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Publicado em 17 de novembro de 2022 às 20:23
Abandonado há sete anos na Baía de Vitória, o navio turco de bandeira panamenha Iron Trader mais parece um "navio fantasma". A embarcação está atracada desde 2015 em um cais do Porto de Vitória, próximo do Museu Vale, em Vila Velha.>
A novela do navio esquecido em águas capixabas, porém, está prestes a ganhar um novo capítulo. Isso porque a embarcação foi vendida em um leilão há dois anos e, apesar de continuar no porto mesmo após esse tempo, agora pode finalmente deixar o local.>
De acordo com a empresa que administra o Porto de Vitória, foram tomadas providências judiciais para garantir a retirada da embarcação pela empresa que comprou o navio, com objetivo de viabilizar, assim, a retomada da atividade comercial no local. >
Em agosto de 2020, o Iron Trader foi penhorado em favor da Sudeste Soluções Ambientais Eireli. O valor desembolsado foi de R$ 400 mil para pagamento de encargos trabalhistas dos tripulantes. A decisão foi do juiz trabalhista Marcelo Tolomei Teixeira, da 7ª Vara do Trabalho de Vitória. >
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Com a decisão da Justiça, o Porto de Vitória deixou de exercer o encargo de fiel depositário da embarcação, estando sob responsabilidade da compradora a retirada do navio para liberação da área. Na época, a promessa era que o navio seria retirado do terminal portuário para virar sucata, o que até agora não aconteceu.>
Segundo o Porto de Vitória, o Iron Trader está desde 2015 impedindo tanto que o berço seja utilizado por novas embarcações como a realização de obras de melhorias no local. >
Quem passa pela Baía de Vitória observa que ele está com o casco cada vez mais enferrujado. >
O estado de conservação do navio acende um alerta, principalmente após o navio graneleiro São Luiz, que estava ancorado na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, desde 2016, se chocar contra a estrutura da Ponte Rio-Niterói, perto de Niterói, no começo da noite da última segunda-feira (14). Não houve feridos, já que a embarcação estava vazia. A Marinha investiga o acidente.>
Entretanto, o Porto de Vitória esclarece que, mesmo com a decisão, mantém o navio atracado em um berço de águas abrigadas, adotando todas as medidas de segurança para garantir a embarcação atracada, juntamente com o proprietário.>
A decisão da 7ª Vara do Trabalho de Vitória, em agosto de 2020, tornou “em caráter irrevogável”, a proposta de aquisição da embarcação, em favor da Sudeste Soluções Ambientais Eireli, ou seja, a empresa não poderia voltar atrás e teria que tomar as medidas necessárias para a retirada da embarcação do local. A reportagem não conseguiu contato com a empresa. >
Para a retirada do navio do local, seriam necessários alguns procedimentos junto à Capitania dos Portos, que é a Autoridade Marítima. A embarcação sairia do porto navegando e levado para outro porto para ser desmanchado.>
A reportagem não conseguiu contato com a empresa Sudeste Soluções Ambientais, que comprou o navio.>
O Iron Trader foi fabricado em 1981 e está atracado no Porto de Vitória desde janeiro de 2015. A embarcação havia saído da Turquia dois anos antes, com previsão de parada na África e no Brasil. Na época, a informação era de que a parada do navio seria em Pernambuco, no Nordeste do país, mas a empresa que faria a compra do material transportado cancelou a transação. >
A embarcação, entretanto, não tinha permissão para entrar no porto capixaba e ficou mais de um mês em alto-mar. Ao todo, eram nove tripulantes: cinco turcos, três russos e um sírio. >
A partir de então, começou a faltar mantimentos, água potável, assistência médica e alimentação para seus ocupantes, e a entrada no porto foi liberada por questões humanitárias. Na época, os tripulantes estavam há vários meses sem receber salários.>
Sem representante portuário e sem armador, o navio ficou sem receber combustível, água potável, assistência médica e alimentação para a tripulação. Dois marinheiros turcos, nove meses depois de atracado, em outubro de 2015, ainda estavam no navio vivendo de doações de uma igreja. >
Hoje, não há tripulantes no Iron Trader, que está ancorado no Berço 902 do Terminal de Granel Líquido (TGL), em São Torquato, Vila Velha. O Iron Trader tem 78,7m de comprimento. >
Assim que o navio atracou, houve o desembarque da carga geral (239.430 toneladas), cuja operação foi cercada de segurança máxima por parte da Polícia Federal, Alfândega e Guarda Portuária. >
Em maio de 2015, a Justiça do Trabalho nomeou a Codesa como fiel depositária da embarcação, até que a questão trabalhista fosse resolvida entre a tripulação, o armador do navio e o agente. O arresto era uma garantia, já que o navio não poderia deixar o porto sem que o armador, a empresa Iron Group Inc. Turquia, pagasse as dívidas trabalhistas e as tarifas portuárias.>
A ação trabalhista foi movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Parte do dinheiro da venda do navio seria destinado ao pagamento de encargos dos advogados e outra para quitação parcial dos débitos trabalhistas. O valor não foi suficiente para saldar os encargos devidos aos tripulantes. >
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