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Após massacre em São Paulo, aluno do ES envia fotos armado aos colegas

Após massacre em São Paulo, aluno do ES envia fotos armado aos colegas

Estudante do bairro São Pedro, em Vitória, disse que, se "vacilarem" com ele, vai entrar no colégio e matar todos a tiros

Publicado em 14 de março de 2019 às 10:19

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Escola Elza Lemos Andreatta, em São Pedro, Vitória: relatos de casos de armas e bullying. (Bernardo Coutinho)

Casos de jovens armados dentro de escolas estão assustando alunos capixabas. Após o ataque em Suzano, em São Paulo, um estudante do bairro São Pedro, em Vitória, chegou a enviar aos colegas fotos armado dizendo que, se “vacilarem” com ele, vai entrar no colégio e matar todos a tiros.

A informação foi passada por alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Elza Lemos Andreatta, em Ilha das Caieiras, em São Pedro, Vitória.

“Esse aluno já tinha mostrado fotos armado antes em grupos de WhatsApp. Mas após o caso de São Paulo, ele fez ameaças. Enviou aos colegas mais fotos da arma e disse que se ‘vacilarem’ com ele, vai entrar na escola e matar todo mundo. Os professores não têm ciência disso e a gente sente medo de contar”, afirmou um estudante, que não terá nome nem idade revelados por segurança.

Além das ameaças, os jovens contam que já houve caso de alunos que realmente levaram arma para dentro da sala de aula.

“Eu já soube de gente que entrou armada na escola. Não sei se era só para mostrar ou fazer algo ruim, mas o aluno levou a arma há cerca de dois anos. Eu lembro que vários alunos ficaram sabendo, mas não sei se chegou ao conhecimento da direção”, conta.

Outro aluno, de 17 anos, que também viu a arma contou mais detalhes.

“O motivo que levaram a arma eu não sei. Mas ficou à mostra. Eles estavam em grupo e um mostrando para o outro. O que aconteceu em São Paulo pode acontecer aqui porque não há segurança e o acesso à escola é fácil”.

MURO

A facilidade de acesso a que o estudante se refere se dá pelo muro dos fundos da escola. Segundo alunos, pessoas que não estudam no local entram e saem da escola tranquilamente.

“Hoje mesmo pularam o muro. Estava tendo briga e um rapaz de fora pulou para dentro para brigar. Se uma pessoa quiser entrar pra fazer alguma maldade, ela consegue. Mas a escola não percebe que pessoas de fora conseguem pular o muro. Só tem um guardinha e ele não pode estar em todos os lugares”, observou uma aluna de 14 anos.

BULLYING

Outro problema constante, segundo os alunos, são os casos de bullying.

“É muito praticado na escola. Tem bastante. Nem todo professor está preparado. Alguns deixam rolar, outros mandam o aluno para a direção. Já teve conversa sobre isso. Já proibiram o bullying, mas parece que não acontece nada”, disse o aluno de 17 anos.

Para quem sofre as perseguições, como uma aluna de 16 anos, é difícil continuar estudando.

“É comum bullying. Inclusive comigo. Eles me chamam de feia, colocam apelidos. Sentam atrás de mim, falando isso o tempo todo. Algumas horas eu sinto vontade de chorar. Os professores às vezes conversam, outras eles ignoram”, afirma.

PARA SECRETARIAS, UNIDADES SÃO SEGURAS

Prefeituras da Grande Vitória informaram que as escolas municipais contam com vigilância e segurança. A Prefeitura de Vitória afirmou, em nota, que “todos os espaços públicos de educação contam com guarda patrimonial. Esses profissionais também são responsáveis por garantir a entrada somente de estudantes, profissionais e pessoas autorizadas nas unidades de ensino”.

Também em texto, a Secretaria de Educação de Vila Velha disse que as escolas dispõem de vigilância e, em algumas, ela é armada. Ainda segundo a nota, “a maioria das escolas possui câmeras de segurança e tem o equipamento em sala de aula”.

Já Cariacica afirmou que “está com processo de videomonitoramento em curso, e tal licitação contemplará as unidades escolares em um sistema integrado.”

Por fim, a Prefeitura da Serra informou, também em nota, que “a Secretaria de Educação dispõe de vigias armados nos pontos mais vulneráveis, porteiros escolares e alarmes monitorados em todas as escolas. A maioria das unidades de ensino também possui câmeras de videomonitoramento”.

Sobre a situação geral das escolas estaduais, a Secretaria de Estado da Educação (Sesa) informou que “conta com o serviço de vigilância patrimonial em unidades escolares, responsável pela garantia da preservação das unidades de ensino, e com a atuação da Patrulha Escolar”.

O OUTRO LADO

Procurada, a direção da escola Elza Lemos Andreatta informou, por meio de nota enviada pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), que não tem nenhum registro de aluno entrando com arma na unidade.

“A Patrulha Escolar atua de forma preventiva, conscientizando os alunos sobre os malefícios das drogas, consequências do bullying e atos violentos, entre outras ações. Quando qualquer comportamento suspeito de aluno é identificado, a direção da escola faz um trabalho junto à família para reforçar as orientações”, disse.

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Esta reportagem faz parte de uma edição especial de A GAZETA, com a participação de: Aline Nunes, Beatriz Marcarini, Elis Carvalho, Natalia Bourguignon, Esthefany Mesquita e Siumara Gonçalves

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