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Técnica de enfermagem ficou em choque após queimar bebê em hospital no ES

Técnica de enfermagem ficou em choque após queimar bebê em hospital no ES

A profissional de 34 anos chorou durante o depoimento, segundo a Polícia Civil; ela foi indiciada por lesão corporal culposa

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 18:51

A família de José afirma que ele teve o pé queimado enquanto estava em berço aquecedor no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves.
A família de José afirma que ele teve o pé queimado enquanto estava em berço aquecedor no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves Crédito: Reprodução | Rede Social

“Como foi que eu fiz isso?” Essa frase foi repetida diversas vezes pela técnica de enfermagem de 34 anos após ficar em choque ao realizar um procedimento que queimou o pé do recém-nascido José no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, em 19 de agosto. A cena foi descrita pelos funcionários do centro médico à Polícia Civil durante a investigação. 

Segundo a adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegada Thais Cruz, todos os funcionários do hospital também estavam abalados com a situação e contribuíram com a perícia da Polícia Científica. O resultado da apuração foi o indiciamento da profissional da área da saúde por lesão corporal culposa. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (8).

O desespero pelo ferimento causado no bebê permaneceu enquanto a profissional esclarecia os fatos na DPCA. A delegada disse que ela chorou durante o depoimento e contou ter usado a técnica como forma de aumentar a temperatura do pequeno para fazer um exame de glicose. Devido a situação, a Secretaria da Saúde (Sesa) instaurou uma auditoria e demitiu a mulher de 34 anos três dias após o bebê ficar ferido

“Durante a investigação, todas as testemunhas falaram que a técnica entrou em choque depois que viu que o pé do bebê queimou. Ela assumiu que, em uma boa intenção de tentar aumentar a temperatura do bebê, ela fez esse procedimento que não está entre as indicações do Jayme. Ela aprendeu em algum lugar. A perícia não conseguiu identificar como a fagulha que levou à queimadura começou”, explicou a delegada. 

O delegado-geral da PCES, José Darcy Arruda, e a adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegada Thais Cruz, e
O delegado-geral da PCES, José Darcy Arruda, e a adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), delegada Thais Cruz Crédito: Divulgação | Polícia Civil

Lesão corporal culposa

O inquérito foi finalizado com o indiciamento por lesão corporal culposa — quando não há intenção do crime. Isso porque a profissional utilizou uma técnica aprendida por conta própria, que não é ensinada no hospital, porém, sem intenção de machucar o bebê.

O delegado-geral da PCES, José Darcy Arruda, desatacou que, mesmo sem o objetivo de ferir o recém-nascido, a técnica acabou cometendo imperícia, imprudência e negligência.

“Não teve dolo (intenção), ela não quis produzir o resultado, ela não quis assumir aquele resultado que era lesionar o bebê, mas a conduta dela foi negligente. Ela agiu com uma culpa. Nós lamentamos, mas que isso sirva também de informação a todo profissional de saúde que tenha cuidado e um pouco mais de esmero ao tomar determinados comportamentos", frisou.

O inquérito foi enviado ao Ministério Público do Espírito Santo, que encaminhou para o Juizado Especial de Pequenas Causas, já que a pena, caso seja condenada, é menor do que dois anos.

Relembre o caso

O pequeno José sofreu uma queimadura no pé esquerdo horas após nascer, em 19 de agosto. De acordo com a mãe do bebê, Sara Peisino Barboza, o menino estava em um berço para aquecer, pois a temperatura corporal dele havia caído. Pouco depois, ele acabou sofrendo queimaduras quando a técnica de enfermagem colocou um algodão quente no pé dele.

Por causa do machucado, o pequeno ficou internado no Hospital Infantil, em Vitória, mas recebeu alta em 25 de setembro, mais de um mês depois do caso. A família esclareceu que ele seguirá indo ao hospital para acompanhamento.

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