Vitória
Professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) optaram por continuar em greve, na contramão da decisão do Comando Nacional de Greve (CNG) de encerrar a paralisação nas universidades e institutos federais de ensino no país. A informação foi confirmada pela presidente da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), Ana Carolina Galvão, nesta segunda-feira (24). Já no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), as aulas serão retomadas.
No domingo (23), após a realização de assembleias estaduais, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), por meio do CNG, decidiu aceitar a proposta de reajuste enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e retomar as atividades nas instituições do país a partir desta quarta-feira (26).
"A reivindicação nacional era de uma recomposição salarial e não aumento salarial, que representava 22,71% para ser dividido em três anos. O governo fez uma contraproposta de 0% para 2024, 9% para 2025 e 3,5% para 2026", disse Ana Carolina, em entrevista ao repórter Paulo Ricardo Sobral, do Gazeta Meio Dia, da TV Gazeta.
"A gente deliberou [no domingo] por continuar a greve, o que foi na contramão [da decisão nacional], mas, ainda assim, como várias outras seções sindicais fazendo essa mesma indicação", completou a presidente da Adufes.
Em nota enviada para a reportagem de A Gazeta, a Adufes informou que, nos próximos dias, deve realizar uma nova assembleia para a definição de mais assuntos ligados à greve.
"Ainda que o Conselho Nacional de Greve (CNG) tenha feito o levantamento das deliberações do conjunto das assembleias, cada universidade tem sua particularidade, data e deliberação própria. Conforme comunicado do CNG, a rodada de assembleias deve ser realizada até 3 de julho. O Comando Local de Greve (CLG) vai se reunir e, em breve, teremos mais detalhes", informou a Adufes.
Em comunicado nas redes sociais, a presidência da Adufes reforçou a decisão em continuar com a greve.
"Nossa decisão foi pela continuidade da greve e a não assinatura [dos termos com o governo] assim como mais de uma dezena de seções sindicais que também decidiram dessa forma. Então a greve continua até que nos façamos uma nova assembleia em que nós precisamos debater como que nós vamos, localmente, organizar o nosso processo de greve", disse Ana Carolina Galvão, informando que o Comando Local de Greve fará uma reunião nesta terça-feira (25).
O Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes) também permanece com o movimento grevista. “O Comando de Greve do Sintufes reuniu-se na manhã de sexta-feira (21) para discutir o andamento da greve. Após um debate sobre as possibilidades do movimento paredista, ficou decidido que é importante continuar na luta, mantendo as atividades nas tendas. No entanto, foi reconhecido que a greve está se aproximando de sua conclusão", informou o Sintufes.
Nos quatro campi da universidade, em Vitória (Goiabeiras e Maruípe), Alegre e São Mateus, as atividades de ensino, pesquisa e extensão estão parcial ou totalmente suspensas desde 15 de abril, quando se iniciou o movimento grevista, impactando mais de 20 mil alunos.
Diferente a Ufes, no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), as aulas serão retomadas. Na terça-feira (18), a base do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica do Instituto Federal do Espírito Santo (Sinasefe-Ifes) aceitou, em assembleia geral, as propostas do governo federal para as carreiras de docente e técnicos-administrativos (TAE), e decidiu por encerrar a greve.
As principais reinvindicações dos trabalhadores do Ifes eram voltadas para recomposição do orçamento do instituto e também dos salários. O pedido era para 22% para professores e 32% para os técnicos, o que não foi atendido pelo governo.
“Tanto o percentual salarial quanto a recomposição orçamentária ainda não se deu da maneira como a gente queria. Mesmo assim, a categoria fez um balanço da greve, que já se arrasta por mais de dois meses e decidiu aceitar essa proposta”, disse Marcos Podestá, diretor-financeiro do Sinasefe-Ifes, sinalizando que há expectativa para retorno das atividades no início da próxima semana.
A decisão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) de continuar em greve foi na contramão da decisão do Comando Nacional de Greve (CNG) de acabar com a paralisação. Mas não contrariou o CNG, como dito na versão anterior desta reportagem.
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