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Publicado em 30 de maio de 2025 às 13:47
Um estudo realizado em todo o país mostra como as capitais estão posicionadas em relação à infraestrutura cicloviária e a aspectos que refletem a segurança para os usuários de bicicletas. Vitória é destaque em estrutura de ciclovias, mas lidera no indicador de mortes de ciclistas.>
Os dados, apurados em 2023 e 2024, são do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) e revelam que a Capital do Espírito Santo está em segundo lugar no quesito proximidade da população em relação à infraestrutura cicloviária, com 50,03%, atrás apenas de Fortaleza (56,03%), no Ceará. O indicador serve para medir a distribuição da malha de ciclovias pela cidade. >
Vitória também se destaca na proximidade de mulheres negras com essa estrutura, ocupando o topo do ranking com 32,91%. Esse indicador foi estabelecido na pesquisa porque alcança um perfil que, nos estratos sociais, é da pessoa mais vulnerabilizada na hierarquia da mobilidade urbana, conforme afirma a gerente de mobilidade ativa do ITDP, Danielle Hoppe. Além disso, diz ela, as mulheres têm um padrão de deslocamento diferente dos homens, e o sistema de transporte público é pensado para o padrão masculino, considerando, na maioria dos locais, os horários de pico de trabalho da manhã e noite. >
Por outro lado, a capital capixaba ocupa a pior colocação nos quesitos internação e mortes de ciclistas. No primeiro indicador, a taxa por 100 mil habitantes é de 58,23 e, de óbitos, 5,14. Num levantamento mais recente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a Grande Vitória registrou, em 2024, 52 acidentes envolvendo bicicleta e 14 mortes — duas na Capital. Nos primeiros quatro meses deste ano, a região teve 15 ocorrências com ciclistas, mas Vitória não registrou casos. >
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Para completar, num levantamento da Aliança Bike, Vitória aparece com índice negativo, de -2,23%, em relação a aumento da malha cicloviária, no comparativo de 2023 e 2024. Esse resultado, segundo o estudo, pode representar desativação de trechos que, na soma geral, levou à redução da extensão, ainda que outras ciclovias tenham sido implantadas. >
Danielle Hoppe, que também é mestre em planejamento urbano, ressalta que, para uma cidade ser considerada amigável para o ciclista, é necessário reunir uma série de fatores. >
"Fala-se muito em infraestrutura cicloviária, mas a gente precisa abordar a mobilidade da ótica da segurança. Melhorar a estrutura vai atrair o usuário, mas o quanto vai se manter seguro enquanto está andando de bicicleta?", aponta. >
É claro que ciclovias e ciclofaixas são importantes, observa Danielle, conectando pontos para comércio, trabalho, escola — e não apenas para lazer. Mas a bicicleta, para ser meio de transporte, precisa que tenha para o usuário a estrutura em trajeto que também é pensado para carro e ônibus chegarem. >
Além disso, a gerente do ITDP destaca que o limite de velocidade para os veículos motorizados merece maior atenção dos gestores de trânsito. Danielle lembra que, pela recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em áreas urbanas a velocidade máxima nas vias com ciclovia é de 50 quilômetros por hora. Em regiões com ciclofaixa, separada do tráfego somente com tachão, o máximo deve ser 40 quilômetros por hora. Com velocidade reduzida, também diminui o risco de morte, segundo afirma a especialista. >
Para Danielle, as cidades também precisam adotar outras medidas para estimular o uso de bicicleta no dia a dia, como os serviços de compartilhamento e aumento das áreas de sombreamento para os usuários não ficarem tão expostos às ondas de calor. >
"Vale olhar para Fortaleza como exemplo. A cidade vem implementando estrutura cicloviária há mais de 10 anos, mas tem um pacote de medidas que não se limitam à infraestrutura. O poder público precisa mostrar que está a favor do uso da bicicleta", sustenta. >
O secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória, Alex Mariano, destaca que a gestão municipal tem atuado para ampliar as ciclovias da cidade e também investe na manutenção das estruturas existentes. Um dos trechos que considera emblemáticos, e que criou um anel cicloviário na Capital, é o da avenida Rio Branco, ligando as avenidas Dante Michelini e Leitão da Silva. >
"Foi um desafio muito grande fazer essa conexão, que atende diversas regiões, como os bairros do Território do Bem e da Grande Maruípe", pontua. >
Alex Mariano acrescenta que outros projetos de infraestrutura viária e qualificação contemplam o uso de bicicleta, a exemplo da reestruturação da Beira-Mar. Atualmente, Vitória tem a seguinte configuração:>
Com os projetos em andamento, a ideia, segundo o secretário, é quase dobrar a estrutura de dentro dos bairros e aumentar em 12 quilômetros a extensão de ciclovias e ciclofaixas. >
Alex Mariano ressalta que a administração estimula o uso da bicicleta, tanto que renovou a frota para compartilhamento. São 200 bikes à disposição da população e 34 estações espalhadas pela cidade. Sobre segurança, o secretário afirma que a prefeitura implementa ações de educação de trânsito nas escolas. >
Medidas educativas também fazem parte da estratégia do Detran. "O uso seguro da bicicleta, as obrigações dos ciclistas e dos condutores de veículos automotores para com os ciclistas são abordadas de forma preventiva em ações educativas nas vias públicas, empresas e instituições de ensino. O tema também é constante em posts nas redes sociais oficiais do órgão e em campanhas publicitárias com ampla veiculação nas emissoras de TV, rádios e sites de notícias", afirma o órgão. >
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