstâncias. Ele apenas confirmou que tinha deixado o cargo. Então liguei para vários coronéis: Rogério Barcelos, Welington Ribeiro, Marcelo Bermudes Rangel, Alexandre Ramalho, Reinaldo Brezinski, Alessandro Oliveira Lube, Marcio Celante, Douglas Caus, ainda de madrugada. E todos se posicionaram no sentido de que a PM não poderia ficar sem comando. Depois liguei para o governador e aceitei o cargo. Assumi no dia em que ocorreram 42 homicídios no Estado, no auge do problema. Um momento que pediu muito equilíbrio emocional. Já nesse primeiro dia montamos a estratégia para voltarmos a trabalhar. O primeiro ato foi para que as chamadas do policiamento não ocorressem no interior do quartéis, mas em áreas públicas, e a cada dia elas foram tomando mais corpo. Quando a greve efetivamente acabou, a PM já estava quase toda trabalhando, respondendo à chamada nessas áreas públicas.

E a reestruturação nas unidades da PM? Foi para acabar com os focos de resistência?

O Batalhão de Missões Especiais (BME) não foi extinto, voltou a ser uma companhia, a Cimesp. Passei metade da minha carreira em operações especiais, portanto tenho experiência para afirmar que tropa especial não é tropa grande, mas uma tropa devidamente comandada, qualificada, instruída, preparada e cursada. Nossa tropa especial tinha crescido muito em quantidade, de forma semelhante à do Bope do Rio de Janeiro. Quando isso acontece, não há como preparar todos de forma homogênea, e por isso ela voltou a ser companhia, focando sua atuação. Tropa especial é para missão especial, não para missão ordinária. As instituições evoluídas agem assim porque é o certo.

E a Rotam?

O objetivo foi criar uma força tática dentro dos batalhões de área, que necessitavam ter um grupamento tático-móvel. A Rotam tinha obrigação de atuar em todo o Estado, era uma disputa para tê-la em sua unidade. O que fizemos foi nos tornarmos mais eficientes. Hoje cada batalhão tem a sua companhia tático-móvel para atuar na sua região.

E a saúde mental dos policiais. Há muitos casos de suicídio?

A questão de suicídio nas instituições policiais é uma realidade; todos sofrem com isso, porque a profissão é muito estressante, e já existiam casos no Estado. Depois de fevereiro, em nossa instituição, a situação ficou mais grave. Por isso que, através de um processo seletivo simplificado, contratamos seis psiquiatras, quatro psicólogos e quatro assistentes sociais. E no concurso para militares médicos, das 20 vagas, cinco são para psiquiatras. Conseguimos, ainda, em parceria com a Secretaria de Saúde, um prédio novo para os nossos programas de saúde mental. Então, o que temos é uma realidade que já era vivenciada e que, devido ao estresse da profissão, se agravou depois de fevereiro, que foi um momento de estresse para todos, de soldado a coronel, com o equívoco que cometemos. Hoje a saúde virou prioridade do nosso comando.

Era um problema grave?

Sim, e por vários motivos, um deles a gestão. Por exemplo, no Hospital da Polícia Militar (HPM), a marcação de consulta no ambulatório era só feita por telefone, em 2017. Agora pode ser feita por WhatsApp, por um software on-line e por e-mail, além do telefone. Sabe quanto custou fazer a mudança? Trezentos reais. Então a culpa era de quem? Tínhamos nossos problemas internos de gestão que traziam prejuízos para o HPM, que ficou abandonado. Um problema que ninguém queria assumir, inclusive internamente, verdade seja dita. Agora temos médicos civis atuando lá, um caminho novo que foi construído em parceria com a Secretaria de Saúde, que está nos ajudando com a gestão hospitalar. Nosso ambulatório saiu de uma capacidade de 1,5 mil para 8 mil consultas. Evoluímos muito na área de saúde. Na semana que vem chega o ônibus para levar saúde para o interior do Estado.

O que muda no interior?

É a segunda etapa. Estamos resolvendo o problema no nosso hospital na Grande Vitória, que não funcionava e que vai funcionar, e a próxima etapa é o interior. Nossa meta é colocar médicos e dentistas dentro das nossas unidades.

Há outros exemplos de falhas na gestão?

Tínhamos um estudo feito por uma comissão que ouviu as polícias brasileiras e de fora, sobre o regulamento de uniforme e insígnias. Há sete anos ele estava parado, sem ser encaminhado para a aprovação da Assembleia Legislativa. Encaminhamos, foi aprovado e hoje estamos no período de transição para o novo uniforme. Uma instituição militar se caracteriza pela sua uniformidade, não se justifica não ter um uniforme igual para todos em decorrência de um processo parado há sete anos.

E como está o processo de punição dos que participaram do movimento grevista?

Não podemos ter pressa, porque ela leva à injustiça. Os procedimentos estão sendo feitos com muito cuidado, garantindo para todo mundo o direito da ampla defesa e do contraditório. Os pedidos dos advogados de defesa estão sendo atendidos para que os processos não tenham erro. A Corregedoria esta à frente de todos os procedimentos, para que transcorram na maior lisura possível e para que cada um responda na proporção do que fez, nunca numa proporção maior.

Toda a tropa sendo investigada?

Cada unidade possui um inquérito policial militar em andamento, mas não quer dizer que todos os policiais estejam envolvidos. A grande maioria desses procedimentos são para individualizar a conduta e identificar aquele que teve participação de liderança. A nossa tropa é ordeira e de grande valor.

Muitos devem deixar a PM?

Não muitos, alguns. Tudo sendo feito com muita calma, para evitar as injustiças.

E o aumento do número dos homicídios, a tropa demorou a voltar a atuar e isso teve consequências?

Não considero que levou tempo para voltar a atuarem, muito pelo contrário, nossos indicadores de produtividade são melhores do que antes do movimento de fevereiro. O policial não consegue não trabalhar. Isso não existe. Posso falar isso muito bem porque sou policial e conheço policiais, que gostam de prender bandido.

Então, o que aconteceu?

O período de ausência da Polícia Militar nas ruas gerou uma série de problemas no mundo do crime. O criminoso ficou mais ousado. Tivemos aumento do número de enfrentamentos e de confrontos armados. Além disso, entraram mais armas no Estado, ou seja, o bandido teve mais acesso a armas de fogo. Então, a ausência da PM em fevereiro gerou consequências que favoreceu o crime e é o que estamos enfrentando. A expectativa é de que em 2018 a gente retome a redução dos homicídios. No Brasil, nosso Estado foi o que mais reduziu o número de homicídios, saindo de segundo lugar para 15° no principal indicador da violência.

Foi a primeira greve da PM?

Foi a primeira vez. A PM nunca esteve ausente na prestação de serviço para a sociedade capixaba. Temos que arrancar isso da nossa história. Foi um momento que não pode fazer parte da nossa história de 182 anos de grandes serviços prestados à população. Temos gerações e gerações de policiais que passaram por aqui, cujo trabalho precisa ser honrado, protegendo a nossa sociedade.

E o futuro da PM?

Todas as providências já adotadas vão ter consequências em nosso futuro. Fazer com que o oficial mereça chegar a coronel; que galguem os postos mais altos as pessoas certas, as que farão a instituição evoluir. Isso é fantástico para a PM. Estar atentos para não permitir que utilizem a instituição para projetos pessoais, para a nossa formação, porque qualificar a PM é fazer o bem para a instituição, para a sociedade e para o jovem que aqui ingressa. Temos que evoluir muito em tecnologia, para maximar a nossa eficiência. O papel das policiais no enfrentamento da violência é ser eficiente, e só conseguimos isso com união do alto comando, formação adequada e tecnologia.

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