Repórter de Economia / [email protected]
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 16:56
- Atualizado há 5 anos
O Estado do Espírito Santo vai se juntar a representantes dos governos de Minas Gerais e de Goiás, de técnicos do Ministério da Infraestrutura e do Congresso Nacional para compor um grupo de trabalho com o objetivo de analisar a viabilidade de investimentos no chamado Corredor Centro-Leste, trecho ferroviário que corta os três Estados. A obra promoveria uma ligação mais eficiente entre o Centro-Oeste brasileiro e os portos capixabas.>
O governador Renato Casagrande se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas; e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, na manhã desta terça-feira (23), em Brasília (DF) para debater o investimento. Como A Gazeta já mostrou, o Senado tem travado a pauta do Marco das Ferrovias para conseguir respostas sobre o projeto.>
A ideia é incluir, dentro do processo renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) por mais 30 anos, a obrigatoriedade de investimentos na região de Serra do Tigre, em Minas Gerais, com a implantação de um contorno ferroviário. Isso reduziria o tempo e o custo de frete, tendo potencial de atrair mais cargas para o Espírito Santo.>
Para a renovação do contrato por mais 30 anos, a VLI (consórcio que explora a FCA) teria de investir R$ 13 bilhões. De acordo com Casagrande, ainda não há entre os investimentos previstos nenhuma destinação de recursos para os Estados que integram o chamado Corredor Centro-Leste, que começa em Goiás, passa pelo interior mineiro e chega ao porto de Vitória.>
>
“O Corredor Centro-Leste abastece todo o sítio portuário do Espírito Santo, que está recebendo grandes investimentos, com a desestatização da Codesa e com os portos privados. É importante que se aproveite a antecipação da renovação da outorga e que a gente conquiste esse investimento, principalmente em relação a transposição da Serra do Tigre”, afirma o governador. >
A FCA tem vários ramais, em diversos Estados brasileiros. Um dos mais importantes liga Goiás à Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde a malha se conecta com a da Estrada de Ferro Vitória a Minas, até o Espírito Santo. O conjunto dessas ferrovias é chamado de Corredor Centro-Leste.>
Contudo, o trecho da FCA que passa pela região da Serra do Tigre é considerado problemático, já que a linha férrea foi construída passando por um terreno elevado, o que reduz a velocidade praticada pelas locomotivas e aumenta o consumo de combustível.>
Por isso, as cargas de grãos e fertilizantes que poderiam vir para os portos do Estado, “passam direto” e são exportadas pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo um estudo das Federações das Indústrias de Minas e do Espírito Santo, a obra do contorno teria um custo estimado em R$ 2,8 bilhões. >
“Nosso pedido é que nessa política [de ferrovias] nenhum Estado fique isolado. Minas Gerais e Espírito Santo são dois Estados que, se não tiverem esse investimento, podem ficar isolados”, disse Casagrande após a reunião. >
O governo do Espírito Santo já afirmou que o investimento na Serra do Tigre pode triplicar o volume de cargas que chegam por ferrovias daquela região, passando das atuais 10 milhões de toneladas para 31 milhões de toneladas por ano.>
“Os estados se sentem um tanto quanto preteridos, considerando que a malha ferroviária gerou as riquezas decorrentes das outorgas. A expectativa é que haja uma contrapartida e que esses recursos permaneçam nos estados”, afirmou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.>
O grupo de trabalho criado durante a reunião na Presidência do Senado tem como objetivo analisar estudos técnicos feitos pelas federações das indústrias de Minas e Espírito Santo. >
Esse material será debatido com técnicos do Ministério da Infraestrutura e representantes do Congresso Nacional, que vão avaliar a viabilidade do investimento. Um relatório final deve ser produzido em um mês. >
O encontro contou ainda com a presença de senador Jean Paul Prates (PT-RN). Ele é relator do projeto de lei do 261/2018, conhecido como Marco das Ferrovias. >
O texto prevê a adoção do sistema de licença para a exploração das ferrovias, e não mais o de concessão. Pronto para ser votado pelo Plenário do Senado, o PLS 261/2018 vinha enfrentando resistência das bancadas capixaba, mineira e goiana.>
Em 18 de fevereiro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), travou o andamento da pauta, que só deve retornar caso a União atenda ao pedido dos senadores de esclarecimento quanto aos motivos para o investimento na Serra do Tigre não estar incluso na proposta da renovação da concessão da FCA.>
“Nosso posicionamento é que, com o compromisso do Ministério da Infraestrutura de atender pelo menos em parte de nossas demandas, a votação do Marco das Ferrovias pode seguir. Mas isso ainda será objeto de discussão das bancadas. O ministro Tarcísio Gomes de Freitas colocou a necessidade de que os recursos oriundos da antecipação dos contratos das ferrovias sejam usados de forma que atenda ao país e nos locais onde possam trazer melhores resultados para o desenvolvimento das exportações. Nós concordamos, mas entendemos que Espírito Santo e Minas Gerais têm uma malha que impacta, e esses recursos precisam nos atender de alguma maneira”, disse o senador Carlos Viana (PSD-MG).>
* Com informações da Agência Senado>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta