Habilitades comportamentais não serão substituídas pelas máquinas
Habilitades comportamentais não serão substituídas pelas máquinas. Crédito: Pixabay

As habilidades que o profissional precisa ter para não perder emprego para IA

Olhar o ramo de atuação, identificar as novidades sobre inteligência artificial e se qualificar pode manter o trabalhador relevante no mercado

Tempo de leitura: 2min
Vitória
Publicado em 24/02/2024 às 17h40

O mundo do trabalho está em constante transformação. Conforme os processos vão se modernizando dentro das empresas, algumas profissões deixam de existir para dar lugar a outras. E isso acontece desde o início da revolução industrial, a partir da segunda metade do século XVIII.

Com a chegada da inteligência artificial (IA), não é diferente. Isso porque ela pode acabar com diversos empregos que exercem atividades repetitivas, ou seja, que exigem esforço humano. Embora possa haver essa substituição, algumas habilidades e competências são próprias dos seres humanos e dificilmente serão ocupadas pelas máquinas. E é por isso que especialistas defendem a necessidade de investimento constante na carreira

A especialista em gestão de pessoas e comentarista da CBN, Andrea Salsa, explica que a relação entre aptidão humana e habilidades de IA vem ampliando de forma exponencial tanto a produtividade quanto a excelência.

“O trato humano e as relações interpessoais precisam ser reposicionados dentro desse novo cenário. Os interesses e conexões das pessoas com o trabalho estão se alterando rapidamente e é preciso encontrar o novo sentido para mantê-las vinculadas ao desejo de trabalhar e produzir”, comenta.

Wesley Rodrigues Amorim, engenheiro da computação que investe em capacitação
Wesley Rodrigues Amorim, engenheiro da computação que investe em capacitação. Crédito: Arquivo pessoal

Há cinco anos no mercado de tecnologia, o engenheiro de computação Wesley Rodrigues Amorim viu a necessidade de ampliar seus conhecimentos, desta vez com foco na área de humanas. Segundo ele, que sempre trabalhou com software e escreveu uma tese sobre inteligência artificial, havia chegado a hora de aprender a lidar com pessoas.

Wesley Rodrigues Amorim

Engenheiro de computação

"Após um tempo lidando com computadores, senti que precisava desenvolver outras habilidades e fui cursar MBA em Gestão de Pessoas. Outros projetos e cuidados especiais também entraram nessa lista"

Amorim conta que a ideia de se especializar veio após ele perceber que era um ponto de referência em algumas equipes.

“Na área de tecnologia, todo mundo entende de máquinas, mas ninguém aprende a lidar com seres humanos, gestão de conflitos, entre outros pontos. É preciso ter conhecimento em TI, mas também é preciso ter habilidades comportamentais. Esse é um diferencial que pouca gente tem", pontua o engenheiro.

Wesley Rodrigues Amorim

Engenheiro de computação

"Um robô nunca vai substituir quem faz um trabalho bem feito, assim como a IA nunca vai substituir comportamentos e emoções”, "

Dicas para não ser substituído (e demitido) pela IA no trabalho

  1. 01

    Revolução digital

    Especialistas identificam a chegada da IA como uma revolução digital. Um desses caminhos é a aquisição de competências de habilidades relacionadas à própria inteligência artificial. Da mesma forma que a tecnologia pode acabar com alguns empregos, naturalmente vai exigir a criação de outros.

  2. 02

    Novas profissões

    Dentro da tecnologia da informação, uma área que está surgindo, por exemplo, é a de design tecnológico, que é exatamente o profissional que cria o ambiente da IA. O setor de tecnologia enfrenta um apagão de mão de obra, por isso, se desenvolver é essencial para não ficar de fora do mercado de trabalho. A inteligência artificial também pode abrir a possibilidade de novos negócios, principalmente para o empreendedorismo de inovação.

  3. 03

    Habilidades comportamentais

    O diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Espírito Santo (ABRH), Cosme Peres, lembra que as habilidades comportamentais podem ser desenvolvidas por meio de treinamentos, já que nem todo mundo nasce com ela. Algumas organizações oferecem esse tipo de qualificação, mas o profissional deve procurar a especialização e não ficar esperando que a iniciativa parta da empresa. Hoje é possível fazer um curso sem sair de casa, inclusive, com opções de graça. Livros físicos ou digitais também podem facilitar esse processo. Outra opção são os podcasts. "Basta o profissional escolher o formato que for melhor para ele. O desenvolvimento deve ser contínuo para o sucesso da carreira."

  4. 04

    Ramo de atuação

    As inovações tecnológicas exigirão uma constante requalificação da força de trabalho. Olhar o ramo de atuação, identificar as novidades em relação à IA e se qualificar pode manter o trabalhador relevante no mercado. Pesquisas apontam que o trabalho será marcado pela cooperação direta entre humanos e máquinas.

  5. 05

    Hard skills

    A especialista em gestão de pessoas Andrea Salsa aponta que as competências chamadas de “hard skills”, ou competências técnicas, são essenciais para o profissional saber lidar com toda essa tecnologia, mas as habilidades comportamentais serão indispensáveis para trazer o diferencial humano que a IA ainda não é capaz de gerar.

  6. 06

    Power skills

    O diferencial ficará com as chamadas power skills ou habilidades de poder. São elas: comunicação, resolução de problemas, liderança colaborativa, inteligência emocional e pensamento estratégico. É bom lembrar que comportamentos e formas de lidar com diversas situações que aparecem no dia a dia vão além do conhecimento técnico aprendido em bancos escolares e universitários. O desenvolvimento dessas características é recomendado por especialistas para o sucesso da carreira.

  7. 07

    Principais mudanças

    Andrea Salsa salienta que a relação entre aptidão humana e habilidades de IA vem ampliando de forma exponencial tanto a produtividade quanto a excelência. Entretanto o trato humano e as relações interpessoais precisam ser reposicionados dentro desse novo cenário. Os interesses e conexões das pessoas com o trabalho estão se alterando rapidamente e é preciso encontrar o novo sentido para mantê-las vinculadas ao desejo de trabalhar e produzir.

  8. 08

    Autonomia

    Para a gerente executiva de Educação Sesi/Senai, Tatiane Franco, cada vez menos as pessoas serão controladas e terão mais autonomia, reforçando a necessidade de autogestão e comprometimento nas entregas. Segundo ela, há ainda as profissões ligadas à cibersegurança, pois as organizações precisam proteger dados e informações estratégicas, além da conscientização sobre ameaças digitais.

  9. 09

    Diferenças

    As empresas contam com diversos departamentos e equipes com integrantes de gerações diferentes. Por isso, a capacidade de estabelecer relacionamentos, motivar e convencer são pontos a serem desenvolvidos. Como a IA não substitui o relacionamento humano, as relações são sempre baseadas na compreensão do próximo e respeito às diferenças.

  10. 10

    Apresentar soluções

    Aplicações de inteligência artificial generativa são ótimas para converter os meios de expressão da linguagem entre si, como audiovisual para texto, texto para código de programação ou tradução e dublagem automatizadas, conforme observa o coordenador de EAD da FDV, Bruno Costa. Da mesma forma,  segundo ele, chatbots treinados a partir de documentos das empresas podem auxiliar, de modo cada vez mais eficiente, em tarefas básicas, como responder a dúvidas frequentes de clientes ou na triagem de casos das demandas. "Para isso, dominar essas ferramentas para usá-las na resolução de problemas profissionais do dia a dia é o que se espera", afirma.

  11. 11

    Proteção de dados

    Bruno Costa, da FDV, afirma que problemas de ordem prática e dilemas éticos que podem surgir com as IAGs acabam por abrir espaço para a atuação profissional em diversas demandas emergentes. Ele explica que, uma vez que as soluções baseadas em inteligência artificial são tão eficientes quanto mais dados estiverem disponíveis para treinamento de seus modelos, abre-se ainda mais espaço para especialistas em proteção de dados pessoais.

  12. 12

    Autoria

    As tecnologias também colocam em questão normas de propriedade intelectual e a própria regulação da criatividade por meio dos direitos autorais, das redefinições de autoria e titularidade das obras. Além disso, a necessidade de governança dessa espécie de tecnologia demandará regulamentação própria que, por sua vez, também fará surgir novas oportunidades de trabalho e novos espaços de atuação.

  13. 13

    Criatividade e proatividade

    A professora de Direito Empresarial da FDV, Alessandra Lignani de Miranda Starling e Albuquerque, comenta que profissionais criativos e proativos, com um pensamento crítico, não serão substituídos pela IA. Conhecer mais de soft skills e ampliar as áreas de conhecimento ajudará quem pretende seguir no mercado de trabalho, sendo um grande diferencial de adaptação e destaque no mundo tecnológico.

  14. 14

    Empatia

    O grande diferencial entre ser humano x IA é ter empatia e praticá-lá, algo que a tecnologia ainda não domina. Apesar de a IA ainda não ter o domínio das emoções humanas, ela consegue fazer pequenos diálogos, emitir opiniões, porém não com tamanha sabedoria e sensibilidade como as pessoas que precisam lidar adequadamente com os conflitos e buscar soluções, diante do cenário dos dilemas do mundo atual, como destaca Alessandra Albuquerque, da FDV.

  15. 15

    Habilidades

    Segundo Bruno Costa, da FDV, as habilidades ainda consideradas intrinsecamente humanas, como alteridade (colocar-se no lugar do outro), maturidade emocional, manutenção de arranjos interpessoais e pensamento crítico são menos suscetíveis à automação. Sua importância sempre foi reconhecida no mercado de trabalho e, neste novo cenário, é provável que profissionais com essas habilidades passem a ser ainda mais valorizados.

  16. 16

    Novo mercado

    Cosme Peres, da ABRH-ES, defende a necessidade de que sejam desenvolvidas políticas públicas e educacionais para que as pessoas estejam preparadas para este novo momento. “Falamos em desenvolver habilidades de tecnologia, como desenvolvimento de softwares e aplicativos, mas o quanto isso é acessível? A perda ou não de empregos vai depender do quanto as pessoas estarão prontas para as novas mudanças”, comenta Peres.

Fonte: Tatiane Franco, gerente executiva de Educação Sesi/Senai; Bruno Costa, coordenador de EAD da FDV; Alessandra Lignani de Miranda Starling e Albuquerque, professora de Direito Empresarial da FDV; Bruno Costa, nosso coordenador de EAD da FDV; e Andrea Salsa, especialista em recursos humanos.

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