Publicado em 14 de março de 2018 às 01:04
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) expulsou estudante do, então, quarto período do curso de Medicina, acusado de fraude no sistema de reserva de vagas, as cotas.>
Lucas Delboni Soares foi aprovado no subgrupo de reserva para alunos que cursaram ensino médio em escola pública que têm renda familiar bruta e mensal igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita. Ele declarou que os pais eram separados e que vivia da renda do pai. Na época, primeiro semestre de 2016, a Ufes deferiu sua matrícula.>
Quando foi requerer cadastro no Programa Bolsa Permanência, a Ufes reanalisou a documentação do rapaz e identificou que houve fraude, após denúncia ao Ministério Público Federal (MPF).>
Os seus pais não seriam separados, e a renda de ambos, somada, ultrapassaria o limite previsto no edital de reserva de vagas.>
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Uma sindicância foi então aberta pela Ufes, que resultou na anulação da matrícula de Lucas, em outubro do ano passado.>
Lucas ainda tentou uma liminar na Justiça para que a Ufes o matriculasse no quinto período, neste primeiro semestre de 2018, mas o juiz Rodrigo Reiff Botelho, da 3ª Vara Federal Cível, negou o pedido.>
DENÚNCIA>
Por nota, o Ministério Público Federal (MPF) confirmou que denunciou Lucas em julho do ano passado, pelos crimes previstos nos artigo 299, falsidade ideológica, e 304, fazer uso de documento falso, do Código Penal. Os pais do rapaz, José Braz de Souza Soares e Anna Izabel Delboni de Souza Soares, também foram denunciados no artigo 304.>
O próprio MPF, porém, propôs a suspensão condicional do processo ao considerar que a pena mínima do crime de falsidade ideológica é de um ano. A condição para a suspensão é que os três denunciados não estejam processados ou não tenham sido condenados por outro crime. A confirmação ou não da suspensão do processo será avaliada em audiência no dia 28 de abril, aponta nota do MPF.>
Se o processo realmente for suspenso, o MPF pede que os denunciados compareçam pessoalmente em juízo a cada dois meses para justificar suas atividades; que cada um pague R$ 1.000 em prestação pecuniária ou prestem serviços à comunidade por um ano, com jornada semanal de oito horas; e que fiquem proibidos de sair da comarca onde moram sem autorização do juiz.>
O caso chegou ao Ministério Público após denúncia do Coletivo Negrada, em 2016, quando o grupo apresentou também denúncias de fraudes nas cotas raciais.>
Essas pessoas fraudam as cotas sociais e impedem que a política seja implementada para aqueles a quem foi destinada. Na certeza da impunidade, armam uma série de falcatruas para conseguir ter acesso a essa política. Isso é muito cruel, afirma João Victor dos Santos, militante do Coletivo Negrada.>
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