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Petrobras perde píer no Porto de Tubarão; 100 serão demitidos no ES

Petrobras perde píer no Porto de Tubarão; 100 serão demitidos no ES

Vale não vai renovar contrato com a estatal para operar píer de barcaças. Com isso, empresa vai deixar de fornecer combustível para navios que atracam em portos do ES

Publicado em 18 de setembro de 2020 às 20:16

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Porto de Tubarão
Porto de Tubarão: píer de barcaças (píer pequeno no canto esquerdo superior) deixará de ser operado pela Petrobras. (Agência Vale/Reprodução/Secretária de Portos)

Petrobras vai perder o píer de barcaças no Porto de Tubarão, em Vitória. O terminal é utilizado para abastecer navios com bunker e operado pela Transpetro, subsidiária da estatal. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), a medida vai resultar na demissão de mais de 100 trabalhadores terceirizados que atuam nessa operação.

Segundo a Petrobras, a desmobilização ocorrerá a pedido da Vale, proprietária do píer. Com a saída, a partir de 22 de novembro a empresa vai deixar de fornecer bunker (óleo combustível marítimo e Marine Gasoil - MGO) para embarcações atracadas nos portos de Vitória, incluindo os terminais de Tubarão, Praia Mole e Vila Velha.

O píer de bunker em Tubarão é arrendado para a Petrobras desde 1996 e faz parte do Terminal Aquaviário de Vitória (Tevit). Porém, o contrato está chegando ao fim e não será renovado. É por meio do píer de barcaças que a Transpetro faz o carregamento de bunker que abastece os navios que operam nesses portos.

A Vale afirmou que optou por descontinuar a operação de carregamento de bunker no Porto de Tubarão por questões operacionais e que o contrato havia se encerrado no ano passado. "O contrato foi estendido por um ano após o vencimento, em 2019, para possibilitar que a empresa responsável buscasse outras alternativas", informou a mineradora proprietária do porto.

Além do píer de barcaças/bunker, o Tevit é composto pelo píer de granéis líquidos, também operado pela Transpetro, e que recebe navios-petroleiros com gasolina e diesel. Ambos são ligados por dutos aos tanques da BR Distribuidora. Segundo a Petrobras, o fim do contrato com a Vale diz respeito apenas à operação com bunker e, portanto, não afetará as operações de outros combustíveis.

Conforme apurou a reportagem de A Gazeta, o píer de barcaças na verdade é apenas uma extensão do cais de rebocadores da Vale. Ele opera com pequenas embarcações-tanque e barcaças marítimas não propulsionadas.

O diretor de Comunicação do Sindipetro-ES, Etory Sperandio, informou que o sindicato tem visto essa movimentação com preocupação e está acompanhando de perto a situação. Segundo ele, o prejuízo vai além da demissão dos petroleiros e terá grandes impactos também na arrecadação do Estado.

IMPACTO NA ARRECADAÇÃO E NA LOGÍSTICA

Anualmente, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com o abastecimento com bunker no Espírito Santo é da ordem de R$ 6 milhões, segundo o secretário de Estado da Fazenda, Rogelio Pegoretti. Além do impacto na receita, o fim do abastecimento de navios no litoral capixaba trará prejuízos logísticos, na avaliação do secretário.

Isso porque um dos anseios do Estado era justamente elevar o abastecimento de navios, por meio de um bunker mais barato, para estimular a cabotagem nos portos capixabas. Em agosto, o governo do Estado enviou um projeto para a Assembleia Legislativa para reduzir a alíquota do ICMS que incide sobre o combustível marítimo de 17% para 12%, o que faria o derivado vendido aqui ser o mais barato do país.

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Se a Petrobras deixar de fornecer o bunker no Espírito Santo será muito ruim não só do ponto de vista de arrecadação como o logístico, porque vai justamente no oposto do que queremos, que é ter no Estado um hub de cabotagem, uma atividade importante e que precisa ser expandida

Rogélio Pegoretti
Secretário de Estado de Fazenda
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Segundo o secretário, deixar de ter o abastecimento de navios aqui prejudicaria esse projeto e aumentaria os custos de transportes para o Espírito Santo. "O navio vai ter que sair do outro porto com mais peso (pelo tanque mais cheio) porque não vai abastecer aqui. Seriam só prejuízos para o Estado", destacou.

De acordo com Pegoretti, independentemente da decisão da Petrobras e da sua negociação com a Vale, o projeto para reduzir o imposto sobre o bunker será mantido pelo governo para incentivar a cabotagem. "E se não for com abastecimento da Petrobras, que seja por outra empresa. Ou também pela mesma empresa, mas em outro local. Nós faremos o possível para manter essa estrutura no Estado", disse.

A Gazeta já havia mostrado que o abastecimento de embarcações no Estado é baixo em função da alíquota de ICMS cobrada aqui ser mais elevada do que em outros Estados, o que encarece mais o combustível. Apenas 18% dos navios que atracam no Espírito Santo abastecem aqui, já que o bunker compõe 35% do preço da cabotagem.

A Petrobras informou que continuará fornecendo bunker nos seus demais terminais, incluindo os portos próximos do Estado, como no Rio de Janeiro e na Bahia, e que "buscará alternativas para continuidade das operações através de soluções tecnicamente seguras e economicamente viáveis".

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