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Areia de praias em Vitória e Vila Velha estão contaminadas

Areia de praias em Vitória e Vila Velha estão contaminadas

Na Curva da Jurema, por exemplo, areia tem quase o sobro do limite de bactérias

Publicado em 1 de setembro de 2018 às 00:25

Testes realizados pela Católica de Vitória Centro Universitário mostram que a areia de praias de Vitória e de Vila Velha estão contaminadas. A média histórica dos exames realizados nas praias mais frequentadas entre os anos de 2014 a 2017 revelam que os indicadores, em alguns pontos, estão acima dos limites recomendados.

São avaliados dois pontos em Vila Velha, sendo um na Praia da Costa, próximo ao Hotel Quality e outro em Itapoã, em Beverly Hills. Crédito: Marcelo Prest

Em Vitória, os resultados apontam contaminação maior na Curva da Jurema e em dois pontos de Camburi. Em Vila Velha, a situação é pior na Praia da Costa. “Curva da Jurema e a Praia da Costa sempre aparecem com níveis elevados por os pontos estarem próximos a locais de lançamento de esgoto. Os resultados são alarmantes”, diz Marcus Covre, professor de Microbiologia que coordena o Projeto Praias da Católica de Vitória.

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Areia de praias em Vitória e Vila Velha estão contaminadas

É avaliado a contaminação fecal na areia a partir da presença de um grupo de bactérias chamada de Enterococos e a E-coli, que são exclusivamente intestinais, por isso são indicadores de contaminação.

A média histórica dos dados (2014 a 2017) mostra que a presença de Enterococos em dois pontos da Curva da Jurema, outro em Camburi e outro na Praia da Costa ultrapassou o limite de 2 mil UFC/100g, recomendado pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABae). UFC é a unidade de formação de colônias de bactérias a cada 100 gramas.

Um ponto da Curva da Jurema, por exemplo, alcançou 3.903 UFC/100g, quase o dobro do limite. Outro em Camburi chegou a 3.718 UFC/100g. Na Praia da Costa, o índice de contaminação ultrapassou 3 mil UFC/100g. “Há meses em que a medição supera em dez vezes o limite”, relata o professor, ponderando que, em geral, são pontos da praia em que nas imediações há lançamento de esgotos no mar, o que reflete na contaminação da areia.

Há variações também, explica o professor, em decorrência do tempo. “Quando chove há um volume maior de esgoto, alguns até fruto de ligações irregulares, que é lançado no mar, contaminando também a areia”, diz.

Covre observa ainda que desde 2014 os testes revelam que os níveis de contaminação apresentam uma tendência de redução. “Os municípios têm adotado medidas de controle de saneamento e isto tem se refletido nos resultados. Em alguns pontos de Vitória e Vila Velha os resultados são alarmantes, mas há uma tendência de queda destes índices”, assinala.

O monitoramento é realizado em três praias de Vitória: em três pontos de Camburi (final da praia, Píer de Iemanjá e próximo ao Hotel Aruan), na Ilha do Boi e em dois pontos da Curva da Jurema (próximo aos barcos e próximo aos quiosques). Também são avaliados dois pontos em Vila Velha, sendo um na Praia da Costa, próximo ao Hotel Quality e outro em Itapoã, em Beverly Hills.

DADOS

Pontos monitorados

Vitória:

Camburi - Final da praia, Píer de Iemanjá e próximo ao Hotel Aruan

Ilha do Boi

Curva da Jurema - Próximo aos barcos e próximo aos quiosques

Vila Velha:

Praia da Costa - Na altura do Hotel Quality.

Praia de Itapoã - Local conhecido como Beverly Hills

Limite

É de 2 mil UFC/100g. UFC é a unidade de formação de colônias de bactérias a cada 100 gramas, segundo a ABae.

Contaminação

A média histórica dos dados (2014 a 2017) mostra que a presença de Enterococos

Curva da Jurema - Um ponto alcançou 3.903 UFC/100g, quase o dobro do limite.

Camburi - Um ponto chegou a 3.718 UFC/100g.

Praia da Costa - Ponto superou 3 mil UFC/100g.

RESPOSTAS PREFEITURAS 

O secretário de Meio Ambiente da Capital, Luiz Emanuel Zouain, informou que desconhece o resultado dos testes já feitos pela Católica de Vitória. Mas destaca que a partir da assinatura do acordo de cooperação, a divulgação dos indicadores ajudará o município a atuar com "mais acertividade e celeridade nos pontos que são de intersse da população, como é a área ambiental".

Uma das ações previstas, adiantou o secretário, é a despoluição do Córrego de Camburi, localizado no final da praia, e que leva contaminação por esgoto ao mar, causando danos também à areia.

A Prefeitura Municipal de Vila Velha informa através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) que retomou, em 2017, os testes semanais de balneabilidade de praias e lagoas do município.

Quanto aos testes que apontam poluição na areia de praias da cidade, assinala que se faz necessário primeiro a análise dos dados. Adianta que na próxima semana a Semma vai procurar o autor da pesquisa para obter uma cópia dos resultados.

AREIA DE PRAIAS DE VITÓRIA SERÃO TESTADAS

O professor Marcus Covre (de camisa azul) e seus alunos colhem amostra da praia da Curva da Jurema Crédito: Bernardo Coutinho

Além da água do mar, a areia das praias de Vitória vai ser monitorada. Exames de laboratório serão feitos mensalmente para checar o nível de poluição ou contaminação por bactérias. A checagem será viabilizada a partir de um acordo técnico que será realizado entre a prefeitura da cidade e uma faculdade.

O secretário de Meio Ambiente da Capital, Luiz Emanuel Zouain, diz que o acordo de cooperação técnica está previsto para ser assinado ainda no início deste mês e será feito com a Católica de Vitória Centro Universitário, que já realiza este tipo de teste há quase cinco anos. “Vamos tornar esta informação pública. Em troca, o município vai oferecer à faculdade os resultados dos testes de balneabilidade das praias. Tudo será feito sem custo para a cidade”, relatou.

A intenção é que o resultado da qualidade da areia seja publicado junto com os resultados da balneabilidade. Por enquanto, falta definir, segundo o secretário, quantos pontos vão ser testados. “É um avanço muito importante no cuidado ambiental. Vitória será a primeira cidade do Estado a testar com frequência a areia de suas praias”, observou Zouain.

Desde 2014, a Católica de Vitória realiza testes mensais com a areia de três praias da Capital. São monitorados três pontos na orla de Camburi, dois da Curva da Jurema e um na Ilha do Boi.

De acordo com Marcus Covre, professor de Microbiologia que coordena o Projeto Praias da Católica de Vitória, após a assinatura do convênio a intenção é ampliar a malha de amostras do projeto, com a inclusão de novos pontos e praias. “Deve entrar mais um ponto na Ilha do Boi e outro na Ilha do Frade”, relatou.

O que será avaliado, segundo o professor, é a qualidade sanitária da areia por meio de análises microbiológicas de indicadores de contaminação fecal. Ele explica que, por suas características porosas, a areia acumula partículas possibilitando o abrigo de micro-organismos de fontes externas, como água, ar e animais.

Será checada a presença de um grupo de bactérias chamada de Enterococos e a E-coli, que são exclusivamente intestinais, por isso são indicadores de contaminação e de que no local existem outros micro-organismos patogênicos (que causam doenças).

LIMITES

Elas vão ser analisadas segundo os critérios estabelecidos em resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que trata de balneabilidade em águas do Brasil. O resultado, com o nível de contaminação, será comparado com o limite máximo recomendado pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABae), uma vez que no Brasil não existe legislação específica para o assunto.

O maior risco para quem frequenta esses locais são as infecções, tanto na pele quanto gastrointestinais, principalmente em crianças e idosos, que estão no grupo de risco. Há informações de que apenas o contato com a areia contaminada já estabelece um fator de risco para a manifestação de gastrenterites, destaca o professor.

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