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Ações da Vale devem continuar em queda na próxima semana

Ações da Vale devem continuar em queda na próxima semana

Papéis devem ter baixa acelerada a partir de segunda

Publicado em 26 de janeiro de 2019 às 03:00

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Data: 23/01/2019 - Bolsa de Valores de So Paulo, Ibovespa - Editoria: Editoria: Economia - Foto: DivulgaÁo - Jornal A Gazeta. (Arquivo)

As ações da Vale no Brasil devem seguir a tendência internacional de queda na próxima semana. Minutos após a divulgação da notícia de que a barragem da Mina Feijão, em Brumadinho (MG), se rompeu, por volta das 13h30 de ontem, os papéis da empresa operados pela Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos, saíram de uma alta de 3% para uma queda de quase 13%. Ao final do pregão, a desvalorização foi de 8,92%.

O reflexo no Ibovespa, no entanto, só deve ocorrer na próxima segunda-feira (28), quando a B3 volta a operar. A bolsa brasileira ficou fechada ontem por ser feriado no Estado de São Paulo. 

De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, com base na oscilação registrada ontem na Bolsa de Nova York, já é possível prever uma tendência de queda na bolsa brasileira.

De acordo com o site InfoMoney, que realiza o acompanhamento do mercado de ações, os American Depositary Receipts (ADRs), que são os papéis negociados na Bolsa de Nova York, da Vale, estavam subindo cerca de 3% durante a primeira hora do pregão; por volta das 14h50, as ações da bolsa chegaram a uma queda de 13%; e, às 16h46, os papéis tinham baixa de 8,92%.

Em valores, os papéis da Vale eram comercializados a US$ 15,44 às 13h30; às 14h55 atingiram a pior baixa em US$ 12,97; e a partir das 16h55 começaram a operar em estabilização em US$ 13,50.

O chefe da mesa de renda variável da Valor Investimento, Pedro Lang, observa que no primeiro momento de queda os negociadores em bolsa já fizeram uma série de ações táticos.

“Quando ocorre um movimento muito abrupto nas ações, nesse caso, a queda, os stops - que são um mecanismo de proteção dos investidores quando um papel começa a se desvalorizar - são ativados e, com isso, um número muito grande de ações começou a ser vendido simultaneamente”, explica.

Ainda segundo o especialista, na segunda-feira, com a abertura da Bolsa de São Paulo, vai ocorrer um movimento forte de venda de ações da Vale, que pode catapultar um movimento de stops no Brasil e fazer com que a especulação dos papéis aumente. “A desvalorização deve ocorrer logo na abertura do pregão, às 9 horas”, aponta.

O sócio da empresa de Alphamar Investimentos, Renan Lima, concorda com Lang e complementa que a movimentação da Bolsa nacional vai levar em conta a repercussão dos próximos dias.

“Ainda teremos dois dias para ter mais informações sobre o que ocorreu, o que pode amenizar a situação da empresa. Porém, pelo que se tem até agora, considerando o fato de que afetou muitas pessoas, o impacto na bolsa pode crescer”, comenta.

Entre os motivos para a queda no valor das ações apontados em relatório de analistas do Itaú BBA, segundo o InfoMoney, estão os investimentos necessários para reconstrução da área do desastre, o possível pagamento de indenizações, além do atraso para obtenções de licenças ambientais e operacionais para a retomada das operações da Samarco.

TRAGÉDIA PODE ADIAR RETORNO DA SAMARCO

Data: 03/04/2014 - ES - Ubu - Quarta Pelotização da Samarco - Editoria: Economia - Foto: Fernando Madeira - GZ. (Fernando Madeira)

O retorno, ainda que parcial, das operações da Samarco, em Anchieta, deverá ser comprometido diante do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.

“Acredito que essa tragédia trará,sim, impactos. A retomada da Samarco está em processo de avaliação junto ao Ministério Público Federal (MPF) de Minas Gerais. E aí, no mesmo Estado, acontece novamente um acidente semelhante? Certamente, esse acontecimento fragiliza tudo o que está sendo feito e dito até aqui”, pondera uma fonte ligada à Vale, que preferiu não se identificar, ao reforçar que esta é uma avaliação realista.

Essa também é a avaliação do economista conselheiro do Conselho Regional de Economia Sebastião Demuner.

“Com certeza, esse acontecimento pode repercutir na volta das operações da Samarco, mas acredito que o que aconteceu em Mariana e em Braumadinho se diferem em relação à operação, ao acidente e aos impactos. Acredito que não devamos misturar os dois casos”, argumentou.

Demuner avalia ainda que a Samarco já deveria ter voltado a atuar e que falta “força política” para que o retorno aconteça.

“Está faltando força política para a Samarco voltar a operar. Para Minas Gerais ela é só um grão de areia, mas para o Espírito Santo ela é 5% do Produto Interno Bruto. Isso é algo que tem que ser pensado”, frisou.

O atraso para a Samarco reiniciar as atividades também é apontado pelos analistas do banco Itaú BBA. Relatório produzido pelo InfoMoney diz que a obtenção de licenças ambientais e operacionais devem ser dificultadas após o novo desastre, adiando ainda mais a retomada das operações da planta industrial de Anchieta.

Desde novembro de 2015, a unidade em Ubu está com as atividades paralisadas por conta do rompimento da barragem de Mariana, que provocou 19 mortes, sérios impactos socioambientais em Minas Gerais e no Espírito Santo e uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba.

A expectativa, até então, era de que em 2020 a companhia retomasse suas atividades no Sul capixaba. Embora a empresa não trabalhasse com uma data oficial para as operações reiniciarem havia uma perspectiva de que isso acontecesse no ano que vem.

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Questionadas no início da tarde de ontem sobre a possibilidade do acidente em Brumadinho atrasar ainda mais o retorno da operação da Samarco, nem a Vale, nem a Samarco se manifestaram. (Beatriz Seixas e Giordany Bozzato)

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