Pouco mais de três anos depois da maior tragédia ambiental do país: o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, o jornalista e pós-graduado em gestão ambiental André Trigueiro avalia que pouco mudou desde então. Na tarde de ontem, o país foi outra vez palco de um desastre, desta vez na barragem de Brumadinho, de responsabilidade da Vale.
O Brasil não aprendeu a lição do episódio de Mariana. É vexatório para o país, afirma Trigueiro. Em entrevista à Globo News, ele diz que, em três anos, não ocorreram mudanças relevantes nos protocolos de segurança. Nem de remediação de crise, nem de redução de risco de rompimento de barragem no país. Segundo ele, só em Minas Gerais, são 450 barragens.
A efetividade da legislação ambiental também é criticada por Trigueiro. O jornalista afirma que, se as regras fossem realmente colocadas em práticas, haveria como medir se elas são efetivas. "Quando funcionam diante do mundo real, conseguimos aferir se a calibragem da lei é correta ou não. A aplicação deixou muito a desejar, afirma.
Trigueiro declara, ainda, que a falta de punição colabora para os desastres. "Se houvesse multa pesada, prisões... Se não tivesse um clima de impunidade, é de se pensar que não estaríamos testemunhando o que aconteceu hoje", comenta.
IMPACTO
Uma das preocupações é que a lama atinja o rio São Francisco. Nos preocupamos de que forma vai se alastrar esse impacto. Se tivermos período de chuva, o fluxo aumenta e, assim, a lama se espalha mais rápido, explica o professor e doutor em biologia vegetal Thiago Gaudio.
O especialista diz que, até hoje, não é possível medir o impacto ambiental de Mariana. Isso permanece no solo e nas águas durante muitos anos. Não conseguimos saber a dimensão dos problemas causados lá. Da mesma forma que vai acontecer agora, prevê.
Quando tragédias assim acontecem, automaticamente há um desequilíbrio ecológico. Espécies estavam adaptadas com a região e propícias para se reproduzir. Agora, chega a lama muda tudo, diz Thiago.
MARIANA E BRUMADINHO
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