Publicado em 3 de agosto de 2019 às 21:56
Há um ano um investimento de mais de meio bilhão foi anunciado por uma siderúrgica, mas até hoje ele não saiu do papel. A demora em viabilizar o projeto, que ajudará a reduzir a emissão de poeira, o pó preto que tanto incomoda os moradores da Grande Vitória, decorre do processo de liberação do licenciamento ambiental.>
E esse não é o único caso. Informações levantadas por A GAZETA mostram que o problema ocorre com outros projetos da mesma empresa. Um deles enfrenta uma burocracia iniciada há mais de dois anos e a expectativa é de que seja concluída só no final deste ano.>
As duas situações foram identificadas na ArcelorMittal. Os investimentos de R$ 574 milhões, em cinco anos, foram anunciados em coletiva de imprensa em julho do ano passado. A maior parte do valor seria destinada à coqueria onde ocorre a queima do carvão para a produção de um de seus subprodutos, o coque.>
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SURPRESA>
Lá será instalada uma quarta bateria, que substituirá a primeira bateria, com 36 anos de idade. Uma mudança que ajudará a reduzir a emissão de poeira da chaminé 2 em até 50%. O equipamento também vai ajudar a inibir as chamadas emissões de poeira fugitivas.>
Ao ser demandada, a empresa informou, por nota, que o processo de licenciamento foi iniciado com a entrega da consulta prévia junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), órgão responsável pelo licenciamento ambiental, no dia 12 de julho do ano passado.>
No dia 18 de agosto do mesmo ano, a empresa foi informada que, por se tratar de uma substituição de equipamento existente, sem aumento de produção e com melhorias ambientais, o licenciamento seria pela modalidade simplificado, com Relatório de Controle Ambiental (RCA).>
Em 21 de dezembro do ano passado, a empresa protocolou o referido estudo, junto com o requerimento da licença de instalação, e desde então aguardava a conclusão do licenciamento.>
Ao longo da última semana, a reportagem entrou em contato com o Iema, solicitando informações sobre o andamento do processo de licenciamento. Foi informada, por nota, que a siderúrgica apresentou, em junho deste ano, uma documentação complementar. O relatório está sendo analisado pelos técnicos. Reforçamos que o licenciamento ambiental possui prazo legal de análise de até 180 dias, diz o texto da nota.>
No final da tarde da última sexta-feira, após mais de um ano de espera, a empresa recebeu um comunicado do Iema de que a licença da Bateria 4 será emitida esta semana e que estavam concluindo o processo de licenciamento.>
OUTRO CASO>
Outro projeto da mesma empresa enfrenta a burocracia há mais de dois anos. Trata-se de uma planta de dessalinização, que retira o sal existente na água do mar para a utilização exclusivamente industrial no resfriamento de caldeiras, por exemplo. A expectativa é de que a obra seria inciada ainda neste ano, em um investimento de R$ 50 milhões.>
Projeto que até agora não obteve o licenciamento ambiental. Por nota, a siderúrgica informou que, para saber a modalidade de licenciamento que deveria ser feito, a consulta prévia ao Iema foi apresentada em maio de 2017. Em agosto de 2018, o órgão ambiental respondeu, informando que a modalidade do licenciamento seria o simplificado.>
Em março deste ano foi protocolado o Termo de Referência (o que vai ser considerado no Estudo de Controle Ambiental). Em junho também deste ano, foi aprovado o Termo de Referência. Agora a empresa prepara o Plano de Controle Ambiental (PCA) que, após protocolado, será avaliado em até seis meses pelo Iema, e só depois a obra poderá ser iniciada.>
MAIS>
Outro exemplo vem de outro equipamento para controle da poluição ambiental. Trata-se do Filtro de Mangas do basculamento da escória do KR , no Pátio de Escória II e basculamento de gusa em situações de emergência no Pátio BF3, um investimento R$ 51 milhões.>
A ArcelorMittal, por nota, relatou que a tradicional consulta prévia ao Iema foi apresentada em setembro do ano passado para saber sobre a modalidade de licenciamento. Mas somente neste ano receberam a anuência do órgão ambiental para a implantação do projeto.>
Foram nove meses para serem informados que podiam implementar o projeto e que não era necessário o licenciamento ambiental.>
MODERNIZAÇÃO VAI REDUZIR PÓ PRETO>
A modernização de equipamentos em duas unidades produtivas da usina de Tubarão, segundo a ArcelorMittal, ajudará a reduzir o lançamento de pó preto na Grande Vitória. A expectativa da empresa é de que a emissão de poeira, que até dezembro de 2017 era de 5,8 toneladas por dia, caia para 4,5 toneladas/dia em 2023, quando as obras forem concluídas. Em 2018, com investimentos em manutenção e monitoramento, a emissão reduziu para 5,3 toneladas/dia de poeira.>
O total a ser investido na área ambiental será de R$ 1,14 bilhão de reais. Informa a empresa que isso contempla as ações previstas no Termo de Compromisso Ambiental (TCA) assinado com o Estado, no valor de R$ 617 milhões, e a instalação da nova bateria, de R$ 523 milhões.>
O maior impacto, pontua em nota, ocorrerá com a instalação de um novo equipamento, chamado de quarta bateria, que substituirá a primeira bateria, com quase 36 anos de idade. A mudança reduzirá a emissão de poeira da chaminé 2 em até 50%.>
Junto com a chaminé 1, elas lançam 816 quilos de poeira por dia (dados de dezembro de 2017) e deve chegar em 2023 a 480 quilos/dia. O equipamento também vai inibir as chamadas emissões de poeira fugitivas.>
PRAZO DE ANÁLISE DE ATÉ 180 DIAS>
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), por nota, informou que a ArcelorMittal apresentou, em junho deste ano, uma documentação complementar do Relatório de Impacto Ambiental para construção da Bateria 4.>
Acrescentou que o relatório está sendo analisado pelos técnicos. Reforçamos que o licenciamento ambiental possui prazo legal de análise de até 180 dias. O órgão esclarece que, para cada ação proposta pelas empresas, é verificada a necessidade de licenciamento ambiental, diz a nota.>
De acordo com o Iema, o investimento apresentado pela Arcelor, da nova unidade de produção, não está inserido no Termo de Compromisso Ambiental (TCA) assinado em setembro do ano passado. Informa ainda que o prazo mínimo estabelecido pelo TCA para cumprimento das metas de curto prazo é a partir de setembro.>
DINHEIRO CERTO PARA BATERIA>
A ArcelorMittal, por nota, informou que a nova bateria que será instalada na Coqueria já estava prevista no orçamento da empresa. É um investimento que antecede o Termo de Compromisso Ambiental (TCA), assinado em setembro de 2018.>
Acrescenta que, embora no TCA haja direcionamento de metas na Coqueria com foco nas emissões fugitivas, não há meta relacionada à emissões de poeira da chaminé. A empresa preferiu não incluir o investimento da coqueria, pois poderia ser entendido como um aproveitamento apenas para ganho de imagem, destacou.>
Quanto às metas do TCA de curto prazo, diz que as que não dependem de licenciamento ambiental vão ser atendidas no prazo e algumas estão sendo antecipadas. Os investimentos de maior porte, metas de médio e longo prazo, como instalação de wind fences, despoeiramento do Alto-Forno 1, Sinterização e Aciaria, dependem de licenciamento ambiental.>
PROCESSO SEM FIM>
Nova bateria>
Motivo: Projeto de modernização tecnológica, vai substituir outra bateria que está em fim de vida útil. Segundo a empresa, será a mais moderna no mundo e atende aos requisitos da União Europeia.>
Investimento: R$ 523 milhões>
Objetivo: Redução da emissão de poeira em até 50% na chaminé 2 da Coqueria, diminuindo emissões visíveis naquela área.>
Processo de licenciamento ambiental>
12/07/2018 entrada na Consulta Prévia no Iema para saber a modalidade de licenciamento>
18/08/2018 Retorno do Iema indicando à empresa a modalidade de licenciamento simplificado, que demanda envio do Termo de Referencia (RCA) ao Iema>
21/12/2018 Protocolo RCA com Requerimento de Licença de Instalação>
02/08/2019 Empresa recebe a promessa de que a licença será liberada>
Filtro de Mangas>
Motivo: Equipamento de controle ambiental a ser instalado no Pátio de Beneficiamento de Coprodutos>
Investimento: R$ 51 milhões>
Processo de licenciamento>
28/09/18 Consulta Prévia feita ao Iema para saber a modalidade de licenciamento>
05/06/19 Resposta do Iema autorizando a implantação do projeto. Foram nove meses somente para informar que não era preciso licenciamento ambiental.>
Planta de Dessalinização>
Motivo Retirar o sal existente na água do mar para a utilização exclusivamente industrial - no resfriamento de caldeiras, por exemplo.>
Investimento R$ 50 milhões>
Processo de licenciamento>
31/05/17 Consulta Prévia ao Iema para saber a modalidade de licenciamento>
10/08/18 Iema informa que a modalidade do licenciamento será o simplificado>
14/03/19 Protocolo Termo de Referência no Iema (o que vai ser considerado no Estudo de Controle Ambiental)>
19/06/19 Aprovação do Termo de Referência pelo Iema>
Sem prazo Empresa prepara Plano de Controle Ambiental (PCA), que, após protocolado, o Iema terá até seis meses para dar retorno e só depois a obra poderá ser iniciada>
Emprego>
Pico das obras A expectativa é de geração de cerca de 2.380 vagas nos próximos cinco anos. As principais funções a serem contratadas são: engenheiros, técnicos (mecânica, elétrica, automação), soldador, montador, mestre de obras, entre outros.>
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