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Árvores da Bacia do Rio Doce vão poder ser monitoradas por QR Code

Árvores da Bacia do Rio Doce vão poder ser monitoradas por QR Code

Ação faz parte de estudo que vai mapear a biodiversidade da flora, as condições do solo e da paisagem nas áreas de nascentes, margens de rios e recarga hídrica da bacia do  Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo

Publicado em 12 de janeiro de 2020 às 06:01

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Árvores recebendo QR Code em inventário florestal na bacio do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo. (Vicente de Morais Júnior / Fundação Renova)

A partir de março,  árvores da bacia do Rio Doce, no Espírito Santo, poderão ser localizadas por QR Code. Por meio do código será possível acessar, com o celular, as informações daquela árvore, como o nome científico e popular, a altura, o diâmetro do tronco, o tamanho da copa e até a sua localização. Na prática, será formando um banco digital da região do Doce.

A ação faz parte de um inventário florestal que vai mapear a biodiversidade da flora, as condições do solo e da paisagem nas áreas de nascentes, margens de rios e recarga hídrica da bacia do Rio Doce, com coleta de material, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo.

Quando todo o trabalho for concluído, um total de 500 mil árvores poderão ser monitoradas em Minas Gerais e Espírito Santo. Destas, cerca de 60 mil vão ser identificadas com QR Code. Todo o material recolhido em campo, no Estado, será levado para um herbário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no campus de São Mateus.

Segundo o Tércio Koehler, especialista de operações agroflorestais da Fundação Renova, este é o maior inventário florestal em andamento no país. "O diagnóstico ajudará no planejamento e nas ações a serem adotadas na região, ajudando a calibrar os indicadores ecológicos, possibilitando mensurar e comparar o avanço do processo de recuperação ambiental com os ecossistemas de referência da bacia, ao apontar, onde há restauração florestal, onde se caminha na trajetória adequada, onde estão áreas de referência, desde a mais degradada até a mais conservada", explica.

Ele avalia ainda que o estudo deixará um grande legado. "São informações importantes para orientar a gestão pública, mas que também possibilitará uma enorme gama de pesquisas em todas as áreas", assinala Tércio.

No Espírito Santo, o trabalho começou pela sub-bacia Pontões e Lagoas, em Pancas, mas também está sendo realizado em Rio Bananal, Linhares, Colatina, Marilândia e Baixo Guandu, e deverá ser concluído até fevereiro, com a apresentação do relatório até o início de março. A partir daí já será possível ter acesso a toda pesquisa feita no Estado e informações das espécies, pelo QR Code.

QR Code em  árvores do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo. (Vicente de Morais Júnior / Fundação Renova)

COMO ESTÁ SENDO FEITO O ESTUDO

O alvo do estudo são as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as áreas de recarga hídrica (locais de nascentes), onde são instaladas unidades amostrais (UAs). Nesses locais são coletadas informações da biodiversidade, amostras de solo e ramos da vegetação e feitas análises do solo.

Segundo Tércio, com o estudo será possível identificar o tipo de solo, a sua fertilidade, o seu uso, se é para agricultura, pastagem, sivicultura, se é floresta, o grau de degradação, que tipo de floresta existe no local, a qualidade em que se encontra, que tipo de árvores possui e até identificar quem está na área e o grau de afinidade destes proprietários com a recuperação do espaço.

Embora a fauna não seja alvo da pesquisa, o avistamento de animais nos locais pesquisados será informado. "Vamos registrar o que for escutado ou visto, até os rastros pelo caminho, indicando, por exemplo, se foi encontrado um animal doméstico, como boi, que é um indicador de degradação da área, ou um animal silvestre, o que é positivo por indicar uma área ecologicamente mais avançada", acrescenta Tércio.

Na prática, será formado um banco digital da bacia do Rio Doce, de onde serão coletadas informações de 7.060 áreas ou unidades amostrais, cada uma delas com cerca de 300 m2. No Espírito Santo serão estudadas 1.200 áreas, das quais 800 já foram realizadas. O trabalho em solo capixaba deverá ser concluído no final de fevereiro.

A coleta dos dados, segundo Tércio, é feita por celular e as informações já vão sendo armazenadas. "Quem tiver acesso a uma das áreas e ao QR Code da árvore, por exemplo, já terá como checar os dados antes da conclusão do relatório", explica, acrescentando que assim que o trabalho no Estado for concluído ele será disponibilizado no site da Fundação Renova.

O estudo abrange 87 mil quilômetros quadrados, cerca de 220 hectares de área amostral, incluindo, aproximadamente, 230 municípios distribuídos entre Minas Gerais e Espírito Santo. Foi dividido em nove sub-bacias: Suaçuí, Piranga, Santo Antônio, Pontões e Lagoas, Manhuaçu, Caratinga, Piracicaba, Santa Maria do Doce e Guandu. A previsão é que o trabalho nos dois estados seja concluído no fim de 2020. O investimento da Renova é de R$ 8 milhões.

DESTRUIÇÃO APÓS TRAGÉDIA

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A bacia do Rio Doce foi fortemente atingida após o rompimento da barragem de Fundão, localizada na cidade mineira de Mariana. A tragédia ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015, no distrito de Bento Rodrigues, e deixou um total de 19 mortos. A lama de rejeitos de minério que desceu pelo Rio Doce e chegou ao mar, em Linhares, afetou dezenas de comunidades.

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